A importância do conhecimento dos sinais vitais nos Cuidados de Saúde Primários

Abstract

Introduction: Primary Health Care is the basis of the Portuguese National Health Service, facing multiple problems and pathologies with difficult diagnosis. The assessment of vital signs is important for the diagnosis providing the family doctor with an objective view of the patient’s general health status. However, those signs are not always measured or recorded in a complete systematic way.Objetives: To characterize vital signs assessment in Primary Health Care and to assess the importance given to each vital sign in a general practitioner perspective. To measure the given importance of a systematic and complete evaluation of vital signs. To optimize its assessment and demonstrate the need for a standardization of the general health status severity.Methods: Cross-sectional observational study with the application of an online query via Google Forms to a sample of Specialists and Residents of General Practice and Family Medicine from “Agrupamento de Centros de Saúde Baixo Mondego”, with posterior descriptive and inferential statistical analysis. A fluxogram for the patient’s circuit model at the Primary Health Care unit was developed, considering the use of an autonomous medical device that measures several vital signs and gives an early warning score prior to the consultation.Results: A sample of 59 doctors of General Practice, with a majority of females (59,3%) and specialists (74,6%) with ages between 26 and 65 years responded the query.Blood pressure and heart rate were considered the most important and most measured signs by doctors, “very frequently” (84,7%) and “always” (69,4%). The Respiratory rate was the least measured. The majority of doctors could measure between two (32,8%) and three (34,5%) signs simultaneously, taking a minimum of 15 to 75 seconds per sign. The majority of doctors (81%) considered “very” or “totally” useful the measurement of vital signs prior to appointment, though only 42,3% considered it equally suitable and 33,9% saying it to be little or not suitable.Discussion: The measurement of vital signs at a Primary Health Care level happens at an unequal way, its selection being influenced by the apparent general health status of the patient and the time available for the appointment. The importance assigned to each signal also seems to affect this decision. It will be important, in the future, to perceive what are the doctor´s fears when the use of an automated medical device for measuring vital signs. Conclusion: The adoption of a national early warning score and the investment on development and validation of new autonomous devices may allow a more complete systematic measurement and recording of vital signs.

Introdução: Os Cuidados de Saúde Primários (CSP) são a porta de entrada no Serviço Nacional de Saúde, com uma diversidade de problemas e patologias, por vezes de difícil diagnóstico. O conhecimento dos sinais vitais permite auxiliar o médico de família, fornecendo uma informação objetiva do estado geral. Contudo, nem sempre são medidos e registados de forma completa e sistemática, a nível hospitalar.Objetivo: caracterizar a obtenção dos sinais vitais nos cuidados de saúde primários e a importância atribuída a cada um na perspetiva do médico de família, evidenciar a importância da avaliação sistematizada de todos os sinais; otimizar a sua avaliação e demonstrar a necessidade de uma padronização da severidade do estado geral do utente.Métodos: Estudo observacional, transversal, com aplicação de questionário online via Google Forms a uma amostra de Especialistas e Internos de Medicina Geral e Familiar pertencentes ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Baixo Mondego, tendo-se realizado análise estatística descritiva e inferencial. Foi elaborado um modelo de circuito do utente em unidade em CSP, com base na medição prévia à consulta dos sinais vitais por um dispositivo com cálculo de score de gravidade.Resultados: Amostra de 59 médicos de Medicina Geral e Familiar, na sua maioria do sexo feminino (59,3%) e especialistas (74,6%) de idades compreendidas entre os 26 e o 65 anos. A Pressão arterial e a Frequência cardíaca foram os sinais mais medidos, “muito frequentemente” ou “sempre” por 84,7% e 69,4% dos médicos, respetivamente, tendo também a maior importância atribuída. A Frequência respiratória é o sinal menos medido. A maioria consegue medir entre 2 (32,8%) e 3 (34,5%) sinais simultaneamente, demorando no mínimo entre 15 a 75 s por cada sinal. A maioria dos médicos (81%) considerou muito ou totalmente útil uma medição dos sinais previamente à consulta, mas apenas 42,3% considerou igualmente adequado, havendo 33,9% a referir pouco ou nada adequado. Discussão: A medição dos sinais vitais a nível do Cuidados de Saúde Primários ocorre de forma desigual, havendo influência do estado geral aparente do consulente e do tempo disponível na seleção dos sinais a medir. A importância atribuída a cada sinal também parece afetar essa decisão. Será importante, no futuro, perceber quais os receios dos médicos relativamente ao uso de dispositivos autónomos de medição de sinais vitais. Conclusão: A adoção de um score de gravidade nacional e uma aposta no desenvolvimento e validação de novos dispositivos autónomos poderá permitir uma medição e registo dos sinais mais completa e sistemática.