A exploração de uma realidade obscura: um contributo aos comportamentos autolesivos na Região Autónoma da Madeira

Abstract

Os comportamentos autolesivos são ainda condutas subdiagnosticadas na nossa sociedade. O progressivo aumento destes casos na atualidade, bem como a escassa informação sobre esta matéria na Região Autónoma da Madeira, aliada à complexidade da sua análise, em termos de eficácia das medidas psicossociais implementadas, foram os principais motivos deste estudo. Os comportamentos autolesivos em adolescentes são o resultado de diversos fatores individuais, familiares e socioculturais. O presente trabalho teve como objetivo a análise desses mesmos fatores, através de um levantamento dos casos de comportamentos autolesivos sinalizados no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, no período compreendido entre 2012 e 2016. Este trabalho tem como objetivo compreender a prevalência dos comportamentos autolesivos na Região Autónoma da Madeira e dos fatores subjacentes e/ou relacionados com esta problemática, nomeadamente relações familiares, absentismo escolar, tipologias familiares, diagnósticos clínicos, intervenções sociais realizadas e outros relevantes, bem como a averiguação da situação atual dos mesmos. Foram analisados 150 casos com idades compreendidas entre 0 e 18 anos, sendo que 75 corresponderam especificamente a casos de comportamentos autolesivos com uma grande predominância do género feminino. Notou-se ainda a existência de um elevado índice de risco em situações de divórcio entre os progenitores e um maior número de casos na localidade do Funchal, Câmara de Lobos, Santa Cruz e Machico. Os dados estatísticos obtidos na presente investigação evidenciaram características e/ou padrões dos grupos de risco em que será mais frutuoso intervir e prevenir, representando informações úteis para futuras prevenções no âmbito da Saúde Mental, da Infância e da Adolescência na Região Autónoma da Madeira. Em regra, perante a sociedade e as instituições que não são do âmbito da saúde, como as escolas e os lares de infância e juventude, a definição dos comportamentos autolesivos ainda não é clara para os profissionais envolventes, revelando assim uma dificuldade acrescida na correta intervenção, avaliação e referenciação dos casos.

Unfortunately, self-injurious behaviors are still underdiagnosed behaviors in our society. The scarce information on this subject in the Autonomous Region of Madeira, especially in the area of psychosocial measures, allied to the complexity of its analysis and lack of standardization wich involve this type of evaluation were the main reasons for this study. Nowadays, self-injurious behaviors in adolescents are like the end result of several factors, either a personal level or a familiar level or a social lever. Consequently, an investigation had as main objective a survey of all cases of self-injurious behavior in Autonomous Region of Madeira and an analysis of the prevalence of behaviors, as well as an analysis of several factors relevant for the years 2012 to 2016. This study aims to understand the prevalence of self-injurious behaviors in Madeira Island and factors involved and / or related to this problem, such as family relationships, school absenteeism, family typologies, clinical diagnoses, social interventions and other relevant interventions like the investigation of their current situation. A total of 150 cases were analyzed between the ages of 0 and 18 years, of which 75 corresponded specifically to cases of self-injurious behaviors with a predominance of females. It was also noted the existence of a high risk index in divorce situations between the parents and a greater number of cases in the locality of Funchal, Câmara de Lobos, Santa Cruz and Machico. The statistical data obtained in the present research showed characteristics and / or patterns of risk groups which will be more fruitful to intervene and prevent, representing information useful for future prevention in the field of Mental Health, Childhood and Adolescence in the Autonomous Region of Madeira.In rule, towards a society and non-health institutions like schools and shelters for children and young people, the definition of self-injurious behaviors is still unclear for the surrounding professionals revealing an added difficulty in correct intervention, evaluation and reference.