Absenteísmo Laboral: Impacto Económico e Fatores Preditores das Ausências por Motivos de Saúde

Abstract

O absenteísmo laboral é reconhecido como um importante fator de perda de produtividade, quer ao nível das economias, quer ao nível das organizações. Para as empresas, episódios constantes de absenteísmo representam acréscimo de custos, queda no lucro, aumento nos tempos de entrega e menores níveis de satisfação e bem-estar. De entre as várias causas do absenteísmo laboral, assume particular relevo a ausência ao trabalho por motivos de saúde. Deste modo, torna-se pertinente analisar as suas causas de modo a informar políticas que pretendam mitigar este fenómeno. Neste contexto, o objetivo central deste estudo é conhecer e analisar os principais fatores preditores das ausências ao trabalho por motivos de saúde. Os dados utilizados provêm do Inquérito Nacional de Saúde 2019 (INS 2019), sendo a amostra final do nosso estudo constituída por 5.791 observações. Para identificar os fatores de risco do absenteísmo laboral recorremos à regressão logística múltipla. Os resultados obtidos revelam que 27% dos indivíduos incluídos na amostra em estudo faltaram ao trabalho pelo menos um dia nos 12 meses anteriores ao inquérito. Os resultados evidenciam, também, que o sexo feminino, a existência de um problema de saúde prolongado, sofrer de depressão, de multimorbilidade, bem como apresentar limitações fortes na realização de atividades diárias são fatores que conduzem a chances mais elevadas de ocorrência de absenteísmo. Em sentido contrário, residir na região da Madeira ou dos Açores, apresentar um estado de saúde autoavaliado como bom ou muito bom e trabalhar nas áreas da agricultura, das artes, do comércio e do imobiliário está negativamente associado com o absenteísmo. Para alguns outros fatores estudados como rendimento, educação, estado civil, idade, IMC (Índice de Massa Corporal), consumo de álcool e tabaco, não se obteve evidência de uma associação estatisticamente significativa entre estas características dos indivíduos e o absenteísmo por motivos de saúde. Estes resultados poderão ser integrados em estratégias de combate ao absenteísmo laboral, sejam elas desenhadas ao nível de toda a economia nacional ou ao nível das organizações.

Absenteeism is recognised as an important factor in productivity loss, both at the level of economies and at the level of organisations. For companies, constant episodes of absenteeism represent increased costs, a drop in profit, an increase in delivery times and lower levels of satisfaction and well-being. Among the various causes of absenteeism, absence from work for health reasons is particularly important. It is therefore appropriate to analyse their causes in order to inform policies that wish to mitigate this phenomenon. In this context, the central objective of this study is to know and analyze the main predictors of absences from work for health reasons. The data used come from the National Health Survey 2019, and the final sample of our study consists of 5.791 observations. To identify the risk factors of absenteeism, multiple logistic regression was used. The results obtained show that 27% of the subjects included in the study sample missed work at least one day in the 12 months prior to the survey. The results also show that the female sex, the existence of a prolonged health problem, suffers from depression, multimorbidity, as well as presenting strong limitations in performing daily activities are factors that lead to higher chances of absenteeism. On the contrary, reside in the region of Madeira or the Azores, presenting a self-rated state of health as good or very good and working in the areas of agriculture, the arts, trade and real estate is negatively associated with absenteeism. For some other factors studied such as income, education, marital status, age, IMC, alcohol and tobacco consumption, there was no evidence of a statistically significant association between these characteristics of individuals and absenteeism for health reasons. These results could be integrated into strategies to combat labour absenteeism, whether they are designed at the level of the entire national economy or at the level of organisations.