Redes comunitárias costeiras de cuidado: direito ao território e pandemia

Abstract

O presente artigo trata das políticas de vida e de morte explicitadas pela pandemia do coronavírus, com foco nas redes de cuidado mobilizadas na defesa dos povos e comunidades tradicionais guarani mbya, quilombolas e caiçaras na disputa de seus territórios em Ubatuba. Situada nesse ponto específico da costa atlântica e, a partir da abordagem dos entramados comunitários de Raquel Gutierrez Aguilar, investigo os sentidos do comum no âmbito das lutas territoriais costeiras face à colonialidade moderna contemporânea. Como resultado identificou-se que a experiência de defesa da vida nas escalas de territorialidades intracomunitária e intercomunidades durante a pandemia da Covid-19, ampliou o espaço público para além da dimensão privada e estatal, ao mesmo tempo que avançou na instituição de um direito comunitário insurgente de reprodução da vida. A partir do protagonismo feminino nas ações coletivas de defesa do direito ao território fortaleceu-se a permanência e retomada de seus territórios ancestrais num contexto de intenso acirramento dos conflitos decorrentes de novos ciclos de privatização.

This article deals with life and death policies explained by the coronavirus pandemic, with focus on the care networks mobilized in the defense of the Guarani Mbya, Quilombolas and Caiçaras traditional communities face the conflicts over their territories in Ubatuba. Located in that specific point of the Atlantic Coast and, from the approach of Raquel Gutierrez Aguilar’s entramados comunitários, it investigates the senses of the common in the context of coastal territorial struglles against contemporany modern coloniality. As a result, it was identified that experience of defending life on the scales of intracommunity and intercommunities during the Covid-19 pandemic expanded the public space beyond the private and state propriety, at the same time that it avanced in the institution of an insurgent community law of reproduction of life. From the female protagonism in the collective actions to defend the right to the territory, the permanence and resuption of their ancestral territories was strenhthened in a context of intensification of the conflicts resulting from new privatizacion cycles.