A Demência no idoso

Abstract

Dementia is a disorder characterized by the deterioration of the cognitive function, namely memory, understanding, learning ability, language, behaviour and judgment. This deterioration is not present at birth and does not interfere with the individual's attention or awareness.Although it is a common pathology and can be present in any age group, it is much more characteristic of the elderly.Its prevalence has increased significantly in recent decades, especially from the age of sixty-five onwards, due to the growth in global average life expectancy. However, a decrease in the incidence of this pathology is expected in the coming decades. Several risk factors for dementia have been described in the literature, and it is believed that dementia can be prevented by changing these.Multiple etiologies can cause dementia and the different subtypes of dementia are characterized by a clinical scenario with similar symptoms, differing, however, in their etiology, age and form of presentation, clinical evolution and associated symptoms.Diagnosis must be accurate, early and as personalised as possible. It should be performed in specific groups with congruent symptomatology and not universally. A complete clinical history and an adequate screening instrument are essential to guarantee the patient's best assessment, guidance and care planning. Laboratory and/or imaging tests may also be necessary. After the diagnosis, it is essential to evaluate the patients, guide them and clarify all their doubts. The caregiver must also be informed and supported.The social stigma still associated with dementia is the main factor contributing to late diagnosis, due to the delay in seeking medical care when symptoms appear.Currently, dementia has no cure. However, several approaches can promote and maximise the well-being and function of older adults with dementia. The non-pharmacological approach is the preferred one. However, the use of drugs, such as antipsychotics, antidepressants or anxiolytics may be useful. All approaches must be personalised, always respecting the patient's preferences and wishes.In this review, the reader is provided with the most current information on dementia in the elderly, with the aim of increasing awareness, alerting to it and reducing delays in its diagnosis. The authors highlight the epidemiology, risk factors, prevention, etiology, diagnosis and therapeutic approach.

A demência é um distúrbio que se caracteriza pela deterioração da função cognitiva, nomeadamente da memória, compreensão, capacidade de aprendizagem, linguagem, comportamento e julgamento. Esta deterioração não está presente ao nascimento e não interfere com o estado de atenção ou de alerta do indivíduo. Embora seja uma patologia comum e presente em qualquer faixa etária, é bastante mais frequente no idoso.A prevalência da demência aumentou significativamente nas últimas décadas, especialmente em indivíduos a partir dos sessenta e cinco anos de idade, facto justificado, também, pelo aumento da esperança média de vida global. No entanto, espera-se uma diminuição da incidência desta patologia nas próximas décadas. Vários fatores de risco para a demência têm sido descritos, e acredita-se numa possível prevenção da mesma através da modificação destes. Múltiplas etiologias podem causar demência e os diversos subtipos de demência caracterizam-se por um quadro clínico com sintomas semelhantes, distinguindo-se, no entanto, na sua etiologia, idade e forma de apresentação, evolução clínica e sintomas associados. O diagnóstico deve ser preciso, precoce e o mais personalizado possível. Deve ser realizado em grupos específicos com sintomatologia concordante e não universalmente. Uma história clínica completa e um instrumento de triagem adequado são fundamentais para garantir ao doente a sua melhor avaliação, orientação e planeamento de cuidados. Podem ainda ser necessários exames laboratoriais e/ou de imagem. Após o diagnóstico, é necessário avaliar o doente, orientá-lo e esclarecer todas as suas dúvidas. O cuidador também deve ser esclarecido e acompanhado.O estigma social associado à demência atrasa a procura de cuidados médicos aquando do aparecimento de sintomas, dificultando o diagnóstico precoce.Atualmente, a demência não tem cura. No entanto, várias abordagens podem promover e maximizar o bem-estar e a função dos idosos com demência. A abordagem não-farmacológica apresenta-se como a preferida. Contudo, o recurso a fármacos como antipsicóticos ou antidepressivos pode ser necessário. Todas as abordagens devem ser personalizadas, respeitando, sempre que possível, as preferências e os desejos do doente. Nesta revisão, proporciona-se ao leitor o conhecimento atual da demência no idoso, com o objetivo de consciencializar, alertar e reduzir o atraso no seu diagnóstico. Para tal são revistos os seguintes aspetos desta entidade: epidemiologia, fatores de risco, prevenção, etiologia, diagnóstico e abordagem terapêutica.