PERSONALIDADE E MENTIRA: A DETEÇÃO DA MENTIRA EM POPULAÇÕES PRESIDIÁRIAS, POLICIAIS E DA COMUNIDADE GERAL

Abstract

A mentira reporta-se a um comportamento ou atitude há muito tempo observada e debatida, podendo ser identificada através de manifestações voluntárias. Apesar de, em muitas ocasiões, a mentira ser notoriamente difícil de detetar e poder implicar consequências mais ou menos graves para o agente, parece que algumas pessoas são melhores a realizar essa tarefa do que outras, mesmo que os fatores que contribuem para a precisão da deteção da mentira não sejam bem compreendidos. Ainda que não existam evidências capazes de o corroborar claramente, um corpo crescente de pesquisas destaca o papel da constelação de personalidade designada “Tríade Negra” na deteção do engano, devido ao seu frequente envolvimento em comportamentos dessa natureza. A presente investigação insere-se neste âmbito e pretende contribuir para uma melhor compreensão dos comportamentos de mentira. Com o objetivo de avaliar a capacidade de diferentes personalidades para detetar a mentira e os processos de deteção que utilizam, procedeu-se à análise e comparação dos desempenhos de 50 sujeitos do sexo masculino, examinados em contexto prisional e social. Os resultados revelam que a população policial apresenta valores médios ligeiramente superiores à população presidiária no reconhecimento do engano. Comparativamente com a comunidade geral, a taxa de precisão difere significativamente. No que diz respeito ao efeito da personalidade na deteção da mentira, apenas foram encontradas evidências do papel preditor dos traços psicopáticos. Atendendo ao número reduzido da amostra analisada, importa no futuro dar continuidade aos estudos neste domínio, incluindo avaliações dos sujeitos com outros instrumentos, bem como informações paralelas junto de fontes externas, de modo a assegurar uma maior validade na interpretação dos dados.

Lying refers to a behavior or attitude that has long been observed and debated, being identified through voluntary manifestations. Despite the fact that lying is frequently and notoriously difficult to identify and can have more or less serious repercussions for the offender, it appears that some people are better at this task than others, even if the factors that contribute to the accuracy of lie detection are not well understood. Although a paucity of supporting evidence, a rising corpus of research emphasizes the "Dark Triad" personality constellation's importance in spotting dishonesty due to its frequent engagement in such actions. This study is part of the framework and seeks to improve understanding of lying behaviors. We investigated and compared the performance of 50 male individuals who were tested in social and prison contexts with the goal of evaluating the capacity of various personalities to detect falsehoods and the detection methods they employ. The results revealed that the police population has slightly higher average values than the prison population when it comes to recognizing deception. Compared to the general community, the accuracy rate differs significantly. With regard to the effect of personality on lie detection, only evidence of the predictive role of psychopathic traits was found. Future research in this area should be carried out in order to assure better validity in the interpretation of the data. This includes evaluating the individuals using additional instruments and parallel information from other sources.