Aplicação de intervenções não farmacológicas a recém nascidos pré termo em Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais e seu impacto no neurodesenvolvimento

Abstract

Over the past twenty years, Portugal has seen an increase in the number of births and survival of preterm newborns. However, researchers found that, during their first weeks of life, these newborn’s environmental exposure in Neonatal Intensive Care Units is characterized by a mismatch between sensory hyperstimulation and the preterm newborn’s systemic immaturity, as well as the absence of neuroprotective stimuli. Both these factors are thought to be associated with pathophysiological pathways, which explain the negative burden of prematurity on their neurodevelopment, with substantial and lasting impact on their motor, visuomotor coordination, attention, learning, language, or behaviour areas. Furthermore, they predispose, in childhood and adulthood, to psychiatric or neurological disorders.Developmental care implies intervention in seven nuclear areas - safeguarding sleep, positioning and handling, protecting skin, minimizing stress and pain, optimizing nutrition, healing environment, and partnering with families - inhibiting disruptive stimuli to preterm newborn’s standard neurological maturation, by mimicking intrauterine neuroprotective characteristics or favouring neurologically meaningful experiences, through early family contact.These findings demonstrate a link between the application of these types of non-pharmacological, safe and cost-effective approaches to preterm newborns and the reduction of their neurodevelopmental morbidity. Therefore, there should be an expansion of the utilization of these interventions within Portuguese neonatal intensive care units, alongside the retention of conventional care practices.

Ao longo dos últimos vinte anos, Portugal tem registado um aumento do número de nascimentos e da sobrevivência de recém nascidos pré termo.No entanto, pensa-se que o ambiente a que estes recém nascidos estão expostos nas primeiras semanas de vida, em Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais caracterizadas por uma hiperestimulação sensorial desajustada à sua imaturidade sistémica e ausência de estímulos neuroprotetores, se associa a mecanismos fisiopatológicos que explicam a carga negativa da prematuridade no seu neurodesenvolvimento, com impacto substancial e duradouro nas áreas da motricidade, integração visomotora, atenção, aprendizagem, fala ou comportamento. Estes fatores condicionam ainda maior predisposição, na infância e idade adulta, para patologia psiquiátrica ou neurológica. Os cuidados centrados no desenvolvimento assentam na intervenção ao nível de sete áreas basilares - promoção de sono reparador, posicionamento e manuseamento, cuidados dermatológicos, gestão da dor e stress, otimização nutricional, ambiente protetor e envolvimento da família - minimizando estímulos disruptores da normal maturação neurológica do recém nascido pré termo, pela mimetização de características neuroprotetoras intrauterinas ou favorecimento de experiências neurologicamente significativas, através do contacto familiar precoce.Os resultados apresentados demonstram uma associação entre a aplicação deste tipo de abordagens não farmacológicas, seguras e custo-efetivas, a recém nascidos pré termo, e a redução da morbilidade associada ao seu neurodesenvolvimento, pelo que se considera premente a expansão destas práticas nas unidades de cuidados intensivos neonatais portuguesas, em complementaridade aos cuidados convencionais previamente estabelecidos.