Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/116653
Title: Imaginários sociotécnicos sobre sementes crioulas no Brasil
Other Titles: Sociotechnical imaginary about creole seeds in Brazil
Authors: Silva, Ana Paula Moreira da
Orientador: Carvalho, António Manuel Simões Lopes Paiva de
Mendes, José Manuel Oliveira
Keywords: Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia; Guardião ou Guardiã de Sementes; Imaginários sociotécnicos; Produtividade; Semente crioulas; Creole seeds; Productivity; Seed guardian farmers; Social Studies of Science and Technology; Sociotechnical imaginary
Issue Date: 11-Sep-2024
Serial title, monograph or event: Imaginários sociotécnicos sobre sementes crioulas no Brasil
Place of publication or event: FEUC - Faculdade de Economia e Brasil
Abstract: Esse trabalho explora as ideias articuladas ao redor de uma tecnologia alternativa de sementes agrícolas, chamadas de crioulas. Apesar de tradicionalmente utilizadas por agricultores familiares, essas sementes foram institucionalizadas na esfera governamental apenas no início do século XXI como demanda articulada por organizações da sociedade civil interessadas na transição sociotécnica para uma agricultura alternativa. Na época, a conjuntura de abertura a reivindicações vindas da agricultura familiar, associada ao crescimento das preocupações ambientais e do pensamento agroecológico na América Latina, visibilizou a tecnologia, permitindo que fosse apropriada e difundida por stakeholders oriundos da ciência, do governo e sociedade civil. A capacidade de mobilizar arranjos visando moldar futuros desejáveis torna essas sementes, mesmo não sendo de uso majoritário, um interessante ponto de partida para entender quais são as ideias projetadas pelos coletivos que as mobilizam.Para realizar essa interpretação, esse trabalho mobiliza conceitos do campo dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia, principalmente o de imaginários sociotécnicos, concebido para auxiliar a compreensão das representações duráveis de vida futura coletiva planeadas e organizadas a partir da tecnologia. O presente trabalho mobiliza esse enquadramento para visualizar as imaginações que diferentes stakeholders articularam após a institucionalização das sementes crioulas em lei, e comparar diferenças entre elas. A abordagem empírica desenvolvida para realizá-lo consistiu em duas fontes de coleta de dados, uma documental e outra por entrevistas semiestruturadas, acompanhadas de três formas de análise. A primeira delas foi baseada na avaliação dos temas presentes em série temporal de documentos situados entre 2004 e 2019. Por meio dela foi possível identificar os temas que emergiram ou prescreveram no âmbito dos debates da sociedade civil, os momentos de conjuntura política que possibilitaram essa dinâmica e os direcionamentos que as temáticas tomaram. A segunda, teve enfoque em uma análise construtivista das categorias de semente crioula, guardião/guardiã e produtividade. A análise focou em mostrar como essas categorias foram produzidas pelos stakeholders e o aspecto político que representam. Esse trabalho interpreta a categoria de sementes crioulas como a articulação de diferentes trajetórias tecnológicas periféricas, argumenta que existiu uma conjuntura política em que emergiu a ideia de guardião e defende que há um consenso entre os stakeholders sobre o esvaziamento de valores não econômicos na noção de produtividade. A última forma de análise procurou descrever os imaginários sociotécnicos identificados na totalidade dos materiais empíricos.Ao todo, foram identificados quatro imaginários comuns, em maior ou menor grau, a todos entrevistados. Em dois deles, o de desenvolvimento econômico local e o de alimentação saudável, argumento que suas formulações são produto da influência dos pensamentos ambiental endógeno e exógeno. Nos dois restantes, o de epistemologias crioulas e o de solidariedade, apresento outras influências como a originada nas controvérsias sobre o melhoramento universal ou local e a proposta de construir um enfrentamento a partir das dinâmicas de trocas de sementes. Por fim, este trabalho amplia o entendimento dos significados associados a tecnologias alternativas, ilumina os debates e a conjuntura política que emergiram e apresenta os imaginários sociotécnicos como articuladores de perspectivas periféricas.
This work explores the ideas articulated around an alternative agricultural seed technology, called creole. Although traditionally used by family farmers, these seeds were institutionalized at the government level only at the beginning of the 21st century as a demand articulated by civil society organizations interested in the socio-technical transition to alternative agriculture. At the time, the situation of openness to demands coming from family farming, associated with the growth of environmental concerns and agroecological thinking in Latin America, turned the technology visible, allowing it to be appropriated and disseminated by stakeholders from science, government and civil society. The ability to mobilize arrangements to shape desirable futures makes these seeds, even though they are not used by the majority, an interesting starting point to understand the ideas projected by the collectives that mobilize them.To carry out this interpretation, this work mobilizes concepts from the field of Social Studies of Science and Technology, mainly that of sociotechnical imaginaries, designed to help the understanding of durable representations of collective future life whose planning and organization are based on technology. The present work uses this framework to visualize the imaginations that different stakeholders articulated after the institutionalization of creole seeds into law and compare differences between them. The empirical approach developed to carry it out consisted of two sources of data collection, one documentary and the other through semi-structured interviews, accompanied by three forms of analysis. The first of them was based on the evaluation of the themes present in a time series of documents located between 2004 and 2019. Through it, it was possible to identify the themes that emerged or prescribed within the scope of civil society debates, the moments of political situation that made this dynamic possible and the directions that the themes took. The second focused on a constructivist analysis of the categories of creole seed, seed guardian farmers and productivity. The analysis focused on showing how these categories were produced by stakeholders and the political aspect they represent. This work interprets the category of creole seeds as the articulation of different peripheral technological trajectories speculates about the existence of a political context in which the idea of seed guardian farmers emerged and argues that there is a consensus among stakeholders about the emptying of non-economic values in the notion of productivity. The last form of analysis attempts to describe the sociotechnical imaginaries identified in all empirical materials.In total, four common imaginaries were identified, to a greater or lesser extent, among all interviewees. In two of them, local economic development and healthy eating, I argue that their formulations are the product of the influence of endogenous and exogenous environmental thoughts. In the remaining two, that of creole epistemologies and that of solidarity, I assume other influences such as those originating in the controversies over universal or local improvement and the proposal to build a confrontation based on the dynamics of seed exchange. Finally, this work expands the understanding of the meanings associated with alternative technologies, illuminates the debates and political context that emerged and shows sociotechnical imaginaries as articulators of peripheral perspectives.
Description: Tese de Doutoramento em Governação, Conhecimento e Inovação apresentada à Faculdade de Economia
URI: https://hdl.handle.net/10316/116653
Rights: openAccess
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