O papel da discriminação e da identidade positiva na saúde mental de minorias sexuais e de género

Abstract

As minorias sexuais e de género têm vindo a ser foco de cada vez mais investigações. Porém, é fundamental continuar a aprofundar o conhecimento sobre a discriminação em razão da orientação sexual e da identidade de género, bem como sobre eventuais fatores protetores da saúde mental de pessoas pertencentes a minorias sexuais e de género. A presente investigação pretende averiguar o papel da discriminação e da identidade positiva na saúde mental (sintomatologia psicológica) de pessoas LGBTQ+. Uma amostra de 142 indivíduos LGBTQ+, com uma média de idades de 32.11 anos, preencheram um protocolo de investigação online. Neste estudo foi utilizada a Escala de Ansiedade, Depressão e Stresse (EADS); o instrumento Lesbian, Gay and Bisexual Positive Identity (LGB-PIM) e o instrumento Measure of Gay-Related Stress (MOGS). Observou-se uma correlação positiva moderada entre a discriminação e a sintomatologia psicológica; no que diz respeito à identidade positiva, verificaram-se correlações negativas entre a sintomatologia psicológica e a autenticidade (correlação moderada) e a comunidade (correlação fraca). Um nível socioeconómico mais baixo, níveis mais elevados de discriminação, e níveis mais baixos de autenticidade foram preditores de níveis mais elevados de sintomatologia psicológica. Além disso, a autenticidade não teve um papel moderador na relação entre a discriminação e a saúde mental. Tal como esperado, quer o nível socioeconómico quer a discriminação estão associados a uma saúde mental mais débil de pessoas LGBTQ+. Ademais, ter uma identidade positiva, sendo-se mais autêntico, parece ser promotor da saúde mental destas pessoas. Relativamente a implicações para a prática clínica, é de realçar que o presente estudo aponta para a importância de intervenção psicológica que promova o desenvolvimento de uma perceção e de sentimentos positivos e de aceitação para com a identidade sexual.

Sexual and gender minorities have increasingly become the focus of scientific research. However, it is essential to continue to deepen knowledge about discrimination based on sexual orientation and gender identity, as well as possible protective factors for the mental health of sexual and gender minorities. This research aims to investigate the role of discrimination and positive identity in the mental health (psychological symptoms) of LGBTQ+ people. A sample of 142 LGBTQ+ individuals, with an average age of 32.11 years, completed an online research protocol. This study used the Anxiety, Depression and Stress Scale (DASS-21), the Lesbian, Gay and Bisexual Positive Identity (LGB-PIM) instrument and the Measure of Gay-Related Stress (MOGS) instrument. There was a moderate positive correlation between discrimination and psychological symptomatology; about positive identity, there were negative correlations between psychological symptomatology and authenticity (moderate correlation) and community (weak correlation). Lower socioeconomic status, higher levels of discrimination and lower levels of authenticity were predictors of higher levels of psychological symptomatology. Moreover, authenticity did not play a moderating role in the relationship between discrimination and mental health. As expected, both socioeconomic status and discrimination are associated with the poorer mental health of LGBTQ+ people. In addition, having a positive identity and being more authentic seems to promote the mental health of these people. Regarding implications for clinical practice, it is noteworthy that the present study points to the importance of psychological intervention that promotes the development of perception and positive feelings and acceptance towards sexual identity.