Estamos a vacinar mais?

Abstract

Introdução: A gripe é uma infeção respiratória, altamente contagiosa, extremamente prevalente na nossa população. Na sua maioria, a apresentação clínica é ligeira, no entanto, pode ter manifestações mais severas. A população de risco para complicações tem vindo a aumentar, pelo que é de extrema importância garantir a sua proteção através da vacinação. Pretendeu-se avaliar a evolução da vacinação contra a gripe entre 2018 e 2021. Materiais e Métodos: Selecionaram-se os indicadores “Proporção de utentes com diabetes ou com doença respiratória crónica ou com doença cardíaca crónica ou com idade superior a 65 anos, com a vacina da gripe prescrita ou efetuada nos últimos 12 meses”, (2013.030.01); “Proporção de utentes adultos com registos clínicos evidenciando a existência de asma, DPOC ou bronquite crónica, com registo de diagnósticos na lista de problemas” (2017.380.01); “Proporção de utentes com o diagnóstico de Diabetes Mellitus” (MORB.190.01). Foi calculada a proporção de pessoas com mais de 65 anos de idade. Para cada um destes foram avaliados e comparados os resultados existentes, a nível Nacional, por Administração Regional de Saúde (ARS) e, dentro destes, por Agrupamento de Centros de Saúde, entre 2018 e 2021. Calcularam-se dinâmicas de crescimento e razões entre os indicadores de comorbilidade e o indicador de vacinação.Resultados: A taxa de vacinação, a nível nacional, aumentou de 44,83% em 2018, para 63,90 % em 2021, apresentando uma dinâmica de crescimento de 0,43. A proporção de utentes com asma, DPOC ou bronquite crónica, de utentes com Diabetes Mellitus e de utentes com mais de 65 anos de idades aumentaram, de forma consistente, em todas as ARS. Verifica-se que houve aumento semelhante da vacinação para todas as comorbilidades avaliadas. As regiões com menor crescimento das comorbilidades, foram as que experimentaram maiores dinâmicas de crescimento de vacinação.Discussão: Apesar do crescimento da vacinação em todas as ARS, existe uma tendência para diminuição da proporção de vacinados de Norte para Sul do país. Percebe-se um provável impacto da pandemia por SARS-CoV-2 no expressivo crescimento da vacinação contra a gripe. A análise isolada do indicador de vacinação pode sobre estimar a sua evolução, verificando-se dinâmicas de crescimento superiores nas regiões com menor crescimento da proporção das comorbilidades analisadas.Conclusão: Verifica-se que a proporção de indivíduos de risco com vacina está a aumentar. Importa compreender os determinantes que a pandemia por SARS-CoV-2 permitiu alcançar para que se estabeleça de forma consistente uma estratégia eficaz de vacinação. Importa calcular e avaliar os indicadores que expressem os ganhos associados a melhores coberturas vacinais.

Introduction: The flue is a highly contagious respiratory infection that is extremely prevalent in our population. Most of the clinical presentation is mild, however, it can have more severe manifestations. The population at risk for complications has been increasing, so it is extremely important to ensure their protection through vaccination. It was intended to evaluate the evolution of influenza vaccination between 2018 and 2021.Materials and Methods: The indicators “Proportion of patients with diabetes or chronic respiratory disease or chronic heart disease or aged over 65 years, with the flu vaccine prescribed or performed in the last 12 months” (2013.030. 01); “Proportion of adult patients with clinical records showing the existence of asthma, COPD or chronic bronchitis, with a record of diagnoses in the list of problems” (2017.380.01); “Proportion of patients diagnosed with Diabetes Mellitus” (MORB.190.01). The proportion of people over 65 years of age was calculated. For each of these, the existing results were evaluated and compared by the National level, Regional Health Administrations’ (RHAs) level, and within these, by the Health Centre Clusters’ level, between 2018 and 2021. Growth dynamics and ratios between the comorbidity indicators and the vaccination indicator were calculated.Results: The national vaccination rate increased from 44.83% in 2018 to 63.90% in 2021, with a growth dynamic of 0.43. The proportion of patients with asthma, COPD or chronic bronchitis, patients with Diabetes Mellitus and patients over 65 years of age increased consistently across all RHAs. It appears that there was a similar increase in vaccination for all comorbidities evaluated. The regions with the lowest growth in comorbidities were the ones that experienced the greatest dynamics of vaccination growth.Discussion: Despite the growth of vaccination in all RHAs, there is a tendency to decrease the proportion of vaccinated from North to South of the country. A probable impact of the SARS-CoV-2 pandemic on the expressive growth of influenza vaccination is perceived. The isolated analysis of the vaccination indicator can overestimate its evolution, verifying higher growth dynamics in regions with lower growth in the proportion of analysed comorbidities.Conclusion: It appears that the proportion of individuals at risk with vaccine is increasing. It is important to understand the determinants that the SARS-CoV-2 pandemic allowed to achieve in order to establish an effective vaccination strategy. It is important to calculate and evaluate the indicators that express the health gains associated with better vaccination coverage.