Estimulação Cerebral Profunda no AVC

Abstract

Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. De entre os doentes que sobrevivem ao episódio agudo, mais de 78% nunca chegam a atingir uma funcionalidade normal, apresentando não só défices neurológicos persistentes, apesar das técnicas de reabilitação, mas também alterações psicológicas, emocionais e comportamentais. Essa realidade leva a uma diminuição na qualidade de vida substancial, muitas vezes com uma resposta parca.A grande prevalência da doença, que afecta mais de 4000 pessoas por mês no nosso país, associada à elevada morbi-mortalidade, torna-a objecto de grande interesse público.Atualmente, as opções terapêuticas de que se dispõe são a terapia de trombólise, na fase aguda, e técnicas de reabilitação e suporte na fase crónica, que não infrequentemente deixam muitos doentes sem resposta.Por esse motivo, considera-se importante a investigação de novas técnicas de reabilitação e terapêutica, principalmente direcionadas aos doentes que se mantêm refractários aos métodos existentes, permitindo dar-lhes uma nova esperança.De entre os métodos em estudo, a Estimulação Cerebral Profunda (ECP) tem-se mostrado dos mais promissores, através da estimulação eléctrica de alvos cerebrais, para promover a melhoria sintomatológica e a recuperação das sequelas pós-AVC. Sendo já um método bem estabelecido na Doença de Parkinson, as suas evidências em doenças do movimento e outros distúrbios neuronais são crescentes.Esta revisão tem, assim, como objectivo abordar as várias sequelas do AVC nas quais é possível aplicar ECP, os alvos terapêuticos usados em cada uma delas e o resultado obtido, com base nos estudos mais recentes publicados sobre o tema.Métodos: Revisão de literatura pertinente com intuito de perceber o estado atual da aplicação da técnica às diversas comorbilidades resultantes da resposta maladaptativa nos doentes pós-AVC e as perspectivas futuras.Conclusão: Foi possível perceber que a ECP tem atualmente um papel restrito no tratamento dos distúrbios pós-AVC, apesar de vários estudos reportarem resultados muito positivos e promissores nos mesmos. Essa realidade assenta, provavelmente, na escassez de estudos randomizados e controlados, com follow-up a longo prazo e no alto custo da técnica. Através da melhoria destes e de uma seleção criteriosa dos doentes, a ECP será uma opção terapêutica cada vez mais valorizada.

Introduction: Stroke is the leading cause of death and disability in Portugal. Of the patients who survive the acute episode, more than 78% never reach normal functionality, presenting not only persistent neurological deficits, despite rehabilitation techniques, but also psychological, emotional and behavioural changes. This reality leads to a substantial decrease quality of life, often with a poor response. The high prevalence of the disease, which affects more than 4000 people per month in our country, associated with high morbidity and mortality, makes it the object of great interest. The currently available therapeutic options are thrombolysis therapy in the acute phase and rehabilitation and support techniques in the chronic phase, which not infrequently leave many patients unresponsive. Therefore, it is considered important to research on new techniques of rehabilitation and therapy, mainly aimed at patients who remain refractory to existing methods, allowing them to give them new hope. Among the methods under study, Deep Brain Stimulation (ECP) has been shown to be the most promising, through the electrical stimulation of cerebral targets, to promote symptomatic improvement and recovery of post-stroke sequelae. As a well-established method in Parkinson's disease, its evidence in movement disorders and other neuronal disorders are increasing. This review thus aims to address the various sequelae of stroke in which ECP can be applied, the therapeutic targets used in each of them and the result obtained, based on the most recent studies published on the subject.Methods: Review of relevant literature in order to perceive the current state of application of the technique to the various comorbidities resulting from the maladaptive response in post-stroke patients and the future perspectives.Conclusion: It was possible to realize that DBS currently has a restricted role in the treatment of post-stroke patients, although several studies report very positive and promising results. This reality is probably based on the absence of randomized and controlled studies with long-term follow-up and in the high cost of the technique. Through the improvement of these and careful selection of patients, DBS will be a therapeutic option increasingly valued.