Histoquímica e Imunohistoquímica: Aplicabilidade no Contexto Forense

Abstract

Na Medicina Legal os objetivos a cumprir na área da Anatomia Patológica são bastante diferentes do contexto hospitalar, e devem focar-se sobretudo na determinação da causa de morte, ao invés de terem uma aplicação relacionada ao diagnóstico, prognóstico e decisão terapêutica. Para tal, adicionalmente à coloração histológica de rotina (Hematoxilina e Eosina), podem ser usadas técnicas complementares, como a Histoquímica e a Imunohistoquímica, cuja realização deve ser ponderada em contexto médico-legal. O intuito deste trabalho é partir de casos nos quais tenham sido feitos pedidos de técnicas complementares e avaliar a sua contribuição para a determinação da causa da morte. Pretende-se, deste modo, compreender a aplicabilidade das técnicas histoquímicas e imunohistoquímicas em diferentes contextos, nomeadamente comparando a sua utilidade em causas de morte naturais versus causas de morte violentas, de forma a promover uma maior rentabilização de recursos no futuro, evitando a realização de técnicas que não irão ter um contributo significativo para os objetivos de um relatório médico-legal, evitando gastos desnecessários e atrasos na conclusão dos respetivos processos. Demonstrou-se que, tanto as técnicas Histoquímicas como as Imunohistoquímicas, têm uma maior contribuição para a determinação da causa de morte em situações de mortes naturais, do que violentas, sendo que o seu principal propósito foi o de confirmar e clarificar alterações já observadas por Hematoxilina e Eosina.Observou-se um grande número de técnicas realizadas sem contributo direto para o estabelecimento da causa de morte, o que pode ser justificado pela falta de diretrizes adaptadas ao contexto forense. De forma a reduzir este número e permitir uma gestão mais eficaz de tempo e recursos, deveriam ser criadas guidelines específicas para Anatomia Patológica Forense, com o intuito de clarificar quais os protocolos mais úteis e quais as principais situações em que devem, ou não, ser realizados aquelas técnicas.

From a Legal Medicine standpoint, the purposes of histological examination are quite different from the ones related to clinical practice. Although in the hospital field the histological analysis provides prognostic and therapeutic options, in forensics the main goal of this analysis is to establish cause of death. Therefore, in addition to the Hematoxylin & Eosin stain used routinely in histological observation, ancillary techniques such as Histochemistry and Immunochemistry adapted to the forensic context can be performed.The purpose of this study was to evaluate the usefulness of the ancillary techniques performed at the Center Branch of the National Institute of Legal Medicine and Forensic Sciences in the cause of death determination. To do so, we evaluated the contribution of Histochemical and Immunohistochemical techniques in different contexts, and compared their usefulness in natural vs. violent deaths, in order to promote better resource’s management in the future, avoiding procedures that won’t be significant to the final conclusions of the medico-legal report.The additional information provided by both Histochemical and Immunohistochemical stains was higher in natural causes of death when compared to violent causes of death. The main purpose of these techniques was to confirm and clarify the alterations already assessed by Hematoxylin & Eosin, instead of finding these alterations.A significant number of techniques performed did not provide any information that could be directly related to the cause of death. The inexistence of guidelines specific for legal medicine could be the main source of this issue. Therefore, the creation of histological guidelines adapted to the forensic field can be an important step in reducing the number of techniques requested, allowing for a better time and resources management. These guidelines should clarify which techniques are more useful as well as the main situations in which they should or should not be performed.