Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/101697
Title: Desemprego de mulheres de meia-idade: em torno da insegurança alimentar e dimensões do bem-estar subjetivo
Authors: Nogueira, Fernanda Teresa Pedreiro
Orientador: Ferreira, Joaquim Armando Gomes
Vieira, Cristina Maria Coimbra
Keywords: Desemprego; Mulheres de meia-idade; Bem-estar Subjetivo; Insegurança Alimentar; Suporte Social
Issue Date: 7-Jun-2022
Place of publication or event: Coimbra
Abstract: Ao longo dos anos, o impacto do desemprego tem sido objeto de estudo nas suas mais diversas vertentes: económica, social, cultural, entre outras. O bem-estar, especialmente, o bem-estar psicológico e subjetivo, tem vindo a ser estudado no âmbito do desemprego e nos efeitos que este tem nestes dois construtos. Uma das populações mais afetadas pelo desemprego são as mulheres de meia-idade (40-65 anos), muitas vezes estigmatizadas devido à ideia e à crença errónea de que os seus sistemas biológicos e o seu funcionamento psicológico começam a entrar em declínio sendo menos aptas a integrar, novamente, o mercado de trabalho. No entanto, e apesar desta realidade, a questão do desemprego e da influência que este tem no seu bem-estar físico e subjetivo não tem vindo a ser devidamente explorada. Além disso, outro aspeto importante, cujo estudo é pertinente, prende-se com a importância que as condições económicas apresentam relativamente à segurança alimentar, ou seja, é importante verificar se as mulheres desempregadas e com maiores dificuldades financeiras apresentam valores mais baixos de segurança alimentar e de que modo esta realidade afeta o bem-estar subjetivo das mulheres desta faixa etária. Deste modo, para a presente investigação traçou-se o seguinte objetivo: investigar os fatores envolvidos no desemprego de mulheres de meia-idade (40-65 anos), especificamente no que se refere às possíveis implicações que o desemprego poderá ter no bem-estar subjetivo destas mulheres e na sua segurança alimentar. Para tal, desenvolveu-se um estudo de carácter quantitativo não experimental, e correlacional, porque procurou relações entre as diferentes variáveis em estudo, que foram medidas através de questionários de autorresposta. Foram então contactadas 600 mulheres desempregadas, selecionadas por conveniência, de entre utentes dos Centros de Formação Profissional de Águeda, Aveiro, Coimbra e Amadora, de meia-idade, entre os 40 e os 65 anos, das quais apenas 426 aceitaram participar no estudo. Os questionários que foram aplicados incluíram: um Questionário Sociodemográfico, a Escala de Afetividade Positiva e Negativa, a Escala de Satisfação com a Vida, o Questionário Geral de Saúde, o Financial Hardship, a Escala de Insegurança Alimentar, a Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido, e, por fim, o General Job Search Intensity. Este último foi usado para aferir a intensidade de procura de emprego. Para se realizar a análise dos resultados provenientes dos diferentes instrumentos recorreu-se a métodos estatísticos descritivos e inferenciais, apoiados pelo programa SPSS. Após a análise correlacional das variáveis medidas pelos vários instrumentos, os resultados mostraram que a idade parece não estar relacionada com o desemprego e com problemas maiores no que concerne ao bem-estar subjetivo. Já as mulheres de meia-idade casadas ou numa união de facto, aparentam um maior apoio numa situação de desemprego, o que pode indiciar que apresentam maiores estratégias de coping para lidar com esta situação. Relativamente às mulheres casadas, ou a viver em união de facto, os resultados apontaram para uma associação negativa com a situação de desemprego e com menores problemas a nível do bem-estar subjetivo e uma associação positiva com uma melhor perceção do seu estado geral de saúde. Os resultados também mostraram que desempregadas há menos de um ano demonstram ter menos dificuldades financeiras que aquelas que se encontram numa situação de desemprego prolongada. Outro resultado obtido é o facto de a insegurança alimentar aumentar com o aumento dos elementos desempregados no agregado familiar, assim como a satisfação com a vida diminuir quando existe mais do que um elemento desempregado no agregado familiar. O nível de instrução das mulheres desempregadas de meia-idade correlaciona-se positivamente com a insegurança alimentar, dificuldades financeiras, e nível da afetividade negativa. Tendo em conta o analisado, estamos em condições de afirmar que a insegurança alimentar se correlaciona negativamente com o bem-estar subjetivo, ou seja, a insegurança alimentar aumenta quando diminui o bem-estar subjetivo. No entanto, e de acordo com os resultados obtidos, o suporte social não se encontra relacionado, de forma significativa com estes dois construtos. Os resultados mostram a urgência de se dar uma especial atenção ao desenho de medidas de intervenção adequadas para dar resposta às necessidades de inserção no mercado de trabalho de pessoas de grupos mais vulneráveis, neste caso das mulheres mais velhas e desempregadas, para as quais a situação de desemprego tende a agudizar outros fatores de vulnerabilidade de natureza pessoal e contextual.
Description: Tese de Doutoramento Interuniversitário em Psicologia na área de Psicologia da Educação, pelas Faculdades de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade de Coimbra e Psicologia da Universidade de Lisboa, apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/101697
Rights: openAccess
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FPCEUC - Teses de Doutoramento

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