Da música na Universidade de Coimbra : 1537-2002

Abstract

A presente dissertação, de natureza cronotópica e estrutural, incide sobre o estudo da evolução normativa (estatutária e outras regulamentações), em que assentou a relação intrínseca entre a cadeira de Música da Universidade de Coimbra, a Real Capela de S. Miguel e a instituição universitária propriamente dita, com os Colégios que a integraram e que com ela, constituíram um centro de ciência e cultura musical, disputando o prestígio que anteriormente pertencera, nesta cidade, apenas ao Mosteiro de Santa Cruz e à Sé Catedral. Com base no referido estudo normativo-estatutário, ficou demonstrado que a cadeira de Música existiu continuadamente na Universidade de Coimbra, desde a reforma de D. João III até ao início do século XX, dando lugar, já no fim da segunda década, à cadeira de História da Música e, mais tarde, às Ciências Musicais. Por outro lado, foi posta em evidência a importância do seu ensino, através do paralelismo entre a Capela da Universidade e a cadeira de Música com os seus lentes, na dupla função de Lente da cadeira de Música e de Mestre da Capela. No âmbito desta, foi aprofundado o estudo dos órgãos e concretizada a datação e a identificação do organeiro que construiu o instrumento actual, e de outros artífices que trabalharam nele e na sua caixa. A existência da cadeira foi demonstrada, através da referida regulamentação e da concreta prova do seu ensino, evidenciada na reconstituição dos elos da corrente dos lentes que ora se apresentam pela primeira vez na sua totalidade e cronologicamente sequenciados. Para um melhor enquadramento da reforma operada por D. João III, procedeu-se a uma abordagem sumária de alguns aspectos que a antecederam, desde a fundação do Estudo Geral, mormente a presença da música nas universidades portuguesa e salmanticense, no período medievo, e o culto da música na corte portuguesa quatrocentista, factores subjacentes à continuidade do seu ensino após a transferência definitiva para Coimbra. O trabalho apresenta-se em dois volumes: o primeiro dividido em cinco capítulos, e o segundo constituído pelo Apêndice Documental com transcrições e cópias de manuscritos. Um estudo específico sobre a presença da música na Universidade de Coimbra, durante o período que delimitámos, não estava disponível até aos nossos dias.