Qualidade de Vida Profissional e a sua relação com a Perceção do Suporte Social em Profissionais de Casas de Acolhimento Residencial

Abstract

Os profissionais das Casas de Acolhimento (CA) de crianças e jovens em risco estão expostos, na sua prática diária, a elementos stressantes resultantes da sua atividade. Quando cuidam de crianças e jovens traumatizados, poderão sofrer de uma forma de stresse caracterizado pelos sintomas de Burnout e de Stresse Traumático Secundário. Estas dimensões negativas estão incorporadas no conceito de Qualidade de Vida Profissional, aos quais se junta a dimensão positiva denominada de Satisfação por Compaixão. Níveis médios e altos das dimensões negativas – Burnout e Stresse Traumático Secundário – podem trazer prejuízos pessoais, profissionais, institucionais e também ao nível da qualidade dos cuidados residênciais. Um dos fatores que amortece o impacto potencialmente disruptivo do meio em que estes profissionais trabalham é a Perceção do Suporte Social proveniente de várias fontes, nomeadamente, da intimidade, da família, dos amigos e das actividades sociais em que se encontram inseridos. Neste sentido, constituíram objetivos deste estudo: i) avaliar os níveis das diferentes componentes da Qualidade de Vida Profissional – Burnout, Stress Traumático Secundário e Satisfação por Compaixão – de profissionais de Casas de Acolhimento Residencial (CAR); ii) analisar a Perceção do Suporte Social dos profissionais das CAR; iii) Comparar a Qualidade de Vida Profissional e a Perceção do Suporte Social entre profissinais das equipas técnicas e profissinais das equipas educativas das CAR; iv) analisar a relação entre a Qualidade de Vida Profissional e a Perceção do Suporte Social dos profissionais das CAR; e v) analisar em que medida a Perceção do Suporte Social é preditor da Qualidade de Vida Profissional Social dos profissionais das CAR.A amostra foi composta por 85 profissionais de Casas de Acolhimento, com idades entre os 20 e os 58 anos (M = 39,38; P= 11,300), de ambos os sexos (76,5% mulheres). No que diz respeito aos dados laborais, 75.3% faz parte das Equipas Educativas e 68.2% trabalham em CAR há menos de dez anos. Estes profissionais responderam a três instrumentos de autorresposta, nomeadamente, a um Questionário sobre dados sociodemográficos e laborais construído para o efeito, à Professional Quality of Life Scale (ProQOL-55) e à Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS). Foram encontrados para o Burnout níveis médios a altos na maioria da amostra (74,1%, N = 63); 71,8% apresenta níveis médios a altos de Stresse Traumático Secundário (N = 43); e 70.6% dos participantes apresenta níveis médios a altos de Satisfação por Compaixão (N = 60). Não se encontraram diferenças estatisticamente significativas para as três componentes da Qualidade de Vida Profissionalem função do sexo, faixa etária, horário de trabalho (turnos) e em função do tempo de atividade em CAR.A Perceção do Suporte Social, nomeadamente o que provem das relações de intimidade, tem valor preditivo sobre a Qualidade de Vida Profissional pelo papel de apoio que o parceiro ou o cônjuge desempenham. Por fim, são apresentadas algumas sugestões para as instuituições de Casas de Acolhimento Residencial na ótica de melhorar as suas práticas e proteger os seus trabalhadores como, por exemplo, diretrizes claras e suporte mais direto.

Residential Care Workes (RCW) in institutions for children and youth at risk are daily exposed to stressful elements resulting from their activity. When caring for traumatized children and youth, professionals can come to suffer from a form of stress characterized by Burnout and Secondary Traumatic Stress symptoms. These negative dimensions are incorporated in the concept of Compassion Fatigue, which also includes a positive dimension named Compassion Satisfaction. Medium to high levels of the negative dimensions – Burnout and Secondary Traumatic Stress – can lead to personal, professional and institutional issues, as well as jeopardizing the quality of residential care. One of the moderating factores of the potentially disruptive environment in which these professionals work is the Perceived Social Support from different sources, i.e. from intimacy, family, friends and social activities in which they participate. In this sense, the present study aims to: i) analyze the Residential Care Workers’ levels of the different dimensions of Professional Quality of Life - Burnout, Secondary Traumatic Stress and Compassion Satisfaction; ii) analyze Residential Care Workes’ Perceived Social Support levels; iii) compare the Educational Team and Technical Team’s Professional Quality of Life and Perceived Social Support levels; iv) analyze the relation between the Residential Care Workes’ levels of Professional Quality of Life and Perceived Social Support; v) analyze the predictive role of Perceived Social Support for Residential Care Workes’ Professional Quality of Life. The sample comprised of 85 Residential Care Workers, between 20 and 58 years of age (M = 39,38; DS= 11,300), of both sexes (mainly women, 76,5%). Relatively to the occupational data, 75.3% of the professionals work in the Educational Teams and 68.2% have been working in Residential Care Homes for less than ten years. These professionals filled in three self-completion questionnaires: a Sociodemographic and occupational data questionnaire tailored specifically for this study, the Professional Quality of Life Scale (ProQOL-5) and the Perceived Social Support Satisfaction Scale (ESSS). The majority of the participants scored medium to high levels of Burnout (74,1%, N = 63); 71,8% of participants scored medium to high levels of Secondary Traumatic Stress (N = 43), and 70.6% scored medium to high levels of Compassion Satisfaction (N = 60). No statistically significant differences were found for the three dimensions of the Professional Quality of Life in relation to sex, age, work shifts or years of activity in Residential Care Homes. Perceived Social Support, namely support from Intimacy, was found to have predictive validity for Professional Quality of Life, explained by the role of support and care played by partnrs our spouses Finally, the present study also includes suggestions for Residential Care Homes in order to improve their practices and better protect their workers, such as providing clear guidelines and direct support.