Divus contra Galton: o debate eugênico a partir da produção intelectual católica brasileira na década de 1930

Abstract

A eugenia, que prometia melhorar a humanidade por meio de reprodução seletiva e racional, foi amplamente aceita e debatida entre 1890 e meados do século XX, adotando diversas abordagens. No Brasil, os pressupostos eugênicos frequentemente se chocavam com o catolicismo, mas nem sempre eram mutuamente exclusivos. Alguns eugenistas, que se identificavam como católicos, defendiam medidas alinhadas à “eugenia preventiva”. No entanto, questões como esterilização, divórcio, aborto e restrições à natalidade eram consideradas inaceitáveis pelos religiosos. Este artigo analisa o discurso de uma parte da elite intelectual católica laica brasileira na década de 1930, com ênfase na eugenia. Utilizamos fontes bibliográficas e documentais, especialmente o livro “Ensaios de Biologia” de 1933. A análise dos conteúdos baseou-se na hermenêutica controlada e na triangulação de dados entre as fontes selecionadas.

Eugenics, which promised to improve humanity through selective and rational breeding, was widely accepted and debated between 1890 and the mid-20th century, adopting various approaches. In Brazil, eugenic assumptions often clashed with Catholicism, but were not always mutually exclusive. Some eugenicists, who identified as Catholic, defended measures aligned with “preventive eugenics.” However, issues such as sterilization, divorce, abortion, and birth control were considered unacceptable by religious people. This article analyzes the discourse of part of the Brazilian Catholic lay intellectual elite in the 1930s, with an emphasis on eugenics. We used bibliographic and documentary sources, especially the book “Ensaios de Biologia” (1933). The content analysis was based on controlled hermeneutics and triangulation of data between the selected sources.