Estudantes da Universidade de Coimbra e o Feminismo. As Representações dos/as Estudantes da Universidade de Coimbra acerca do Feminismo.

Abstract

A presente dissertação tem como objetivo fulcral conhecer as representações dos/as estudantes da Universidade de Coimbra acerca do feminismo. O movimento feminista é, ainda hoje, alvo de perceções erradas e ignorância, traduzindo-se numa multiplicidade de significados desde o seu início como movimento organizado, no século XIX, até hoje. É sabido que as gerações mais novas apresentam significados mais flexíveis acerca da igualdade de género e uma maior abertura para discutir as questões inerentes, mas, apesar disto, não se nota um entendimento homogéneo do feminismo como movimento que luta pela igualdade de género, em nenhum grupo geracional.Este estudo pretende contribuir para um maior entendimento deste fenómeno, nomeadamente através das representações de uma população mais jovem e, supostamente, mais formada, por se encontrar inserida no ensino superior. Procurou-se conhecer a consciência acerca das desigualdades de género e os significados que estes/as estudantes dão ao movimento feminista, assim como perceber se os/as estudantes se identificam como feministas, se a adoção do título se traduz numa consciência feminista consolidada, assim como se tentou conhecer as razões daqueles/as que não se identificam como feministas e se este fenómeno se traduz numa maior ignorância acerca das questões e reivindicações feministas.Esta dissertação é de natureza qualitativa, pelo que se baseia na análise de informações de entrevistas semiestruturadas. Esta análise permitiu-nos identificar uma consciência feminista geral nos/as estudantes da Universidade de Coimbra, independentemente do género, apesar de se reconhecer uma disparidade entre aqueles/as que se assumem feministas e os/as que não se identificam como feministas, sendo que estudantes do género feminino se sentem mais à vontade para tal, enquanto que os do género masculino apresentam diversas reservas e dúvidas para fazê-lo. Ao mesmo tempo foi possível perceber-se que a Universidade de Coimbra não reproduz nem cria ideais feministas com a frequência desejada pelos/as estudantes, seja através de aulas ou de outras iniciativas.Esta investigação incita-nos a (re)pensar as questões de género, assumindo as desigualdades e violências machistas perpetradas em várias esferas da vida em sociedade, abrindo as portas para o combate das desigualdades de género e a luta por um futuro mais igualitário, independentemente do género.

The fundamental purpose of this master’s dissertation is to get to know the representations of the University of Coimbra’s students concerning feminism. The feminist movement is, still today, object of wrong perceptions and ignorance, resulting in a multiplicity of meanings since its beginning as an organized movement, in the 19th century, until today. It is known that the younger generations display more flexible meanings about gender equality and a greater openness to discuss gender issues but, besides that, it’s not visible an uniform understanding about feminism as the movement that fights for gender equality, in any generational group.This study seeks to contribute to a better understanding of this phenomenon, mainly through the representations of a younger generation and, supposedly, a more educated one, since we’re talking about university students. We tried to understand if there’s a shared consciousness about gender inequalities, the meanings these students give to feminism as well as tried to understand if they identify as feminists and if this “labelling” is connected to a consolidated feminist consciousness. We also tried to understand the arguments behind those who don’t identify as feminists and if this phenomenon results from the ignorance about feminist issues and vindications.This dissertation is of qualitative nature, wherefore it is based on information analysis of semi-structured interviews. This type of analysis allowed us to identify a general feminist consciousness in the University of Coimbra’s students regardless of their gender, even though it is possible to identify a discrepancy between those who identify as feminists and those who don’t, where students who identify with the feminine gender are more comfortable doing it than those who identify with the masculine gender. At the same time, it was possible to understand that the University of Coimbra doesn’t reproduce, nor does it create, feminist ideas as is desired by students, that being in the classroom or other initiatives such as workshops, on-line forums, lectures, digital activism, others.This investigation urges us to (re)think gender issues, assuming the inequalities and misogynistic violence perpetrated in various spheres of life in society, opening doors to the fight against gender inequalities and a more egalitarian future, regardless of the gender.