ESTILOS PARENTAIS E FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES COM PROBLEMAS EMOCIONAIS E/OU DE COMPORTAMENTO

Abstract

Background: Emotional and behavioral problems represent additional challenges for parenting. "Parenting styles" refer to the attitudes and behaviors of parents in their interactions with their children, generating the emotional climate in which interactions between the two take place. It is a central concept because of the impact it has on the psychological well-being of both parents and children. Executive functions in children with emotional and behavioral problems seem to be compromised when compared to children without these challenges. Objective: To characterize the pre-school population treated at a child psychiatry service in terms of parenting styles and children's executive functions. Method: The study involved 25 children followed-up at the CHUC child psychiatry service for emotional and behavioral problems (clinical sample), aged between three and six, and their parents, who answered a protocol consisting of a sociodemographic questionnaire and the Portuguese versions of the Questionnaire of Parenting Dimensions and Styles (QDEP) and the Behavior Rating Inventory of Executive Function - preschool version (BRIEF-P). A clinical questionnaire was also completed by a professional from the service. For this study, we also used two comparison samples, one for the QDEP (N = 25) and the other for the BRIEF-P (N = 25). Results: The authoritative parenting style proved to be predominant in the clinical sample and there were no differences between this and the comparison sample. Parents in the clinical sample with more than one child adopted a more authoritarian style, as did parents whose children had comorbidities or who belonged to low socio-economic families (although in the latter two cases the differences were only at the threshold of statistical significance). The type of problem that motivated the consultation (externalizing/internalizing) and the parents' perception of the influence that their child's condition has on the way they deal with him or her did not show an impact on parenting style in the clinical sample. The results show that performance on the BRIEF-P differs between the two samples regarding executive functions, indicating more difficulties at this level in the children of the clinical sample. Children with comorbidities had more difficulties in executive functions, but there were no differences according to the type of problem. Parents' use of an authoritarian parenting style proved to be greater the greater the difficulties in executive functions. Discussion and conclusions: This exploratory study has helped to characterize the parenting styles of children with emotional and behavioural problems and how child and family variables may impact on these styles. In this context, this study could be useful in guiding interventions with these families to promote their greater well-being. It also represents a contribution to the validation of the BRIEF-P scale for the Portuguese population.

Enquadramento: Os problemas emocionais e de comportamento representam desafios acrescidos para a parentalidade. Os “estilos parentais” dizem respeito às atitudes e comportamentos dos pais nas suas interações com os filhos, gerando o clima emocional em que as interações entre ambos acontecem. Trata-se de um conceito central, pelo impacto que tem sobre o bem-estar psicológico, tanto dos pais, como das crianças. As funções executivas em crianças com problemas emocionais e de comportamento, quando comparadas a crianças sem estes desafios, parecem estar comprometidas. Objetivo: Caracterizar a população pré-escolar atendida num serviço de Pedopsiquiatria relativamente aos estilos parentais e às funções executivas das crianças. Método: Participaram no estudo 25 crianças atendidas no serviço de Pedopsiquiatria do CHUC por problemas emocionais e de comportamento (amostra clínica), com idades entre os três e os seis anos, e os seus pais, que responderam a um protocolo constituído por um questionário sociodemográfico, e pelas versões portuguesas do Questionário de Dimensões e Estilos Parentais (QDEP) e do Inventário de Funções Executivas - Behavior Rating Inventory of Executive Function versão pré-escolar (BRIEF-P). Foi também preenchido um questionário clínico por um profissional do serviço. Para este estudo recorremos, ainda, a duas amostras de comparação, uma para o QDEP (N = 25) e outra para o BRIEF-P (N = 25). Resultados: O estilo parental autoritativo revelou-se predominante na amostra clínica e não se verificaram diferenças entre esta e a amostra de comparação. Os pais da amostra clínica com mais do que um filho adotam um estilo mais autoritário, o mesmo acontecendo com pais cujos filhos apresentam comorbilidades ou pertencentes a famílias de nível socioeconómico baixo (embora nestes dois últimos casos as diferenças se situem somente no limiar da significância estatística). O tipo de problemática que motivou a consulta (externalizante/internalizante) e a perceção dos pais quanto à influência que a condição do filho/a tem na forma como lidam com ele/a não revelou ter impacto sobre o estilo parental, na amostra clínica. Os resultados evidenciam que o desempenho no BRIEF-P difere entre as duas amostras no que diz respeito às funções executivas, indicando mais dificuldades a este nível nas crianças da amostra clínica. As crianças que têm comorbilidades apresentam mais dificuldades ao nível das funções executivas, mas não existem diferenças em função do tipo de problemática. O recurso dos pais ao estilo parental autoritário revelou-se tanto maior quanto maiores as dificuldades ao nível das funções executivas. Discussão e conclusões: Este estudo exploratório contribuiu para caracterizar os estilos parentais de crianças com problemas emocionais e de comportamento e o modo como as variáveis da criança e da família poderão ter impacto nesses estilos. Neste contexto, este estudo poderá ser útil para a orientação de intervenções com estas famílias, no sentido de promover o seu maior bem-estar. Representa, igualmente, um contributo para a validação da escala BRIEF-P para a população portuguesa.