As competências de comunicação dos profissionais de saúde em Portugal com o doente de cuidados paliativos e a sua família: fatores de influência percebidos e propostas de melhoria

Abstract

A comunicação faz parte integrante da vida de todas as pessoas, incluindo nesta todo o ambiente social, sendo impossível dissociá-la dos seus diferentes aspetos (Sequeira, 2016).Para as profissões da área da saúde, que pressupõem relações interpessoais e que implicam uma interação constante com utentes e família, cuidadores e restante equipa, a comunicação é essencial, o que justifica este estudo.Este trabalho tem como objetivo principal a identificação de competências comunicacionais autopercebidas pelos profissionais de saúde através da aplicação da escala Health Professionals Communication Skills Scale (HP - CSS) (Leal-Costa, et al., 2016), assim como identificar fatores que influenciam as competências comunicacionais dos Médicos Assistentes ou Internos de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar em Portugal. Metodologicamente, o trabalho consiste em duas partes: a primeira reporta-se à revisão teórica sobre a importância da comunicação como ferramenta essencial na atividade clínica, e a segunda é um estudo de investigação de natureza observacional, transversal e exploratório/descritivo, com a aplicação de um questionário a uma amostra de profissionais de saúde, maioritariamente dos cuidados de saúde primários. O questionário apresenta quatro dimensões (dados sociodemográficos, identificação de competências comunicacionais autopercebidas pelos profissionais de saúde através da aplicação da escala HP-CSS (Leal-Costa, et al., 2016), avaliação do burnout através do Maslach Burnout Inventory (MBI-HSS; Maslach & Jackson, 1981; VP: Semedo, 2009) e identificação de fatores que o médico perceciona como influenciadores dos encontros comunicacionais com o doente com doença grave/terminal, e sua família.Através da aplicação da versão portuguesa da Health Professionals Communication Skills Scale (HP-CSS) (Leal-Costa, et al., 2016) procurar-se-á aumentar os dados acerca deste instrumento de avaliação, podendo constituir uma mais-valia em investigações posteriores, principalmente em programas formativos pós-graduados sobre competências comunicacionais. A identificação de dificuldades de comunicação nos profissionais de saúde é fundamental para a definição de estratégias de investigação e de melhoria inerentes ao processo comunicativo dos cuidados de saúde primários em Portugal.Após a aplicação das fases de estudo e de colheita de dados, é esperado que a discussão dos resultados obtidos possa aferir, com base nas dificuldades identificadas, propostas deformação para o desenvolvimento de competências comunicacionais dos médicos de família em Portugal.Os resultados obtidos revelam que a maioria dos profissionais de saúde de cuidados primários não considera suficiente a sua formação e identificam vários fatores que influenciam essa problemática, tais como o excesso de trabalho e a falta de tempo em consulta o que dificulta o desenvolvimento de competências de comunicação em saúde.Como conclusão deve ser sublinhada a lacuna formativa teórica e prática dos profissionais de saúde na área da comunicação clínica que dificulta a comunicação eficaz e interfere negativamente na relação estabelecida com o utente. O investimento na educação, treino e desenvolvimento de competências dos profissionais é essencial para uma melhoria da prestação de cuidados de saúde.

Communication is an integral part of everyone's life, including the entire social environment, and it is impossible to dissociate it from its different aspects (Sequeira, 2016).For health professionals, whose activities presuppose interpersonal relationships that involve constant interaction with users and family, caregivers and the rest of the clinical and non-clinical team, communication is essential, which justifies this study.This study has as main objective the identification of self-perceived communication skills by health professionals through the application of the Scale of Communication Skills of Health Professionals (HP - CSS) (Leal-Costa, et al., 2016), as well as identifying factors that impact on those skills in Portugal. Methodologically, the work consists of two parts: the first refers to the theoretical review on the importance of communication as an essential tool in clinical activity, and the second part is an observational, transversal, and exploratory study of a a sample of health professionals, mostly from primary health care, who answered a protocol with four instruments: sociodemographic data, identification of communication skills self-perceived by health professionals through the application of the HP-CSS scale(Leal-Costa, et al., 2016), assessment of burnout through Maslach Burnout Inventory (MBI-HSS; Maslach & Jackson, 1981; VP: Semedo, 2009) and identification of factors of the verbal relationship, preparation of the appointment, post-verbal conclusion to the appointment which the professional perceives as influencing the quality of communicational encounters.Through the application of the Portuguese version of the HP-CSS, we seek to increase the data about this assessment instrument, which may be an asset in further research, especially in postgraduate training programs on communication competences. The identification of communication difficulties in health professionals is fundamental for the definition of research and improvement strategy inherent to the communication process of primary health care in Portugal.After the application of the study and data collection phases, it is expected that the discussion of the results obtained will assess proposals for improvement, based on the identified difficulties, for the development of communication skills of family physicians in Portugal.The results obtained show that most primary care health professionals do not consider their training to be sufficient and identify several factors that influence this problem, such as overwork and lack of time in consultation, which hinders the development of Communication skills in healthcare.In conclusion, the theoretical and practical training gap of health professionals in the field of clinical communication should be highlighted, which hinders effective communication and negatively interferes with the relationship established with the patient. Investing in the education, training and skills development of professionals is essential for improving healthcare delivery.