Centralidade do Surgimento da COVID-19 e Desenvolvimento de Sintomas Depressivos e Medo na População Geral: O Papel da Conexão Social

Abstract

Introdução. O surgimento da COVID-19 pode ter constituído um acontecimento traumático para a população, incitando o desenvolvimento de depressão e medo e contribuindo para a deterioração dos recursos pessoais. Por conseguinte, a diminuição da conexão social aumenta os níveis de depressão e medo. Objetivos. Este estudo avaliou diferenças na centralidade do acontecimento, na conexão social e nos níveis de sintomas depressiva e medo da COVID-19 entre grupos, assim como analisou as associações entre a centralidade do acontecimento, a conexão social, a sintomatologia depressiva e os níveis de medo e examinou o efeito direto e indireto, via conexão social, da centralidade do acontecimento nos níveis de sintomatologia depressiva e de medo. Método. A amostra foi constituída por 350 indivíduos. O desenho do estudo é transversal com componente retrospetiva, de metodologia quantitativa. A recolha da amostra foi online e os participantes completaram os seguintes instrumentos: a Ficha de Dados Sociodemográficos e de Saúde, a Escala da Centralidade do Acontecimento, a Escala de Medo da COVID-19, a Escala de Proximidade e Ligação aos Outros e a Escala Geral de Gravidade e Comprometimento da Depressão. Resultados. No modelo de mediação, níveis mais altos de centralidade do acontecimento foram associados a menor conexão social e a maiores níveis de depressão e níveis elevados de centralidade do acontecimento foram significativamente associados a maiores níveis de medo, mas a conexão social não se relacionou com os níveis de centralidade do acontecimento e de medo. Conclusões. Demonstrou-se assim que indivíduos com níveis mais elevados de centralidade do surgimento da COVID-19 tendem a experimentar menos conexão social, o que contribui para um aumento dos seus sintomas depressivos pré-existentes. Demonstrou-se também que indivíduos com níveis elevados de centralidade do surgimento da COVID-19 tendem a experienciar níveis de medo. Espera-se que esta investigação possa contribuir para a prevenção de problemas de saúde mental, no presente e no futuro.

Introduction. The emergence of COVID-19 may have constituted a traumatic event for the population, inciting the development of depression and fear and contributing to the deterioration of personal resources. Consequently, decreased social connectness increases levels of depression and fear. Objectives. This study evaluated differences in event centrality, social connectness, and levels of COVID-19 depressive symptoms and fear between groups, as well as analyzing associations between event centrality, social connectness, depressive symptomatology, and fear levels and examined the direct and indirect effect, via social connection, of the centrality of the event on the levels of depressive symptomatology and fear. Methods. The sample consisted of 350 individuals. The study design is cross-sectional with a retrospective component, with a quantitative methodology. The sample was collected online and the participants completed the following instruments: the Sociodemographic and Health questionnaire, the Centrality of Event Scale, The Fear of COVID-19 Scale, The Social Safeness and Pleasure Scale, Proximity and Connection to Others Scale, and Overall Depression Severity and Impairment Scale. Results. In the mediation model, higher levels of event centrality were associated with lower social connectedness and higher levels of depression, and, higher levels of event centrality were significantly associated with higher levels of fear, but social connection was not related to event centrality and fear levels. Conclusions. It has thus been shown that individuals with higher levels of COVID-19 emergence centrality tend to experience less social connection, which contributes to an increase in their pre-existing depressive symptoms. It has also been shown that individuals with high levels of COVID-19 emergence centrality tend to experience levels of fear. It is hoped that this research can contribute to the prevention of mental health problems, now and in the future.