Escala de Sugestionabilidade de Gudjonsson 1 (GSS-1) modificada com base no Paradigma Clássico da Desinformação: investigação com jovens adultos.

Abstract

It is known that the effect of misinformation can affect the memory of eyewitnesses. Its impact on interrogative suggestibility, assessed by the Gudjonsson Suggestibility Scales (GSS), however, remains to be examined. The present study aimed to investigate this relationship. To this end, the application of version 1 of the GSS was modified in order to integrate the exposure to misleading information, according to the Misinformation Paradigm, in the GSS procedure. Two groups were formed, each with 35 participants, aged between 18 and 30 years and with different educational qualifications (High School, Bachelor and Master). The control group, after hearing the GSS-1 history, was exposed to information consistent with the original history. The experimental group, on the other hand, was exposed to information inconsistent with it. The rest of the procedure, the same for both groups, followed the typical GSS-1 protocol. Other instruments were applied in order to improve knowledge of the relationship between some individual variables (attention, anxiety, self-concept and social desirability) and interrogative suggestibility. Specifically, the following were applied: the Toulouse-Piéron Cancellation Test, the Trail Making Test A and B, the State-Trait Anxiety Inventory, the Inventário Clínico de Autoconceito and the Escala de Desejabilidade Social (20 itens). There was a significant effect of exposure to misleading information on interrogative suggestibility (Yield 1 and Total Suggestibility). Only the following statistically significant correlations were found: delayed recall of the GSS-1 and Yield 1 and Total Suggestibility measures, Confabulation and Yield 2, self-concept and Yield 2, and social desirability and Yield 2. It is essential to continue to study the impact of exposure to misleading information on interrogative suggestibility, bringing the application of the GSS closer to reality, so that forensic practice procedures can be more appropriate.

É sabido que o efeito da desinformação pode afetar a memória de testemunhas oculares. O seu impacto na sugestionabilidade interrogativa, avaliada pelas Escalas de Sugestionabilidade de Gudjonsson (GSS), contudo, permanece ainda por analisar. O presente estudo teve como objetivo averiguar esta relação. Para tal, modificou-se a aplicação da versão 1 da GSS de forma a integrar a exposição a informação enganosa, conforme o Paradigma Clássico da Desinformação, no procedimento da GSS. Formaram-se dois grupos, cada um com 35 participantes, com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos e com diferentes habilitações literárias (12º ano, Licenciatura e Mestrado). O grupo de controlo, após a audição da história da GSS-1, foi exposto a informação consistente com a história original. O grupo experimental, em contrapartida, foi exposto a informação inconsistente com a mesma. O restante procedimento, igual para ambos os grupos, seguiu o protocolo característico da GSS-1. Foram aplicados outros instrumentos com o objetivo de melhorar o conhecimento da relação entre algumas variáveis individuais (atenção, ansiedade, autoconceito e desejabilidade social) e a sugestionabilidade interrogativa. Em específico, aplicaram-se: o Teste da Barragem de Toulouse-Piéron, o Trail Making Test A e B, o Inventário Estado-Traço de Ansiedade, o Inventário Clínico do Autoconceito e a Escala de Desejabilidade Social (20 itens). Verificou-se um efeito significativo da exposição a informação enganosa na sugestionabilidade interrogativa (indicadores Cedência 1 e Sugestionabilidade Total). Encontraram-se apenas as seguintes correlações estatisticamente significativas: entre a evocação diferida da GSS-1 e as medidas Cedência 1 e Sugestionabilidade Total, entre a Confabulação e Cedência 2, entre o autoconceito e Cedência 2, e entre a desejabilidade social e Cedência 2. É fundamental que se continue a estudar o impacto da exposição a informação enganosa na sugestionabilidade interrogativa, aproximando a aplicação da GSS da realidade, para que procedimentos da prática forense possam ser mais adequados.