Influência da Profilaxia de Pré-Exposição na incidência de Infeções Sexualmente Transmissíveis

Abstract

Introduction: Pre-Exposure Prophylaxis (PrEP) is a strategy for preventing HIV infection that involves the taking of antiretroviral medication by HIV-negative individuals who are at risk of contracting the virus. However, this prophylactic regimen does not provide protection against other Sexually Transmitted Infections. This study's main objective was to study the influence of taking PrEP on the number of STIs over time.Methods: Observational, retrospective cohort and single-center study that included individuals who had completed at least one year of follow-up in PrEP consultations and for whom there was complete data for the relevant variables accessible through consultation of the user's digital clinical record. Using SPSS version 29, descriptive statistics and inferential tests (comparison and regression) were carried out.Results: This study included 89 male individuals, with an average age of 36.1 (26.5-45.7) years. It was found that there was a statistically significant increase in the incidence of STIs before and after individuals started PrEP (p=.003). Between the first and second year of follow-up, there was no statistically significant difference, either in the number of individuals diagnosed with at least one STI, or in the incidence of STIs. Logistic regression relating to the periods before and after PrEP shows that the variation in the incidence of STIs is statistically significantly related to whether patients had STIs before starting PrEP (p=.019; odds ratio=0.354). Between the first and second year of PrEP, the incidence of STIs is statistically related to the fact that individuals engage in sexual practices with the use of psychoactive substances (p=.028; odds ratio=4.846).Discussion and Conclusion: This study contributes to the growing awareness that taking PrEP may be associated with an increase in the incidence of STIs due to users presenting a reduced perception of the risk of STIs and consequently engaging in more risky sexual behaviours, particularly the use of psychoactive substances. The type of intake regimen chosen by the patient and the length of follow-up in PrEP consultations are not associated with an increase in STIs. With the alarming increase in the incidence of STIs, new studies are essential to understand how health professionals can stop this increase.

Introdução: A Profilaxia de Pré-Exposição (PrEP), é uma estratégia de prevenção da infeção pelo VIH que envolve a toma de medicação antirretroviral por indivíduos seronegativos que se encontram em risco de contrair o vírus. No entanto, este regime profilático não confere proteção contra outras Infeções Sexualmente Transmissíveis. Este estudo tinha como objetivo principal estudar a influência da toma da PrEP no número de IST’s ao longo do tempo.Métodos: Estudo observacional, de coorte retrospetivo e unicêntrico no qual se incluíram indivíduos que tivessem completado pelo menos um ano de seguimento em consultas de PrEP e que para os quais existissem dados completos para as variáveis de relevo acessíveis através de consulta do processo clínico digital do utente. Com recurso ao SPSS versão 29, realizou-se a estatística descritiva e testes inferenciais (de comparação e regressão).Resultados: Neste estudo foram incluídos 89 indivíduos do sexo masculino, com uma média de idades de 36,1 (26,5-45,7) anos. Verificou-se que houve um aumento estatisticamente significativo na incidência de IST’s antes e depois dos indivíduos iniciarem a PrEP (p=,003). Já entre o primeiro e o segundo ano não se verificou diferença estatisticamente significativa, quer no número de indivíduos com o diagnóstico de pelo menos uma IST, quer na incidência de IST’s. A regressão logística relativa aos períodos antes e depois da PrEP mostra que a variação na incidência de IST’s se relaciona de forma estatisticamente significativa com o facto de os doentes terem tido IST’s antes de iniciarem PrEP (p=,019; odds ratio=0,354). Já entre o primeiro e segundo ano de PrEP a incidência de IST’s relaciona-se estatisticamente com o facto de os indivíduos aderirem a práticas sexuais com uso de substâncias psicoativas (p=,028; odds ratio=4,846).Discussão e Conclusão: Este estudo contribui para a crescente consciencialização que a toma de PrEP pode estar associada ao aumento da incidência de IST’s devido aos utentes apresentarem uma redução da perceção do risco de IST’s e consequentemente aderirem a mais comportamentos sexuais de risco, em particular o uso de substâncias psicoativas. O tipo de regime de toma escolhida pelo doente e o tempo de acompanhamento em consultas de PrEP não estão associadas a um aumento das IST’s. Com o alarmante aumento na incidência de IST’s, novos estudos são essenciais para perceber de que modo os profissionais de saúde podem travar este aumento.