GRANDES INCÊNDIOS FLORESTAIS DO PINHAL INTERIOR NOS ÚLTIMOS 40 ANOS. EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO DO ESPAÇO AGROFLORESTAL, DA ÁREA QUEIMADA E DOS MEIOS DE COMBATE.

Abstract

O território português, sobretudo ao longo dos últimos 50 anos, tem sofrido com o flagelo dos incêndios. O clima mediterrâneo, propício à ocorrência de incêndios florestais, favorece o seu desenvolvimento, pelo que tem existido um grande investimento na prevenção e no combate aos incêndios. É notório que, ao longo dos tempos, tanto os meios como as técnicas usadas para combater os incêndios florestais tiveram uma evolução considerável. Porém, o grande investimento no aumento e na modernização dos meios e das técnicas de combate não se traduziu, como seria expectável, na redução de grandes incêndios florestais.Sendo assim, o objetivo deste trabalho visa entender por que razão é que, apesar dessa notável evolução dos meios e das técnicas de combate, a área queimada por grandes incêndios florestais não só não diminuiu, como, pelo contrário, a sua tendência aponta para o aumento da área individual dos maiores incêndios.Para realizar a presente investigação, tomou-se como área de estudo o denominado Pinhal Interior, por ser uma das regiões portuguesas mais fustigadas por grandes incêndios florestais durante o período em estudo. A metodologia usada baseou-se no levantamento de dados sobre a população, o uso do solo e a área queimada pelos grandes incêndios florestais dos últimos 40 anos, assim como na recolha de elementos que permitiram estabelecer a evolução do número de meios e das técnicas envolvidas no combate, ao longo desse igual período de tempo. As conclusões sugerem que o aumento da área dos maiores incêndios tenha resultado das alterações introduzidas na estrutura da população, com consequências a nível do uso do solo e da falta de gestão dos espaços rurais, como também de algumas modificações nas técnicas de combate e nas prioridades estabelecidas para a defesa da floresta contra incêndios.

The Portuguese territory, especially over the last 50 years, has suffered from the scourge of fires. The Mediterranean climate, conducive to the occurrence of forest fires, favors their development, so there has been a great investment in preventing and fighting fires. It is clear that, over time, both the means and the techniques used to fight forest fires have evolved considerably. However, the large investment in the increase and modernization of means and combat techniques did not translate, as would be expected, in the reduction of large forest fires.Therefore, the aim of this work is to understand why, despite this remarkable evolution of means and techniques of combat, the area burned by large forest fires not only did not decrease, but, on the contrary, its tendency points to the increase in the individual area of the largest fires.To carry out the present investigation, the Pinhal Interior was taken as the study area, as it was one of the Portuguese regions most affected by large forest fires during the period under study.The methodology used was based on the collection of data on the population, land use and the area burned by the great forest fires of the last 50 years, as well as the collection of elements that allowed establishing the evolution of the number of means and techniques involved in combat over that same period.The conclusions suggest that the increase in the area of the largest fires has resulted from changes introduced in the population structure, with consequences in terms of land use and the lack of management of rural spaces, as well as some changes in fighting techniques and priorities. established for the defense of the forest against fires.