Enquadramento Teórico das Fases de Desenvolvimento do Jogo de Futebol: Proposta Metodológica para a Análise da Fase de Transição Ataque/Defesa

Abstract

A presente investigação consta de duas tarefas que se querem complementares. A primeira, pretende definir um modelo teórico sobre as transições na modalidade de futebol, baseado nas investigações e artigos da especialidade disponíveis na literatura. Como segunda tarefa procuramos entrevistar um treinador de méritos reconhecidos no campeonato nacional e elaborar uma grelha de observação que permita avaliar a qualidade das acções dos jogadores nas transições que ocorrem durante um jogo de futebol. Esta proposta decorre do facto de nos parecer, que aos dados recolhidos na literatura, faltar algo mais, i.e., a validação de um especialista e a elaboração de uma ferramenta que permita em estudos posteriores, “validar” ou não, as concepções formadas sobre uma temática ainda tão pouco abordada. O objectivo geral passa por tentar perceber qual a concepção existente, para especialistas que actuam no alto rendimento e na formação, relativamente à abordagem táctica as transições. No fundo procuramos na literatura disponível, descobrir quais os comportamentos indutores de sucesso nas transições de futebol. A esta pesquisa foram adicionados dados provenientes da entrevista a um treinador da Liga Profissional de Futebol que conta no seu currículo com uma vitória num troféu de âmbito nacional (1ª Taça da Liga Portuguesa de Futebol Profissional). Ao entrarmos no campo da análise de jogo, deparamo-nos com as dificuldades inerentes à tentativa de controlo das inúmeras variáveis que se conjugam em simultâneo. Este facto exige uma clara definição do que queremos observar e analisar. Na análise de jogo em geral e no futebol em particular, a fase das transições tem adquirido grande importância uma vez que estes, são reconhecidamente momentos muito importantes no jogo. Para diversos especialistas, existem 3 variáveis que concorrem para o sucesso das transições, a saber: o tempo, o espaço e a tarefa; a estes faltará, a nosso ver acrescentar a capacidade de prever, de antecipar o desequilíbrio que ocorre aquando da perda da bola. Esta opinião é igualmente corroborada pelo perito inquirido. Para dar resposta às conclusões da segunda tarefa deste trabalho, elaborámos uma proposta de instrumento de registo das fases das transições, considerando a operacionalização de algumas das variáveis supracitadas. Por último, tecemos algumas considerações finais resultantes das conclusões que fomos retirando ao longo do trabalho e apresentamos as razões que nos levaram a consolidar a matriz a partir da auscultação ao perito. Por outro lado referimos algumas limitações do estudo e apresentamos propostas para futuras investigações.