Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/32327
Title: Experiências Emocionais Precoces e (des)Regulação Emocional: Implicações para os Comportamentos Autolesivos na Adolescência
Authors: Xavier, Ana Maria de Jesus 
Orientador: Gouveia, José Pinto
Cunha, Marina
Keywords: Adolescência; Autocriticismo; Autocompaixão; Comportamentos autolesivos; Depressão; Dissociação; Evitamento Experiencial; Grupo de Pares; Medos da compaixão; Memórias Emocionais; Regulação Emocional; Ruminação; Vergonha
Issue Date: 2-Feb-2017
Citation: XAVIER, Ana Maria de Jesus - Experiências emocionais precoces e (des)regulação emocional : Implicações para os comportamentos autolesivos na adolescência. Coimbra : [s.n.], 2017. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/32327
Project: info:eu-repo/grantAgreement/FCT/SFRH/SFRH/BD/77375/2011/PT 
Abstract: A literatura empírica tem consistentemente mostrado o papel das experiências emocionais precoces (adversas versus de vinculação e segurança) no desenvolvimento de sistemas de regulação dos afetos (focados na ameaça versus afeto positivo) e o seu subsequente impacto no ajustamento psicológico na adultez. Contudo, a investigação ainda é lacunar na compreensão da relação entre essas experiências precoces e os processos psicológicos durante a fase da adolescência. A adolescência pelas suas características desenvolvimentais encontra-se mais vulnerável a dificuldades emocionais e psicológicas. Adicionalmente, constata-se um interesse crescente pela investigação sobre os comportamentos autolesivos nesta faixa etária devido às elevadas taxas de prevalência, natureza nefasta e consequências associadas. Neste sentido, a presente dissertação teve como objetivo principal estudar a influência das experiências emocionais com os pais e com o grupo de pares no desenvolvimento de processos adaptativos ou mal-adaptativos de regulação dos afetos e as suas implicações para a vulnerabilidade e manutenção dos comportamentos autolesivos em adolescentes. A presente investigação inclui dez estudos empíricos com um desenho transversal e longitudinal. Estes estudos foram conduzidos em diversas amostras de adolescentes com idades compreendidas entre os 12 e os 19 anos de idade, a frequentar entre o 7º e o 12º ano de escolaridade. Foram administrados questionários de autorrelato para avaliar os constructos em estudo. Os resultados dos estudos psicométricos mostraram que as três medidas de autorrelato analisadas, Early Life Experiences Scale, Ruminative Responses Scale, Risk-taking and Self-harm Inventory for Adolescents, replicaram a sua estrutura fatorial original, apresentaram boa consistência interna e validade convergente. Relativamente aos estudos transversais, os resultados sugerem que a presença de afeto negativo, de experiências emocionais de ameaça, subordinação e desvalorização, de medo da autocompaixão e a pertença ao género feminino são fatores de risco para os comportamentos autolesivos. Os nossos resultados acrescentam que as experiências emocionais negativas têm um impacto nos comportamentos autolesivos através do seu efeito nos estados emocionais negativos, e que este efeito é amplificado pela presença de problemas diários com o grupo de pares. Verificou-se também que o impacto das experiências emocionais negativas, das poucas experiências precoces de calor e segurança, e das experiências de vitimização pelos pares no envolvimento em comportamentos autolesivos foi mediado pelo autocriticismo e pela sintomatologia depressiva. Os resultados demonstraram igualmente que os adolescentes com traços disposicionais de vergonha, de autocriticismo e de medo da autocompaixão tendem a estar mais vulneráveis a problemas diários com os pares e a sintomas depressivos, e, por sua vez, ao envolvimento em comportamentos autolesivos. Verificou-se ainda o efeito protetor da autocompaixão na relação entre a sintomatologia depressiva e os comportamentos autolesivos. Os nossos resultados mostraram também que os adolescentes que lidam com problemas diários com o grupo de pares, através do uso de estratégias de regulação emocional focadas no evitamento (ruminação, evitamento experiencial e dissociação), tendem a experienciar níveis mais elevados de sintomas depressivos e, por sua vez, a envolver-se em comportamentos autolesivos. Finalmente, o estudo longitudinal indicou que a manutenção dos comportamentos autolesivos, ao longo de um período de seis meses, é explicada através da presença de autocriticismo, na sua forma mais tóxica e severa (i.e., Eu detestado) e de sintomas depressivos. De um modo geral, o conjunto dos estudos empíricos sugere que as experiências emocionais negativas e a ausência de experiências de calor e segurança com a família contribuem para o desenvolvimento de um sentido do eu focado na ameaça e na autocrítica, o que aumenta a vulnerabilidade para os estados emocionais negativos dos adolescentes, e para a ocorrência de comportamentos autolesivos nesta faixa etária. Também as experiências de bullying com o grupo de pares, pela sua natureza ameaçadora e envergonhadora, vão ativar o autocriticismo, os sentimentos e comportamentos defensivos, com implicações nefastas no estabelecimento de papéis sociais importantes na adolescência. Os comportamentos autolesivos surgem na tentativa de regular memórias adversas, emoções intensas e negativas, e cognições autopersecutórias e de autoataque. O Eu detestado e a sintomatologia depressiva constituem-se como mecanismos específicos do ciclo de perpetuação dos comportamentos autolesivos na adolescência. O desenvolvimento de competências de autocompaixão poderá ajudar os adolescentes a aprender uma resposta saudável e alternativa ao autocriticismo, assim como a regular eficazmente os estados emocionais negativos, reduzindo o envolvimento em comportamentos autolesivos. Esta dissertação de doutoramento lança novos desafios à investigação futura e contém implicações preventivas e clínicas relevantes para melhorar o bem-estar psicológico e emocional dos adolescentes.
Literature has consistently shown the role of early emotional experiences (adverse versus attachment and safeness) in the development of affect regulation systems (focused on threat or positive affect) and their subsequent impact on psychological adjustment in adulthood. However, research is still scarce on the understanding of the relationship between early experiences and psychological processes in adolescence. Due to its characteristics, adolescence is a developmental period highly vulnerable to emotion and psychological difficulties. In addition, there is an increasing interest in studying non-suicidal self-injury in this age group due to its high prevalence rates, detrimental nature and associated consequences. Therefore, the main goal of the present thesis was to study the influence of emotional experiences with parents and peers in the development of adaptive or maladaptive emotion regulation processes, as well as their implications for the vulnerability and maintenance of non-suicidal self-injury in adolescents. The present thesis includes ten empirical studies with cross-sectional and longitudinal designs. These studies were conducted in diverse samples of adolescents with ages between 12 and 19 years old, from 7th to 12th grades in school. Self-report questionnaires were used to assess constructs under study. Results from the psychometric studies showed that the three self-report questionnaires analyzed, Early Life Experiences Scale, Ruminative Responses Scale, Risk-taking and Self-harm Inventory for Adolescents, corroborated the original factorial structure, presented good internal consistencies, and convergent validity. Regarding the cross-sectional studies, results suggest that the presence of negative affect, emotional experiences of threat, subordination and devaluation, fear of self-compassion and being female are risk factors for non-suicidal self-injury. Our results added that negative emotional experiences have an impact on non-suicidal self-injury through its effect on negative emotional states, and this effect was amplified by the presence of daily peer hassles. Additionally, the impact of negative emotional experiences, the lack of early experiences of warmth and safeness, and peer victimization on the engagement in non-suicidal self-injury was mediated by self-criticism and depressive symptoms. Results further indicated that adolescents with dispositional traits of shame, self-criticism and fear of self-compassion tend to be more vulnerable to the impact of daily peer hassles and depressive symptoms, and in turn to engage in non-suicidal self-injury. Moreover, results established that self-compassion protect against the negative impact of depressive symptoms on non-suicidal self-injury. Our results also demonstrate that adolescents who cope with daily peer hassles through avoidance-focused emotion regulation strategies (rumination, experiential avoidance, and dissociation) tend to experience high levels of depressive symptoms and to engage in non-suicidal self-injury. Lastly, results from longitudinal study showed that the maintenance of non-suicidal self-injury, during 6-months temporal interval, occurs through the presence of self-criticism, in its most toxic and severe form (i.e., self-hatred), and depressive symptoms. Taken together, results suggest that negative emotional experiences and the lack of warmth and safeness experiences with family contribute to the development of a sense of self focused on threat and self-criticism, which in turn increase the vulnerability for adolescents’ negative emotional states, and for the occurrence of non-suicidal self-injury in this age group. Furthermore, due to its threatening and shaming nature, being bullied by peers will trigger self-criticism, defensive feelings and behaviors, with harmful implications to the establishment of important social roles in adolescence. Non-suicidal self-injury occurs as an attempt to regulate adverse memories, negative and intense emotions, and self-attacking and self-persecutory cognitions. Both self-hatred and depressive symptoms are specific mechanisms of the perpetuation cycle for non-suicidal self-injury in adolescence. Adolescents would benefit from the development of self-compassionate skills in order to help them displaying a healthy and adaptive way as a counter response to self-criticism and regulating effectively negative emotional states without engaging in non-suicidal self-injury. This doctoral thesis’ findings raise new challenges for future research and entail relevant preventive and clinical implications for improving emotional and psychological well-being of adolescents.
Description: Tese de doutoramento em Psicologia, na especialidade de Psicologia Clínica, apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/32327
Rights: openAccess
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