O impacto da educação nutricional em supermercado na escolha alimentar em pessoas com diabetes tipo 2 - ensaio clínico randomizado e controlado

Abstract

Introdução: A diabetes é uma patologia crónica, que em pleno século XXI se considera uma emergência a nível mundial. Cada indivíduo deve ter um papel ativo na sua patologia e, desse modo, conceitos como a educação nutricional, literacia em saúde e capacitação são fundamentais. Com este estudo pretendeu-se perceber o impacto de uma intervenção educacional feita diretamente num supermercado em indivíduos com diabetes tipo 2.Métodos: Ensaio clínico não farmacológico: experimental, longitudinal, prospetivo randomizado. A população alvo foi constituída por pacientes da USF Coimbra Centro, com diabetes mellitus tipo 2 e obesidade (IMC≥30), sendo excluídos indivíduos com analfabetismo, idade <18 anos e grávidas. A amostra inicial foi constituída por 18 utentes, que participaram numa sessão de formação educativa sobre a alimentação na diabetes e leitura de rótulos, com realização de questionários para colheita dos parâmetros selecionados: idade; tempo de diagnóstico; sexo; anos de escolaridade; nível socioeconómico; Hb1Ac; peso e altura; perímetro abdominal; tensão arterial; capacitação (DES-SF); literacia em saúde (NVS-PT); qualidade de vida/impacto comportamental e psicológico (DHP-18) e autocuidado (EAAD). O grupo de intervenção, randomizado, participou na sessão de “compras assistidas” num supermercado, orientada por uma nutricionista, com posterior reavaliação e aplicação dos mesmos questionários. Foi realizada estatística descritiva e inferencial para perceber as diferenças nas variáveis medidas antes e depois da intervenção.Resultados: Neste estudo, o grupo de controlo foi constituído por 8 indivíduos e o grupo de intervenção por 5 indivíduos, sem diferenças entre eles. O grupo de controlo apresentou, depois da intervenção, uma maior adesão à alimentação específica auto-reportada (p=0,045). Após a intervenção, o mesmo grupo melhorou o parâmetro “DHP-18 total” (p=0,03), assim como a adesão à alimentação geral (p=0,04). O grupo de intervenção, após a intervenção, melhorou a adesão à alimentação geral (p=0,04) e as variáveis clínicas (HbA1c, TAS, TAD, IMC), mas de forma não significativa.Discussão e conclusão: Poderá haver uma tendência para a educação nutricional no supermercado influenciar variáveis clínicas, a literacia em saúde, a capacitação e o autocuidado mas a própria intervenção em sala pode ter impacto na adesão à terapêutica não farmacológica, na área da alimentação. Mais estudos devem ser realizados com número de utentes mais significativo de outras zonas do país e incluindo intervenções repetidas no tempo.

Introduction: Diabetes is a chronic disease, which in the 21st century is considered a worldwide emergency. Each individual must have an active role in their disease and, therefore, concepts such as nutrition education, health literacy and enablement are fundamental. The aim of this study was to understand the impact of an educational intervention made directly in a supermarket on type 2 diabetes patients.Methods: Non-pharmacological clinical trial: experimental, longitudinal, prospective, randomized. The target population was patients from USF Coimbra Centro with type 2 diabetes mellitus and obesity (BMI≥30), excluding if illiteracy, age <18 years, and pregnancy. The initial sample consisted of 18 patients who participated an educational training session about nutrition in diabetes and label reading, with questionnaires to collect the selected parameters: age; diagnosis time; sex; years of schooling; socioeconomic level; HbA1c; weight and height; abdominal perimeter; blood pressure; enablement (DES-SF); health literacy (NVS-PT); quality of life/behavioral and psychological impact (DHP-18) and self-care (EAAD). The intervention group, randomized, participated in “assisted shopping” session at supermarket with a nutritionist, with subsequent reassessment and application of the same questionnaires. Descriptive and inferential statistics were performed to understand the differences in variables measured before and after the intervention.Results: In this study, the control group consisted of 8 individuals and the intervention group of 5, both homogeneous. The control group showed greater adherence to the specific diet (p=0.045). After the intervention, the same group improved the parameter “total DHP-18” (p=0.03), as well as the adherence to general nutrition (p=0.04). The intervention group, after the intervention, improved adherence to general nutrition (p=0.04) and clinical variables (HbA1c, SBP, DBP, BMI), but not significantly.Discussion and conclusion: There may be a tendency for nutritional education in the supermarket to influence clinical variables, health literacy, enablement and self-care, but the intervention in the classroom can have an impact on adherence to non-pharmacological therapy in the food area. More studies should be carried out with a more significant number of users from other parts of the country and including interventions repeated over time.