The role of participation in the new models of political party

Abstract

In the context of the democratic crisis that affects ‘Western’ democracies, empirical evidence and a vast body of research has pointed out a surprising increase in membership roll and Intra-Party Democracy (IPD) procedures within a number of new or established European political parties during the second decade of 2000. Many of these processes and tools have been characterised by claims for innovative forms of participation, the use of digital technologies and charismatic leadership. On the one hand, the participation promoted by these parties seems to embrace new forms of mobilisation and activism; on the other hand, many of the participatory processes and tools promoted remained tokenistic in nature and ended up reaffirming the leadership’s positions. What role has been given to members’ participation in those parties? How is the members’ participation reshaping the organisation of the political parties, in view of their crisis of perceived legitimacy? This thesis aims to analyse the role of members’ participation within political parties particularly committed to promoting participation. The study examines their interpretation of participation, the participatory procedures, the ways they use digital technologies, and the intra-party participation promoted by political parties in the last decade. For this purpose, the present research applies the case study methodology and compares the participatory procedures within two political parties at the national level. The cases selected are the Spanish party Podemos (Spain), a new digital party-movement founded in 2014, and the Labour Party (UK) under Jeremy Corbyn’s leadership, a long-standing party in a renewal phase. The empirical research relied on qualitative methods, mainly semi-structured in-depth interviews, participatory observation, document analysis and press reviews, jointly with the study of the participatory procedures’ data and outcomes. Despite their different histories and models, both parties recognised participation as a fundamental value, and they developed and implemented participatory procedures open to members and sympathisers. Studying and mirroring the two cases, a complex scenario emerged, pointing out that both parties tended to promote a type of participation that was directly respondent to the quest of supporting and legitimising their leadership, lacking the institutionalisation of the participatory procedures and solid integration within the decision-making processes. Despite the differences between the two cases in terms of the usage and objectives of their participatory procedures, they often resulted in merely consultative and top-down procedures, with a high digital component that reinforced political individualisation.

Na segunda década de 2000, durante a crise democrática que afeta as democracias 'ocidentais', evidências empíricas e um vasto corpo de pesquisa apontam para um aumento inesperado no número de membros e procedimentos de Democracia Intrapartidária (IPD) em alguns partidos políticos europeus, novos ou tradicionais. Muitos desses processos e respetivas ferramentas caracterizam-se pela reivindicação de formas inovadoras de participação, uso de tecnologias digitais e liderança carismática. Por um lado, a participação promovida por estes partidos parece abarcar novas formas de mobilização e ativismo; por outro, muitas das ferramentas participativas e processos promovidos permaneceram simbólicos e acabam por reafirmar as posições de liderança. Que papel tem sido dado à participação dos membros nestes partidos? De que forma é que a participação dos membros está a reconfigurar a organização dos partidos políticos, perante a sua crise de legitimidade percecionada? Esta tese visa analisar o papel da participação dos membros nos partidos políticos particularmente comprometidos com a promoção da participação. O estudo analisa as suas interpretações de participação, os procedimentos participativos, as formas de utilização de tecnologias digitais, bem como a participação intrapartidária promovida pelos partidos políticos na última década. Com esse propósito, a presente pesquisa compara - através de estudos de caso - os processos e ferramentas dentro de dois partidos políticos de âmbito nacional. Os casos selecionados são o partido espanhol Podemos, novo movimento-partido digital fundado em 2014; e o Labour Party Britânico sob a liderança de Jeremy Corbyn, um partido de longa data em fase de renovação. A pesquisa empírica contou com métodos qualitativos, principalmente entrevistas em profundidade semiestruturadas, observação participante, análise documental e resenhas de imprensa, juntamente com o estudo dos dados e resultados dos procedimentos participativos. Apesar das suas diferentes histórias e modelos, ambos os partidos reconheceram a participação como valor fundamental, e desenvolveram e implementaram procedimentos participativos abertos a membros e simpatizantes. Estudando e comparando os dois casos, emergiu um cenário complexo, indicando que ambas as partes tendem a promover uma participação visando diretamente o apoio e a legitimação da liderança, apresentando lacunas na institucionalização dos procedimentos participativos e de integração sólida nos processos de tomada de decisão. Apesar das diferenças entre os dois casos em termos de utilização e objetivos dos seus procedimentos participativos, o resultado culmina frequentemente em procedimentos meramente consultivos e top-down, com elevada componente digital que reforça a individualização política.