O vegetarianismo nos serviços alimentares das instituições públicas: fundamentos históricos, características e consequências: um estudo do impacto da lei 11/2017

Abstract

O nosso trabalho destinou-se, em primeiro lugar, a apresentar a “novidade” vegetariana como algo profundamente enraizado na história, na ciência médica, na etnologia e na vivência dos povos, na filosofia e na ética. E que deixou traços na reflexão intelectual e nos discursos éticos e religiosos produzidos nos milénios que já leva a História da humanidade. Seguimos uma linha temporal que tem como ponto de partida a Antiguidade Grega, com Pitágoras e como ponto de chegada o discurso filosófico-ético de Peter Singer, que referimos apenas como exemplo de alguém que, hoje, defende os múltiplos benefícios da opção vegetariana. Em segundo lugar, estudamos as características reais das opções vegetarianas proporcionadas no Portugal contemporâneo, com privilégio para a alimentação no contexto de comunidades institucionais, sem deixar, contudo, de referir a expressão prévia do fenómeno na alimentação familiar e/ou em contexto de intimidade ou privada. Por um lado, recorremos a estudiosos e trabalhos que avaliaram as consequências nutricionais para a saúde e modos de vida, concebidos como um todo conducente ao bem-estar. Por outro lado, este trabalho dependeu da realização de inquéritos e de estudos in situ. Em terceiro lugar, focamo-nos em analisar as condições reais de viabilidade da aplicação da moldura legal promotora da integração da opção vegetariana nas instituições públicas, ao nível da organização das instituições, dos recursos materiais, dos recursos humanos, e dos custos. Portanto, procuramos observar, apoiados num conhecimento teórico da fundamentação múltipla para o vegetarianismo, as circunstâncias e as condições da adoção deste regime alimentar progressivamente mais popular, mas, e disso temos consciência, sem que essa popularidade ou “moda” se tenha feito acompanhar dos devidos cuidados decorrentes da modificação sistemática do padrão alimentar.

Our intended work, in the first place, presents a vegetarian “novelty” as deeply rooted in history, medical science, ethnology and people’s experience, philosophy and ethics. That left traces in the intellectual reflection and the ethical and religious discourses identified in the millennia that already takes the History of humanity. We follow a timeline that takes as its starting point the Ancient Greece, with Pythagoras, and Peter Singer's philosophical-ethical discourse as its point of arrival, which is just an example of someone who today advocates the benefits of the vegetarian option. Secondly, we study the real characteristics of vegetarian options offered in contemporary Portugal, with privilege for food in the context of institutional communities, but also mentioning the previous expression of the phenomenon in family food and / or in the context of intimacy or privacy. On the one hand, we draw on scholars and studies that have evaluated the nutritional consequences for health and lifestyles, conceived as a whole leading to well-being. On the other hand, this work depended on surveys and in situ studies. Thirdly, we focus on analyzing the real conditions of viability of applying the legal framework that promotes the integration of the vegetarian option in public institutions, in terms of the organization of the institutions, material resources, human resources, and costs. Therefore, we intend to observe, supported by a theoretical knowledge of the multiple rationale for vegetarianism, the circumstances and conditions of the adoption of this progressively more popular diet, but we must be aware that this popularity or “trend” is not always accompanied by the due care, as a result of the systematic modification of the eating pattern.