"Faço depois": O papel mediador do evitamento experiencial e do pensamento perseverante na relação entre a procrastinação e os sintomas psicopatológicos

Abstract

A procrastinação tem-se revelado um fenómeno prevalente, sendo associada a menor bem-estar, qualidade de vida, bem como a níveis mais elevados de psicopatologia. A evidência empírica salienta, ainda, a importância do evitamento experiencial e do pensamento perseverante na procrastinação, bem como a sua associação a maior sintomatologia psicopatológica. O presente estudo teve como objetivo analisar se a associação entre a procrastinação e os sintomas psicopatológicos era mediada pelo evitamento experiencial e pelo pensamento perseverante. A amostra foi composta por 802 participantes da população geral (70% do género feminino), com uma idade média 30.83 anos. Os participantes preencheram um inquérito online que incluía questionários de autorresposta que avaliavam a procrastinação (Escala de Procrastinação Pura), a sintomatologia psicopatológica (Escala de Ansiedade, Depressão e Stresse), o evitamento experiencial (Questionário de Aceitação e Ação–II) e o pensamento perseverante (Questionário doPensamento Perseverativo). Os resultados revelaram a existência de correlações positivas entre a procrastinação, o evitamento experiencial, o pensamento perseverante e os sintomas psicopatológicos. Os resultados apontaram também correlações positivas entre maiores níveis de evitamento experiencial e pensamento perseverante e níveis mais elevados de depressão, ansiedade e stresse. No que respeita aos modelos de mediação, observou-se que o evitamento experiencial e o pensamento perseverante mediaram a associação entre a procrastinação e os sintomas psicopatológicos. Os resultados do presente estudo sugerem que o desenvolvimento de estratégias de regulação adaptativas poderão promover a diminuição dos sintomas psicopatológicos pelo envolvimento e consequência do comportamento procrastinatório. Posto isto, os resultados apontam para a inclusão de intervenções focadas na regulação emocional.

Procrastination has proven to be a prevalent phenomenon, being associated with lower well-being and quality of life, as well as with higher levels of psychopathology. Empirical evidence also highlights the importance of experiential avoidance and perseverative thinking in procrastination, in addition to its association with higher psychopathological symptoms. The present study aimed to examine the mediating role of experiential avoidance and perseverative thinking in the association between procrastination and psychopathological symptoms. The sample consisted of 802 participants from the general population (70% female), with a mean age of 30.83 years. Participants completed an online survey that included self-reported measures assessing procrastination (Pure Procrastination Scale), psychopathological symptomatology (Depression, Anxiety and Stress Scale), experiential avoidance (Acceptance and Action Questionnaire-II) and perseverative thinking (Perseverative Thinking Questionnaire). The results revealed the existence of positive correlations between procrastination, experiential avoidance, perseverative thinking and psychopathological symptoms. The results also pointed out positive correlations between higher levels of experiential avoidance and perseverative thinking and higher levels of depression, anxiety and stress. Regarding mediation models, experiential avoidance and perseverative thinking were found to mediate the association between procrastination and psychopathological symptoms. The results of the present study suggest that the development of adaptive regulation strategies may promote the reduction of psychopathological symptoms by the engagement and consequence of procrastinatory behaviour. Therefore, the results point to the inclusion of interventions focused on emotional regulation.