Tratamento Cirúrgico da Carcinomatose Peritoneal do Carcinoma Colorretal

Abstract

A Carcinomatose Peritoneal (CP) consiste na presença de implantes tumorais no peritoneu que podem ser tanto de origem primária como secundária. As metástases do Carcinoma Colorretal (CCR) são umas das responsáveis pela invasão desta estrutura, sendo que 30 a 40% dos doentes com esta patologia irão apresentar Carcinomatose Peritoneal em alguma fase da sua doença. É importante salientar que o diagnóstico desta patologia era sinónimo de tratamentos paliativos, levando a uma sobrevida e qualidade de vida baixa dos doentes.Assim, surgiu a necessidade de rever a literatura sobre a fisiopatologia da doença e sobre os vários métodos que se têm vindo a desenvolver ao longo dos últimos vinte anos, bem como da sua eficácia, sempre com o objetivo de aumentar a sobrevida dos doentes, não descurando as complicações que poderão surgir destes novos procedimentos. Para a elaboração deste artigo de revisão, foi realizada uma pesquisa da literatura na base de dados Pubmed, pelo que se selecionou, maioritariamente, os artigos publicados nos últimos 20 anos.De acordo com a evidência atual, as equipas especializadas no tratamento de Carcinomatose Peritoneal por Carcinoma Colorretal podem recorrer a dois procedimentos distintos: Quimioterapia Sistémica ou Cirurgia Citorredutora (CRS) acompanhada de Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica (HIPEC). O primeiro está reservado a doentes que apresentam um estadio mais avançado da doença, enquanto o segundo, apesar de ser mais complexo e agressivo, proporcionou melhores resultados a doentes selecionados e revolucionou a sobrevida destes. Contudo, um estudo recente, PRODIGE 7, questionou a necessidade de submeter os doentes à HIPEC, evidenciando que a sua sobrevida não é significativamente distinta daquela apresentada pelos doentes submetidos apenas a Cirurgia Citorredutora. É de ressalvar, que este estudo também demonstrou a presença de um maior número de complicações até ao 60º dia pós-operatório nos doentes sujeitos ao método duplo, CRS com HIPEC. Porém, ainda não existe um número significativo de estudos recentes capaz de levar a comunidade científica a chegar a um consenso no que toca à apresentação da Cirurgia Citorredutora isolada como o procedimento standard a realizar nos doentes com Carcinomatose Peritoneal por Carcinoma Colorretal.

Peritoneal Carcinomatosis (PC) consists of the presence of tumor implants in the peritoneum that can be of either primary or secondary origin. Colorectal Carcinoma (CRC) metastases are responsible for the invasion of this structure, and 30 to 40% of patients with this pathology will present Peritoneal Carcinomatosis at some stage of their disease. It is important to point out that the diagnosis of this pathology meant palliative treatments, leading to low survival and quality of life for patients.Thus, the need arose to review the literature on the pathophysiology of the disease and on the various methods that have been developed over the last twenty years, as well as their effectiveness, always to increase patient survival, not neglecting the complications that may arise from these new procedures.For the elaboration of this review article, a literature search was carried out in the Pubmed database, so that most articles published in the last 22 years were selected.According to current evidence, teams specializing in the treatment of PC due to CRC can resort to two different procedures: Systemic Chemotherapy or Cytoreductive Surgery (CRS) accompanied by Hyperthermic Intraperitoneal Chemotherapy (HIPEC). The first is reserved for patients with a more advanced stage of the disease, while the second, despite being more complex and aggressive, has provided better results for selected patients and revolutionized their survival. However, a recent study, PRODIGE 7, questioned the need to submit patients to HIPEC, showing that their survival is not significantly different from that presented by patients undergoing only CRS. It should be noted that this study also demonstrated the presence of a greater number of complications up to the 60th postoperative day in patients undergoing the dual method, CRS with HIPEC.However, there is still not a significant number of recent studies capable of leading the scientific community to reach a consensus regarding the presentation of isolated Cytoreductive Surgery as the standard procedure to be performed in patients with Peritoneal Carcinomatosis due to Colorectal Carcinoma.