A Resiliência do Património. Um Centro Criativo no Mosteiro de Santa Maria de Seiça.

Abstract

Olhar, refletir e intervir sobre o património arquitetónico apresenta-se tanto uma oportunidade como um desafio. É neste sentido que nos foi lançada a provocação sob o tema de Seminário “Mosteiro de Santa Maria de Seiça: Reconfiguração de uma ruína?”, que dita o mote para repensar o património religioso português, cujo objeto de análise se materializa no edifício patrimonial do Mosteiro de Santa Maria de Seiça. Localizado no concelho da Figueira da Foz, freguesia do Paião, o edificado encontra-se envolvido por uma imponente paisagem natural, que nos leva desde logo a questionar o porquê da sua implantação naquele preciso lugar, ao que a análise da história do monumento nos permite responder. Outrora um mosteiro cisterciense, que se mostrou grande impulsionador do desenvolvimento da região a nível social, económico, agronómico e religioso, o objeto datado do século XII viu-se habitado pelos monges brancos até ao ano de 1834. Deixado ao abandono, no século XX viu-se apropriado pelo programa fabril de descasque de arroz, cujo término decorreu no ano de 1976, a partir do qual se encontra em estado devoluto. Detentor de uma marcante presença na paisagem é, contudo, o seu estado de degradação que assinala a passagem do tempo, consequência de vários anos de abandono e de intervenções desajustadas e descaracterizadoras que conduziram o monumento à sua atual condição de ruína, apelando por uma urgente intervenção. É neste sentido que, sob o título “A Resiliência do Património”, a presente dissertação de mestrado procura responder ao apelo do monumento, através da elaboração de uma estratégia de intervenção adequada sobre o património. Tendo presente a sua compatibilidade com os princípios da reabilitação e valorização do património histórico e arquitetónico, propõe-se a integração de um Centro Criativo nas ruínas do Mosteiro de Santa Maria da Seiça, na perspetiva de lhe devolver a sustentabilidade sociocultural e económica da qual outrora dispôs, evidenciando a resiliência do monumento no seu sentido físico e figurado. Resiliência esta que deve ser intrínseca à própria Arquitetura.

To look at, reflect and intervene on architectural heritage presents both an opportunity and a challenge. It is in this sense that we were launched the provocation under the Seminar theme “Mosteiro de Santa Maria de Seiça: Reconfiguração de uma ruína?”, which sets the tone for rethinking the portuguese religious heritage, whose object of analysis is materialized in the heritage building of the Monastery of Santa Maria de Seiça. Located in the municipality of Figueira da Foz, in the parish of Paião, the building is surrounded by an imposing natural landscape, which immediately leads us to question why it was established in that precise place, and the analysis of the history of the monument allows us to answer. Once a Cistercian monastery, that proved to be a major driver of the region’s development at the social, economic, agronomic and religious levels, the object dated from the 12th century was inhabited by white monks until the year 1834. Left abandoned, in the twentieth century it was appropriated by the rice husking factory program, which ended in 1976, and since then it has been in a state of disrepair. Detaining a remarkable presence in the landscape, it is, however, its state of degradation that signals the passage of time, the consequence of several years of abandonment and inappropriate and uncharacteristic interventions that led the monument to its current ruined condition, calling for urgent intervention. It is in this sense that, under the title “The Resilience of Heritage”, this master’s thesis seeks to respond to the appeal of the monument, through the development of an appropriate strategy for intervention on the heritage. Bearing in mind its compatibility with the principles of rehabilitation and enhancement of historical and architectural heritage, it is proposed the integration of a Creative Center in the ruins of the Monastery of Santa Maria da Seiça, in order to return the socio-cultural and economic sustainability that once existed, highlighting the resilience of the monument in its physical and figurative sense. The resilience that should be intrinsic to Architecture itself.