Reinterpretação do Claustro da Manga. Projeto de valorização, reconstituição e reabilitação do Mosteiro de Santa Cruz e área urbana envolvente.

Abstract

The Monastery of Santa Cruz in Coimbra has the responsibility of protecting the royal sepulchres of King Afonso Henriques and his son D. Sancho I. All it’s riches are based on the good management of the patrimony by the canons regular that, since it’s foundation in 1131, until the 19th century, guaranteed appreciation to the Monastery in the world of history, culture and arts. After the extinction of the religious Orders, the Monastery entered a negative period where program changes and different uses, led to it’s evident loss of character. Nowadays, the space suffers from needs caused by the indecision in the Mondego Metro plan, the (des)valorization of Sofia street, the (in)definition of a central avenue and the progressive abandonment of the traditional Baixa. Among the different problems, we should focus on the object of study, the Manga cloister which does not exist today, leaving the Manga fountain lacking it’s true character and purpose. From this prespective, the project interprets the various critical areas from the rehabilitation of the existings structure, to the introduction of new buildings and their uses. The project aims at the possibility of generating a better use of the space and reconnecting the history of the past to form a prosperous future. It comes in the sequence of the theme proposed in the discipline Construir no Construído, of the subject in Project Lab V, where an utopian proposal was outlined for the Santa Cruz valley. During the development of the project, one of the subjects of study is the cloister archetype, an architectural object essential to the understanding of any monastic complex. Typically known as an open-air space, closed in on itself and it’s surroundings, it stands as one of the most important elements in the architectural conception of monastic space and daily life in a monastery. The project will be designed according to the cloister archetype, the specificities of the Manga cloister and the reform to safeguard the heritage of Santa Cruz. The action focus on issues of reuse of space, sustainability and memory. In addition to developing the museography project, this work, a proposal only possible in the academic context, offers the unique opportunity to explore a building of tremendous importance.

O Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, alberga a grande responsabilidade de proteger os régios sepulcros do D. Afonso Henriques e do seu filho D. Sancho I. Todas as suas riquezas estão assentes na boa gestão do património pelos cónegos regrantes que desde a sua fundação, em 1131 até ao século XIX, garantiram um contínuo estado de valorização do Mosteiro no mundo da história, cultura e artes. Após a extinção das Ordens religiosas, o Mosteiro entrou num período negativo com alterações de programa e diferentes ocupações que deram lugar à sua evidente descaracterização. Na atualidade, o espaço padece de algumas carências sucedidas pela indecisão no plano do Metro Mondego, a (des)valorização da rua da Sofia, a (in)definição da avenida central e o abandono progressivo da Baixa tradicional. Entre as diferentes problemáticas refere-se o objeto de estudo, o antigo claustro da Manga, que não existindo atualmente deixa a fonte da Manga órfã do seu verdadeiro carácter e desígnio. Neste enquadramento, o projeto de requalificação interpreta diversas áreas críticas desde a reabilitação do existente, à introdução de novo edificado e programa. Advém no seguimento do tema proposto pela disciplina de Seminário Construir no Construído, no âmbito da cadeira de Atelier de Projeto II, onde foi delimitado uma proposta de cariz utópico para a área do vale de Santa Cruz apresentada. No processo, um dos temas passa pela investigação do arquétipo de claustro, o objeto arquitetónico fulcral para o entendimento e compreensão do complexo monástico. Tipicamente conhecido como um espaço a céu aberto, encerrado sobre si mesmo e da sua envolvente, ganha destaque como um dos elementos mais importantes na conceção arquitetónica do espaço monástico e da vida quotidiana em clausura. A proposta será ideada segundo o arquétipo de claustro, as especificidades do claustro da Manga e da reforma pela salvaguarda do património de Santa Cruz. A ação foca-se em questões de reuso do espaço, pertinência do espólio monástico, sustentabilidade e memória. Para além de desenvolver o núcleo de museologia, este trabalho, apenas possível no contexto académico, oferece a oportunidade única de explorar um edifício de tremenda importância.