Padrões do sono em idade pré-escolar e PHDA

Abstract

No presente momento não existe tratamento curativo para Perturbação de Hiperatividade e Défice de atenção (PHDA), patologia com consequências negativas no percurso escolar, na dinâmica social e familiar e tendência a comportamentos potencialmente perigosos. Como são múltiplos os fatores que influem na sua etiopatogenia, o tratamento é complexo e torna-se difícil conseguir a intervenção terapêutica mais ajustada às especificidades individuais. Deste modo, esclarecer fatores que possam associar-se à doença e possam ser foco de modificação, será útil na promoção do desenvolvimento saudável destas crianças. O presente trabalho é um estudo piloto de um estudo longitudinal com o objetivo de estudar e esclarecer alguns dos fatores que parecem influenciar a PDHA, nomeadamente os problemas de sono e secundariamente a exposição pré-natal a tabaco e álcool, antecedentes familiares, estilos parentais e exposição diária a ecrãs. A avaliação foi concretizada através de questionários validados com versão portuguesa, dirigidos a pais de crianças entre os 3 e 4 anos que vieram a consulta em Centros de Saúde da Região Centro, para medir o consumo materno durante a gravidez de álcool e tabaco, o tempo diário que a criança está em frente de um aparelho de ecrã, os hábitos de sono da criança e os problemas de sono que possam existir, dificuldades comportamentais da criança, a presença de sintomas de PHDA nos pais e a tipologia parental preponderante. No total foram recolhidos 31 questionários. Da análise estatística evidenciou-se uma correlação significativa moderada entre distúrbios de sono e problemas comportamentais (coeficiente de Spearman de 0,491, p=0,009). Verificou-se uma correlação fraca para a associação entre hiperatividade parental e na criança (correlação de Spearman de 0,391, p=0,036).Os resultados obtidos revelam associação que poderá estar relacionada com causalidade entre problemas de sono e a evolução de PDHA. Contudo, nesta fase, considerando o pequeno tamanho amostral, não podem ainda ser traçadas conclusões, aguardando os resultados do estudo longitudinal com reavaliação dentro de 4 anos.

At present, there is no curative treatment for Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD), a pathology with negative consequences in school, social and family dynamics, and a tendency towards potentially dangerous behaviors. As there are multiple factors that influence its etiopathogenesis, the treatment is complex and it becomes difficult to achieve the therapeutic intervention more adjusted to the individual specificities. Thus, clarifying factors that may be associated with the disease and may be a focus of modification, could be useful in promoting the healthy development of these children.The present study is a pilot study of a longitudinal study with the purpose of evaluating and clarifying some of the factors that seem to influence ADHD, namely sleep problems and secondarily prenatal exposure to tobacco and alcohol, family history, parenting styles and daily exposure to screens.The evaluation was carried out through validated questionnaires with Portuguese versions, addressed to parents of children between the ages of 3 and 4, who attended Primary Healthcare Units of the Central Region of Portugal. These questionnaires attempt to measure maternal consumption of alcohol and tobacco during pregnancy, daily time spent in front of a screen, the child's daily sleeping habits and possible sleeping problems, child's behavioral difficulties, the presence of ADHD symptoms in the parents and the prevailing parental typology.In total, 31 questionnaires were collected. Statistical analysis showed a moderate significant correlation between sleep disorders and behavioral problems (Spearman coefficient of 0.491, p = 0.009). A weak correlation was found for the association between parent and child hyperactivity (Spearman correlation of 0.391, p = 0.036).The results obtained reveal association that may be related to link between sleep problems and the course of PHDA. However, at this stage, considering the small sample size, cannot yet be drawn conclusions, awaiting the results of the longitudinal study with re-evaluation within 4 years.