Fatores de Risco Psicossocial na Adolescência – A Importância do Médico de Família

Abstract

Introduction: The high prevalence of health risk behaviours is a characteristic of the adolescence. The National Health Programme for Children and Youth predict a minimum of 3 appointments during the adolescence, so that doctors can promote health behaviours and prevent risk factors. Although, the absence of adolescents to these appointments is very low. Therefore, many psychosocial health risk factors are not identified. The aim of this study is to characterize the most prevalent health risk factors in adolescents, as well as identify to which areas they consider their General Practitioner able to inform, advise or help them overcome.Materials and Methods: It is a preliminary observational descriptive study. The sample included 11 adolescents aged between 12 and 17 years old, included, who had appointments in Araceti Family Health Unity and Norton de Matos Family Health Unity, between 18th February and 25th March 2022. The adolescents were invited to fill an original made form, whose answers was voluntary, private and confidential, that allowed to make a demographic characterization of the sample, identify psychosocial risk factors and protective factors, as well as the capacity that they attribute to their General Practitioner in informing, advising and eventually help them in areas related to their psychosocial history.Results: The family environment was identified as the main psychosocial protective factor. In the other hand, the most frequent psychosocial risk factors were anxiety and depression, suicidal ideation, body image and weigh and sport and traffic safety. Mother is the most present family member and friends are the main elements of the support network.Discussion: The fact that no data regarding sport and traffic safety was found shows that this risk factor has been neglected. On the other hand, the prevalence of anxiety/depression, as well as suicide ideation is according psychosocial risk factors most importantly described in many studies. The simultaneous attribution to General Practitioner as capable and not capable of inform, advise or help to overcome areas related to anxiety/depression and body image and weigh alert to the different adolescents’ experiences with their General Practitioners. Conclusion: To provide a health growth and development to adolescents, in their psychosocial dimension, General Practitioners have the promotion of a good family functionality and prevention and identification of anxiety/depression, suicide ideation, body image and weigh and sport and traffic safety as therapeutic targets.

Introdução: A adolescência caracteriza-se pela elevada prevalência de comportamentos de risco para a saúde. O Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil prevê a realização de 3 consultas durante a adolescência, com vista a promover comportamentos saudáveis e prevenir comportamentos de risco. No entanto, a frequência dos adolescentes a estas consultas é bastante inferior ao desejável. Por isso, muitos fatores de risco psicossocial não são identificados. O objetivo deste estudo é caracterizar os fatores de risco mais prevalentes nos adolescentes, assim como identificar os temas para os quais estes consideram o seu Médico de Família capaz de os informar, aconselhar ou ajudar a ultrapassar.Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo observacional descritivo e preliminar. A amostra incluiu 11 adolescentes com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos, inclusive, que recorrem a consultas na Unidade de Saúde Familiar Araceti e na Unidade de Saúde Familiar Norton de Matos, entre os dias 18 de Fevereiro e 25 de Março de 2022. Os adolescentes foram convidados a preencher um questionário original, de resposta voluntária, privada e confidencial, que permitiu a caracterização demográfica da amostra, a identificação dos fatores de risco e fatores protetores psicossociais, assim como a capacidade que estes atribuem ao seu Médico de Família na informação, aconselhamento e eventual auxílio de vários temas relacionados com a sua história psicossocial.Resultados: O ambiente familiar foi identificado como o principal fator protetor psicossocial. Por outro lado, os fatores de risco psicossocial mais frequentes foram a ansiedade e depressão, a ideação suicida, a imagem corporal e peso e a segurança rodoviária e desportiva. A mãe é o elemento mais presente no agregado familiar e os amigos são os principais elementos da rede de apoio. Discussão: O facto de não terem sido encontrados dados relativamente à segurança rodoviária e desportiva evidencia a negligência que tem sido atribuída a este fator de risco. Por outro lado, a prevalência da ansiedade/depressão, assim como a ideação suicida está de acordo com os fatores de risco psicossocial descritos com maior importância em vários estudos. A atribuição simultânea da capacidade e incapacidade do Médico de Família em informar, aconselhar ou ajudar a ultrapassar temas como a ansiedade/depressão e a imagem corporal e peso alerta para as diferentes experiências dos adolescentes com os seus Médicos de Família.Conclusão: Com vista a proporcionar um crescimento e desenvolvimento saudável aos adolescentes, os Médicos de Família têm como alvos terapêuticos, na dimensão psicossocial dos adolescentes, a promoção da boa funcionalidade familiar e a prevenção e identificação da ansiedade/depressão, ideação suicida, imagem corporal e peso e segurança rodoviária e desportiva.