Sentido, simbolismo e interpretação no discurso filosófico de Nicolau de Cusa

Abstract

Mais do que abordar um aspecto específico de Nicolau de Cusa, a Dissertação propõe-se reperspectivar toda a sua filosofia como uma filosofia do símbolo e da interpretação. Fá-lo desdobrando a reflexão em quatro momentos sucessivos: primeiro situa o sentido da abordagem realizada no contexto dos sentidos dos discursos que têm sido produzidos sobre o pensamento cusano e no contexto do sentido do próprio discurso cusano que aparece precisamente como um discurso do sentido; num segundo momento, a atenção dirige-se para aquilo que se pode chamar os fundamentos metafísico-transcendentais duma filosofia da interpretação em Nicolau de Cusa e que se resumem à consideração do Máximo, enquanto unidade infinita, como absoluta plenitude de sentido, à articulação entre identidade e diferença operada através do carácter transcendental dos nomes (e respectivos conceitos) com que o autor persegue conjecturalmente esse Máximo, e à concepção relacionalista ou sistémica do universo que dessa articulação é deduzida, dando origem a uma ontologia eminente-mente estética; num terceiro momento, centra-se no mundo dos símbolos deste autor (o mundo, o homem, o conhecimento, o discurso e a arte) prestando especial atenção a algumas das metáforas mais significativas em que ele se exprime; finalmente, e em termos conclusivos, é reequacionada a nova lógica cusana inerente à sua douta ignorância para a reperspectivar numa dimensão interpretativa.