Margens inquietas, fronteiras instáveis: relações de (in)dependência no sistema da arte a partir dos anos 1990

Abstract

A tese está centrada no estudo do lugar do artista contemporâneo e sua relação com os circuitos de produção, circulação e recepção de trabalhos de arte. Busca, por meio do entendimento do complexo relacionamento entre instituições de arte e artistas apresentar experiências em que um posicionamento crítico aos circuitos hegemônicos tem impactado seu funcionamento, colocando em xeque o papel e as perspectivas futuras sobre museus e galerias. Propõe também debater a existências de “práticas independentes”, que acontecem de forma desterritorializada, gerando articulações e estratégias para a produção artística, sobretudo por meio do aprendizado com projetos recentes e plataformas de criação (a exemplo de residências artísticas e espaços alternativos), a partir dos anos 1990. A produção de trabalhos artísticos cada vez mais alinhados com questões sócio-políticas têm encontrado reverberações tanto em espaços mais alternativos quanto em grandes instituições de arte - essas, inclusive, têm cada vez mais assumido espaços de experimentação e atividades reflexivas em suas dependências. Por meio de uma pesquisa teórico-prática, informada por uma bibliografia produzida por praticantes e pensadores ligados ao sistema da arte, investiga-se as relações de interdependência desses sistemas (instituições, coletivos e indivíduos), ainda pouco exploradas academicamente. A reflexão acontece, por fim, na realização de projetos artísticos e curatoriais, que investigam a prática dita independente na contemporaneidade com vistas à ampliação da discussão e suas perspectivas.

The thesis focuses on studying the artist's role today and his relationship with the production, circulation, and reception of artworks. Through an understanding of the complex relationship between art institutions and artists, it seeks to present experiences in which a more critical approach to the so-called hegemonic frameworks has impacted its functioning, questioning their role and future perspectives. It also proposes the existence of "independent practices," which happen in a displaced manner, thus generating articulations and strategies for artistic production, as seen in recent projects developed by platforms such as artistic residences and alternative spaces, from the 1990s onwards. The production of artworks driven by socio-political matters has found repercussions both in alternative spaces and in large art institutions - which have increasingly taken on spaces for experimentation and reflexive activities in their premises. Through theoretical and practical research, informed by a bibliography produced by practitioners and thinkers linked to the art system, the interdependency relations of these systems (institutions, collectives, and individuals), still little explored academically, are investigated. Finally, the reflection takes place in the conceptualization and execution of artistic and curatorial projects, which investigate the so-called independent practice in contemporary times with a keen eye to broadening the discussion and its perspectives.