O Seguimento Telefónico das Pessoas com Diabetes: o Impacto da Pandemia SARS-CoV-2

Abstract

INTRODUCTION: The SARS-CoV-2 pandemic forced changes in health care delivery, namely regarding the follow-up of people with Type 2 Diabetes Mellitus. Telephonic consultation was one of the mechanisms found to maintain the follow-up of patients with this pathology.OBJECTIVE: The aim of this study was to qualitatively assess the benefits and barriers presented by teleconsultation in the follow-up of people with type 2 Diabetes Mellitus, from the perspective of health care professionals.METHODS: The study was disseminated through emails sent to health professionals integrated in specific mailing-lists of General Practice and Family Medicine, namely Physicians, Nurses, Nutritionists and Psychologists. Qualitative data was collected through a previously structured survey, with closed and open questions. Analysis was performed using the data analysis facilitation software MAXQDA® 2020.RESULTS: Barriers and difficulties were identified related to: limited consultation, difficulty in motivating therapeutic adherence, impaired non-verbal communication, lack of health literacy and consultation preparation by patients, difficulties in understanding, quality/veracity of clinical information, poor/inexistent objective examination/therapeutic management and impoverishment of the professional-patient relationship. Among the opportunities and challenges, the following emerged: reduction of risks, increase in patient empowerment/literacy, increase in the number of contacts, monitoring and therapeutic adherence, no need to travel, time management of professionals and users, and ease and frequency of access. Among the range of future perspectives for teleconsultation, the purposes, means, origin of the appointment, target audience, follow-up scheme and useful situations stand out. Finally, in the reasons why professionals do not want to keep teleconsultation, difficulties in therapeutic management, difficulties in time management, notion of resistance by patients, difficulties in communication/lack of literacy, lack of proximity/contact with the patient and trust, and lack of face-to-face objective examination/assessment and management of MCDTs were highlighted.DISCUSSION: The sample was diversified in terms of the participants' ages, but little regarding the type of health professional, with the majority of respondents being physicians. From what was analysed, opportunities and challenges were identified, and this work invites us to rethink the options to be taken around teleconsultation in the future.CONCLUSION: This study shows the preference for a hybrid model with articulation between face-to-face consultation and teleconsultation, listing the indications, advantages and disadvantages of these consultations, from the perspective of health care professionals.

INTRODUÇÃO: A pandemia de Sars-CoV-2 obrigou a mudanças na prestação de cuidados de saúde, nomeadamente no que concerne o seguimento de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2. A teleconsulta foi um dos mecanismos encontrados para manter o seguimento dos doentes com esta patologia.OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar qualitativamente os benefícios e barreiras apresentadas pela teleconsulta no seguimento da pessoa com Diabetes Mellitus tipo 2, na perspetiva dos profissionais de saúde.MÉTODOS: O estudo foi divulgado através de emails, enviados aos profissionais de saúde integrados em mailing-lists específicas de Medicina Geral e Familiar, nomeadamente Médicos, Enfermeiros, Nutricionistas e Psicólogos. Os dados qualitativos foram recolhidos através de um inquérito previamente estruturado, com perguntas fechadas e abertas. A análise foi feita através do software de facilitação de análise de dados MAXQDA® 2020.RESULTADOS: Foram identificadas barreiras e dificuldades relacionadas com: consulta limitada, dificuldade na motivação para a adesão terapêutica, comunicação não-verbal comprometida, falta de literacia em saúde e preparação da consulta por parte dos doentes, dificuldades de compreensão, qualidade/veracidade das informações clínicas, exame objetivo/gestos terapêuticos pobres/inexistentes e empobrecimento da relação profissional-doente. Dentro das oportunidades e desafios, surgiram a diminuição dos riscos, aumento do empoderamento/literacia do doente, aumento do número de contactos, monitorização e adesão terapêutica, ausência de necessidade de deslocação, gestão de tempo de profissionais e utentes e facilidade e frequência de acesso. Entre o leque de perspetivas futuras para a teleconsulta, destacam-se as finalidades, o meio, a origem da marcação, o público-alvo, o esquema de seguimento e situações úteis. Por fim, nas razões pelas quais os profissionais não querem manter a teleconsulta, realçam-se dificuldades na gestão terapêutica, dificuldades na gestão de tempo, noção de resistência pelos doentes, dificuldades na comunicação/falta de literacia, falta de proximidade/contacto com o doente e confiança e falta de exame objetivo/avaliação presencial e gestão de MCDTs.DISCUSSÃO: A amostra foi diversificada ao nível das idades dos participantes, mas pouco quanto ao tipo de profissional de saúde, sendo a maioria dos inquiridos médicos. Do que foi analisado, identificaram-se as oportunidades e desafios, sendo que este trabalho nos convida a repensar as opções a tomar em torno da teleconsulta, no futuro.CONCLUSÃO: Este estudo evidencia a preferência por um modelo híbrido com a articulação entre consulta presencial e teleconsulta, enumerando as indicações, vantagens e desvantagens destas consultas, na perspetiva dos profissionais.