Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/18108
Título: Estado nutricional e ingestão alimentar numa população de idosos institucionalizados|
Autor: Marques, Filipa dos Santos Cunha e 
Palavras-chave: Estado nutricional; Envelhecimento; Ingestão alimentar
Data: 2008
Resumo: O processo de envelhecimento acarreta muitas alterações (fisiológicas, sociais e psicológicas) que interferem directamente com a ingestão alimentar e estado nutricional dos idosos. Objectivos: O principal objectivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional e a ingestão alimentar de um grupo de idosos institucionalizados. Para além da caracterização da amostra do ponto de vista do estado nutricional e da ingestão alimentar, pretendeu-se analisar a relação entre estes dois parâmetros e ainda determinar alguns factores que possam interferir com os mesmos. Métodos: O estudo foi desenvolvido num lar de idosos, sendo a amostra composta por 128 indivíduos. Desenvolveu-se um inquérito (composto por: uma parte de identificação, uma parte de avaliação antropométrica, uma parte de avaliação clínica e bioquímica, e o registo alimentar), que incluía o Mini-Nutritional Assessment (MNA). A avaliação do estado nutricional foi obtida a partir da recolha de dados antropométricos (peso, altura, distância do joelho ao calcanhar, Índice de Massa Corporal (IMC), perímetro do braço e da perna), da aplicação do questionário Mini Nutritional Assessment (MNA), e da recolha de dados bioquímicos (glicemia, colesterol total, colesterol HDL, triglicerídeos, albumina, hemoglobina e transferrina). Na análise da ingestão alimentar procedeu-se ao registo alimentar (com pesagem) dos alimentos ingeridos ao longo de 24 horas por parte dos idosos, durante três dias (dois dos quais dias de semana e um dia de fim-de-semana). Posteriormente os dados da ingestão alimentar foram convertidos em nutrientes pelo programa informático Food Processos Plus. Os dados da ingestão alimentar, em nutrientes, foram comparados com as recomendações nutricionais (Dietary Recommended Intakes - DRI). Resultados: Dos 128 indivíduos que compunham a amostra, 59,4% pertenciam ao sexo feminino e 40,6% ao sexo masculino. A média das idades era de 80,98 (7,58) anos. Os idosos recebem em média 317,44 (118,43) euros por mês. O valor médio de IMC foi 25,27 (5,54) kg/m2, verificando-se que 27,6% dos idosos estavam desnutridos; 26,0% encontravam-se em risco de desnutrição; 31,5% apresentavam-se bem nutridos e 15% eram obesos. De acordo com a classificação do MNA, 18% os idosos da amostra encontravam-se desnutridos, 67% encontravam-se em risco de desnutrição e 28,9% estavam bem nutridos. Os resultados obtidos a partir dos dados bioquímicos revelaram que os valores médios dos parâmetros analisados se encontravam todos dentro do intervalo de referência, contudo verificou-se que 39% dos indivíduos apresentavam valores de colesterol acima dos valores de referência e que para cerca de 30% dos indivíduos, os valores de hemoglobina e transferrina estavam abaixo dos valores de referência. O IMC correlacionou-se positivamente e de forma significativa com o MNA, o colesterol total, os triglicerídeos e a albumina. Estabeleceram-se correlações positivas e significativas entre o MNA e o colesterol total, a albumina, a hemoglobina e a transferrina. Em termos de ingestão alimentar e de forma absoluta, verificou-se que o valor calórico total (VCT) ingerido é ligeiramente inferior às recomendações (média total e médias por sexos), que a ingestão de fibra, ácidos gordos polinsaturados n-3 e n-6 é também inferior ao recomendado e que a ingestão de proteínas e hidratos de carbono é superior ao recomendado. Analisando a ingestão dos macronutrientes por percentagem do VCT verificou-se que todos os valores se encontravam dentro do recomendado à excepção: da proteína (acima do recomendado), da gordura monoinsaturada (inferior ao recomendado) e da gordura polinsaturada (ligeiramente superior às recomendações). Considerando os micronutrientes verificou-se os seguintes apresentavam valores inferiores ao recomendado: vitamina D, vitamina E, folato, cálcio, magnésio e sódio. Os idosos avaliados efectuavam em média de 4,7 (0,684) refeições por dia. Todos os parâmetros nutricionais principais (VCT, proteína total, gordura total, hidratos de carbono totais e colesterol) estão correlacionados entre si de forma positiva e significativa. O número de refeições estava correlacionado de forma negativa e significativa com o MNA. Os idosos apresentavam uma média de 3,87 ( 2,09) patologias, sendo as mais prevalentes: as doenças do aparelho circulatório, os transtornos mentais e comportamentais e as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo. O número médio de fármacos prescritos aos indivíduos analisados era de 3,92 ( 3,14) por dia. Em relação à saúde oral verificou-se que: 47,7% dos idosos desta amostra não possuíam um único dente, a média de número de dentes era de 4,67 ( 6,70) e apenas 24% dos idosos possuíam prótese dentária. Apenas 10,2% dos idosos referiram praticar algum tipo de actividade física. O VCT demonstrou estar correlacionado positiva e significativamente com: o IMC, o MNA, a albumina e a transferrina. A ingestão de proteínas totais correlacionou-se de forma positiva e significativa com o IMC e o MNA. A ingestão de gordura total estava correlacionada positiva e significativamente com: o IMC, o MNA, a albumina e a hemoglobina. O IMC, o MNA e a albumina demonstraram estar correlacionados de forma positiva e significativa com a ingestão de hidratos de carbono. O número de patologias correlacionou-se de forma positiva e significativa com o IMC e o número de medicamentos. A prática de actividade física apenas se correlaciona de forma positiva e significativa com o MNA. Não se verificaram correlações significativas do número de medicamentos, do número de dentes ou do rendimento com as seguintes variáveis: o IMC, o MNA e o VCT. Conclusão: Os idosos são um grupo etário com problemas de malnutrição. Na amostra analisada observou-se uma elevada prevalência de desnutrição e de risco de desnutrição. Por oposição detectou-se uma percentagem significativa de obesidade. O MNA demonstrou ser um bom método para a avaliação do estado nutricional. De uma forma geral não se encontram grandes problemas ao nível da ingestão alimentar deste grupo de indivíduos, contudo existem alguns problemas nutricionais como deficits de algumas vitaminas e minerais, que a ingestão de alguns alimentos (como: peixes gordos, cereais integrais, vegetais, leite e algumas gorduras) pode solucionar. Conseguiu-se demonstrar uma relação positiva entre a ingestão alimentar e o estado nutricional (IMC, MNA e albumina).
URI: https://hdl.handle.net/10316/18108
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:UC - Dissertações de Mestrado
FMUC Medicina - Teses de Mestrado

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