Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/696
Title: Violência, justiça e sociedade rural : os campos de Coimbra, Montemor-o-Velho e Penacova de 1858 a 1918
Authors: Vaquinhas, Irene Maria de Montezuma de Carvalho Mendes 
Keywords: História Moderna e Contemporânea; História rural -- Baixo Mondego -- 1858-1918; História social -- Baixo Mondego -- 1858-1918
Issue Date: 5-Feb-1991
Citation: VAQUINHAS, Irene Maria - Violência, justiça e sociedade rural : os campos de Coimbra, Montemor-o-Velho e Penacova de 1858 a 1918. Coimbra, 1990.
Abstract: A partir de documentos de proveniência diversa - recenseamentos da população, cadastro da propriedade, registos de passaportes, processos correccionais, entre outros - procurou-se fazer um estudo aprofundado sobre a sociedade rural das regiões de Coimbra, Montemor-o-Velho e Penacova desde meados do século passado até cerca de 1918. Determinar como é que concelhos geograficamente diversos mas que têm em comum a partilha de um rio - o Mondego - reagiram ao desenvolvimento económico iniciado com a Regeneração, quais as modalidades revestidas em cada concelho e quais os seus reflexos ao nível dos comportamentos e atitudes rurais. Sendo concelhos predominantemente agrícolas acusam, durante o período considerado, um fraco crescimento populacional devido à emigração. Na base deste fenómeno encontram-se importantes transformações agrícolas. Por um lado, o desaparecimento do direito de compáscuo, exercido nos campos do Mondego, que arrastando a diminuição da criação de gado contribuirá para o empobrecimento de muitos. Por outro lado, a introdução da cultura do arroz que obedecendo a imperativos comerciais conduzirá a profundas alterações ecológicas, com inevitáveis reflexos sociais. Sendo uma cultura subsidiária da média ou grande propriedade vai levar à criação de um poderoso grupo de influentes locais. Nos fins do século XIX, a transformação das culturas e do cadastro da propriedade, a desvalorização do preço da terra, associados a crises específicas de certos ramos da produção (vinho, gado), agudizaram os conflitos sociais, provocando uma grande inquietação no mundo agrário e acelerando a emigração em direcção ao Brasil. Como resposta à depressão agrícola exige-se um maior intervencionismo estatal, criam-se os primeiros sindicatos agrícolas e multiplicam-se as mútuas de gado. Todas estas modificações se reflectiram na estrutura social, intensificando a violência, quer a interna e específica da sociedade rural, quer aquela que é dirigida contra a instauração da ordem económica liberal e que se vai expressar nas contravenções às leis do reordenamento agrícola e hidráulico do Mondego, às leis das estradas e dos caminhos de ferro e ao avanço dos campos de arroz. A análise dos processos correccionais permitiu, neste domínio, um estudo detalhado do processo da violência nestas áreas, permitindo esclarecer sobre a sua cartografia, caracterização social das classes perigosas, motivações ou os seus mecanismos de controlo. A violência não é aqui um epifenómeno restrito a certas franjas sociais mas, pelo contrário, atravessa todos ou quase todos os estratos sociais, fazendo parte dos costumes. Desta análise ressalta o seu carácter profundamente tradicional, servindo a violência para assegurar a manutenção do statu quo. Num mundo em mudança, a violência é um dos instrumentos de que a sociedade rural se serve para recusar a passagem do mundo tradicional a um mundo agrícola sujeito às regras do capitalismo.
Description: Tese de doutoramento em Letras (História Moderna e Contemporânea) apresentada à Fac. de Letras da Univ. de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/696
Rights: openAccess
Appears in Collections:FLUC Secção de História - Teses de Doutoramento

Show full item record

Page view(s) 20

765
checked on Apr 24, 2024

Download(s)

186
checked on Apr 24, 2024

Google ScholarTM

Check


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.