Portuguese Breast Screening: Triennial Results in Portugal, from 2017

Abstract

Introdução: O cancro da mama representa a neoplasia mais frequentemente diagnosticada, e a principal causa de morte por cancro entre as mulheres portuguesas. Nas últimas décadas os países industrializados registaram um aumento na sua incidência e prevalência, fruto da introdução dos rastreios de base populacional e avanços na terapêutica. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o impacto do rastreio do cancro da mama na incidência e prevalência desta neoplasia, numa série trienal (2017 a 2019). Para tal, num estudo transversal observacional, os dados de três indicadores constantes na plataforma “Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários” foram colhidos, as suas dinâmicas de crescimento foram estudadas, e os seus desempenhos correlacionados, desde o total nacional, até ao nível administrativo mais baixo, os Agrupamentos de Centros de Saúde, para identificar também iniquidades a nível regional. Material e Métodos: Foram selecionados três indicadores constantes na plataforma online da Matriz de Indicadores dos Cuidados de Saúde Primários: 2013.044.01 FL, MORB.243.01 FL e MORB.218.01 FL. Para cada um deles, estudaram-se os resultados existentes à data de 31 de dezembro de 2017, 2018 e 2019, por total nacional, Administração Regional de Saúde e dentro destas, por Agrupamentos de Centros de Saúde. Resultados: A proporção total de mulheres inscritas rastreadas aumentou de 52.06% em 2017, para 56.41% em 2019. A incidência e prevalência do cancro da mama acompanharam esta tendência, com um aumento de 0.03‰ e 0.08% respetivamente. Para o ano de 2019, na análise por região identificou-se uma diferença estatisticamente significativa (p<0.01) na proporção de mulheres inscritas rastreadas. Discussão: Foram encontradas algumas assimetrias entre regiões para os três indicadores. A proporção de mulheres inscritas rastreadas foi de um modo geral mais alta a norte quando comparada com as regiões mais a sul de Portugal. Já a incidência do cancro da mama foi mais alta a sul, enquanto que a norte se verificaram as dinâmicas de crescimento mais elevadas para este indicador. A prevalência seguiu o mesmo padrão da incidência, excetuando no Algarve, que apresentou os valores mais baixos de todos. Conclusão: O aumento da proporção de mulheres rastreadas ficou aquém do desejável. A incidência e prevalência dependerão de outros fatores além do rastreio. Apesar disso, este trabalho preventivo deve ser continuado e inclusive incrementado. Dever-se-á continuar a monitorização dos rastreios por forma a corrigir assimetrias regionais, bem como implementar medidas de sensibilização na população feminina relativas à importância do rastreio de cancro da mama. A correção dos indicadores, criando neles grupos etários, será importante para melhor compreender os seus resultados.

Introduction: Breast cancer represents the most frequently diagnosed cancer and the leading cause of cancer death among Portuguese women. In recent decades, industrialized countries have registered an increase in breast cancer incidence and prevalence, as a result of the introduction of population-based screening and advances in therapy. This work aimed to evaluate the impact of breast cancer screening on the incidence and prevalence of this neoplasm in a three-year series (2017 to 2019). For this purpose, in an observational cross-sectional study, data from three indicators present in the “Portuguese Primary Health Care - Identity Card” platform were collected, their growth dynamics were studied and their performances correlated, from the national figures, down to the lowest administrative levels, the Health Centre Clusters, to also evaluate inequities at regional levels. Material and Methods: Three indicators were selected from the Primary Health Care Indicators matrix online platform: 2013.044.01 FL, MORB.243.01 FL e MORB.218.01 FL. For each one of them, the results existing on December 31st for 2017, 2018 and 2019 were studied by the National level, Regional Health Administrations level, and within these, by the Health Centre Clusters level. Results: The total proportion of enrolled women screened increased from 52.06% in 2017, to 56.41% in 2019. Breast cancer incidence and prevalence in enrolled women followed this trend, with an increase of 0.03 ‰ and 0.08%, respectively. For 2019, the analysis by region identified a statistically significant difference (p <0.01) in the proportion of enrolled women screened. Discussion: Some asymmetries were found in the analysis by region for the three indicators. The proportion of enrolled women screened was generally higher in the northern areas of Portugal when compared to the southern ones. On the other hand, the incidence of breast cancer was higher in the south, while in north, the highest growth dynamics for this indicator were observed. The prevalence followed the same pattern of the incidence, except for Algarve, where the lowest values of all were reported. Conclusion: The increase in the proportion of enrolled women screened was less than desirable. Incidence and prevalence can depend on factors other than screening. Nevertheless, this preventive work must be carried on and even incremented. Monitoring work should be continued with the available data to correct regional asymmetries and implement measures to raise awareness among women, regarding the importance of breast cancer screening. Modifying the indicators, creating age groups categories, will be important to better understand their results.