Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/96429
Título: Da(s) Crise(s) à Adaptação: famílias com filhos adultos emergentes em contexto de instabilidade macroeconómica
Outros títulos: From Crisis to Adaptation: families with emerging adult children in context of macroeconomic instability
Autor: Fonseca, Nádia Gabriela Jorge
Orientador: Relvas, Ana Paula
Crespo, Carla
Palavras-chave: crise macroeconómica; macroeconomic crisis; adaptação familiar; famílias com filhos adultos emergentes; metodologia mista; investigação com famílias; family adaptation; families with emerging adult children; mixed methodology; family research
Data: 22-Out-2021
Projeto: Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/114861/2016) 
Local de edição ou do evento: Coimbra
Resumo: Introdução: O início do século XXI está a ser profundamente marcado por crises macroeconómicas. Ao longo dos últimos anos, as famílias portuguesas têm vivido num contexto macroeconómico instável na sequência da crise de 2008. Aproximadamente uma década depois, surge uma nova crise com contornos socioeconómicos complexos associada à pandemia de COVID-19. A emergência de circunstâncias macroeconómicas desfavoráveis acarreta desafios psicossociais para os indivíduos e famílias, incluindo declínios na saúde mental e no bem-estar familiar. Nos contextos macroeconómicos contemporâneos, são impostos reptos particularmente complexos às famílias com filhos adultos emergentes (i.e., 18-30 anos), na medida em que o ambiente de instabilidade pode ameaçar o processo de autonomização financeira dos jovens, tarefa desenvolvimental central deste período. Ancorada numa abordagem sistémica, atenta às interfaces entre dimensões contextuais e desenvolvimentais, e partindo de teorias de stress e resiliência familiares, esta investigação procurou desenvolver uma visão mais aprofundada sobre as vivências das famílias com filhos adultos emergentes em contexto de instabilidade macroeconómica. Foram definidos os seguintes objetivos principais: I. conhecer as exigências macroeconómicas que as famílias com filhos adultos emergentes têm enfrentado nos últimos anos e o seu impacto psicossocial; II. compreender como as mesmas se têm adaptado a estas exigências, identificando processos familiares de resiliência neste contexto de adversidade. Metodologia: Esta investigação apresenta um desenho metodológico misto, compreendo a recolha de dados quantitativos em 2016/2017, através de questionários de autorresposta; e de dados qualitativos em 2018/2019, através de entrevistas familiares conjuntas. Foi recolhida informação de múltiplos membros da família (pais, mães, e filho/as adulto/as emergentes), tendo participado um total de 424 famílias (1220 indivíduos) na componente quantitativa e de 14 famílias (48 indivíduos) na componente qualitativa. Na globalidade, esta investigação integra 11 estudos: seis estudos preliminares, quatro estudos conduzidos a partir dos dados quantitativos e um estudo conduzido a partir dos dados qualitativos. O trabalho preliminar envolveu duas revisões da literatura (Estudos 1 e 2), três estudos de adaptação de instrumentos que integraram o protocolo de investigação quantitativa (Estudos 3, 4 e 5); e um estudo adicional que, através de uma análise de dados omissos (missings), permitiu identificar boas práticas na avaliação de exigências macroeconómicas (Estudo 6). Adotando diferentes unidades de análise (individual, diádica, familiar), os Estudos 7, 8, 9, 10 e 11 procuraram responder aos objetivos principais do presente trabalho. Resultados: A partir da análise e integração dos resultados dos diferentes estudos, concluiu-se que, na sequência da crise de 2008, as famílias portuguesas com filhos adultos emergentes enfrentaram permanentemente exigências macroeconómicas – de natureza objetiva, sob a forma de adversidade económica (e.g., perda de rendimentos), sobretudo no início da década passada; e subjetiva, sob a forma de preocupações e receios financeiros (e.g., conseguiremos manter/encontrar emprego?), principalmente no final da década passada – as quais se traduziram num conjunto de custos psicossociais para os membros da família e para a família como um todo. Enquanto o impacto de exigências macroeconómicas objetivas se revelou mais pronunciado para certos grupos (e.g., subsistema parental, famílias de nível socioeconómico mais baixo), as implicações das preocupações financeiras foram transversais para indivíduos e famílias. Identificaram-se três grupos de processos familiares facilitadores da adaptação a exigências macroeconómicas: modus operandi e reajustamentos financeiros, recursos familiares, e significados e crenças familiares. O suporte parental destacou-se como um dos recursos mais significativos para lidar com a incerteza em tempos macroeconómicos difíceis. Conclusões: Não obstante as suas limitações (e.g., desenho transversal, foco nas famílias nucleares intactas), esta investigação contribuiu para o avanço do conhecimento científico sobre as interfaces entre famílias e os seus contextos macroeconómicos, proporcionando um primeiro retrato das vivências das famílias portuguesas com filhos adultos emergentes em instabilidade macroeconómica. Dos resultados deste trabalho decorrem implicações para a investigação futura, cuja pertinência se acentua atendendo à emergência da crise pandémica, bem como implicações práticas de carácter clínico e macrossocial. O mapeamento de custos económicos e psicossociais e de respostas adaptativas a exigências macroeconómicas, realizado nesta investigação, pode informar o desenvolvimento de programas e políticas públicas que visem a redução dos impactos negativos das crises macroeconómicas na vida de indivíduos, famílias e comunidades.
Introduction: The beginning of the 21st century has been deeply marked by macroeconomic crises. Over the last years, Portuguese families have been living in an unstable macroeconomic context in the aftermath of the 2008 crisis. Approximately one decade later, a new crisis involving complex socioeconomic features begins due to the COVID-19 pandemic. The emergence of adverse macroeconomic circumstances creates psychosocial challenges for individuals and families, including detrimental effects for mental health and family well-being. Amidst today’s macroeconomic contexts, families with emerging adult children (i.e., 18-30 years) face unique challenges, as macroeconomic instability may threaten the achievement of children’s financial independence, a central developmental task defining this life period. Stemming from a systemic approach, paying attention to the interfaces between contextual and developmental dimensions, and drawing upon family stress and resilience theories, the present research sought to develop an in-depth view of the experiences of families with emerging adult children in the context of macroeconomic instability. The following main aims were defined: I. to identify the macroeconomic demands that these families have been facing over the last years, and its psychosocial impact; II. to understand how they adapt to these demands, mapping the family processes that foster resilience in this context of adversity. Methodology: This research adopted a mixed methodological design, involving the collection of quantitative data in 2016/2017, through self-report questionnaires; and of qualitative data in 2018/2019, through joint family interviews. Data were collected from multiple family members (fathers, mothers and emerging adult children), with a total of 424 families (1220 individuals) participating in the quantitative component and of 14 families (48 individuals) participating in the qualitative component. Overall, this research includes 11 studies: six preliminary studies, four studies conducted with quantitative data and one study conducted with qualitative data. The preliminary work encompassed two literature reviews (Studies 1 and 2), three studies of validation of measures that integrated the quantitative assessment protocol (Studies 3, 4 and 5), and one additional study that allowed the identification of best practices in the assessment of macroeconomic demands, through an inspection of missingness (Study 6). Adopting different units of analysis, Studies 7, 8, 9, 10 e 11 aimed to provide answers to the main goals of the present work.Results: The analysis and integration of the studies’ results showed that, in the aftermath of the 2008 crisis, Portuguese families with emerging adult children have been continuously facing macroeconomic demands – objective, in the form of economic hardship (e.g., income loss), mainly during early 2010s; and subjective, in the form of economic strain, worries and fears (e.g., will we be able to maintain/find a job?), mainly in late 2010s – which resulted in psychological costs for family members and for the family as a whole. The impact of objective macroeconomic demands was found to be more pronounced for specific groups (e.g., parental subsystem, families with a lower socioeconomic status), while economic strain appeared to involve transversal consequences within and between families. Three groups of family processes for adaptation to macroeconomic demands were identified: modus operandi and financial readjustments, family resources, and family meanings and belief systems. Parental support was found to be one of the most significant resources to deal with uncertainty during macroeconomic hard times. Conclusions: Despite its limitations (e.g., cross-sectional design, focus on two-parent families), this research contributed to advance the scientific knowledge about the interfaces between families and their macroeconomic contexts, providing a first look into the experiences of Portuguese families with emerging adult children in macroeconomic hard times. Findings from our studies have implications for future research, which takes significant momentum in the wake of the socioeconomic ramifications of the pandemic, as well as practical implications at the clinical and macrosocial levels. The map of economic and psychosocial costs and adaptative responses to macroeconomic demands, resulting from this research, can inform the development of programs and public policies aimed at reducing the negative impacts of macroeconomic crises in the lives of individuals, families and communities.
Descrição: Tese no âmbito do Programa Inter-Universitário de Doutoramento em Psicologia, área de especialização em Psicologia Clínica - área temática: Psicologia da Família e Intervenção Familiar, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, em associação com a Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, orientada pela Professora Doutora Ana Paula Pais Rodrigues da Fonseca Relvas e pela Professora Doutora Carla Alexandra Mesquita Crespo e apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/96429
Direitos: embargoedAccess
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