Infeção por Streptococcus do Grupo A após a pandemia de COVID-19

Abstract

Introduction: Group A Streptococcus (GAS) is a commonly detected pathogen in pediatric age, responsible for a wide variety of mostly benign infections such as streptococcal pharyngitis and scarlet fever. Less commonly, it can cause invasive disease, often severe and potentially fatal. Following the COVID-19 pandemic, several countries reported an increase in the incidence of invasive GAS disease (iGAS) and associated mortality. This study aims to evaluate the impact of the COVID-19 pandemic on non-invasive disease and iGAS.Methods: Observational, retrospective, analytical study, including all diagnoses of streptococcal pharyngitis and scarlet fever from January 2015 to June 2023, and all diagnoses of iGAS from January 2010 to June 2023, in a tertiary pediatric hospital.Results: Between 2015 and 2019, the average annual number of cases of streptococcal pharyngitis and scarlet fever was 534 and 446, respectively, during the pandemic (2020-2021), it decreased to 115 and 82, starting to increase throughout 2022 and reaching values up to 3 times higher than pre-pandemic ones in the first half of 2023. Regarding iGAS, there were 26 cases between 2010 and 2019, 1 in 2020/2021, 5 in 2022, and 9 in 2023. In the post-pandemic period (3,5-year period), there was an increased percentage of cases with recent chickenpox (4/15 vs 4/26), the hospitalization rate was similar, the length of hospital stay was slightly shorter (6 vs 8 days), there was less need for intensive care (2/15 vs 7/26), and fewer deaths were recorded (1/15 vs 2/26).Discussion: The epidemiological evolution of streptococcal pharyngitis, scarlet fever, and iGAS was similar to that reported in other European countries, with an increasing incidence in 2023 after the reduction of restrictions implemented during the COVID-19 pandemic, surpassing pre-pandemic usual values. Despite the small sample, no increased severity or mortality was confirmed.

Introdução: O Streptococcus do Grupo A (SGA) é um gérmen patogénico frequentemente detetado em idade pediátrica, sendo responsável por uma grande variedade de infeções, maioritariamente benignas, como a amigdalite estreptocócica (AE) e a escarlatina. Mais raramente, pode causar doença invasiva (DiSGA), frequentemente grave e potencialmente fatal. Após a pandemia COVID-19, vários países relataram um aumento da incidência de DiSGA e da mortalidade associada. Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto da pandemia COVID-19 na doença não invasiva e na DiSGA.Métodos: Estudo observacional, retrospetivo e analítico, que incluiu todos os diagnósticos de AE e escarlatina desde janeiro de 2015 até junho de 2023, e todos os diagnósticos de DiSGA desde janeiro de 2010 até junho de 2023, num hospital pediátrico terciário.Resultados: Entre 2015 e 2019, o número anual médio de casos de AE e escarlatina foi de 534 e 446, respetivamente; durante a pandemia (2020-2021) diminuiu para 115 e 82, começando a aumentar ao longo de 2022 e atingindo valores até 3 vezes superiores aos pré-pandémicos na primeira metade de 2023. Na DiSGA, registaram-se 26 casos entre 2010 e 2019, 1 em 2020/2021, 5 em 2022 e 9 em 2023. No período pós pandémico (período de 3,5 anos), aumentou a percentagem de casos com varicela recente (4/15 vs 4/26), a taxa de internamento foi semelhante, a duração de internamento foi um pouco menor (6 vs 8 dias), houve menos necessidade cuidados intensivos (2/15 vs 7/26) e registaram-se menos óbitos (1/15 vs 2/26). Discussão: A evolução epidemiológica da AE, da escarlatina e da DiSGA foi semelhante à reportada noutros países europeus, com uma incidência crescente em 2023 após a redução das restrições implementadas durante a pandemia de COVID-19, superando os valores habituais pré-pandemia. Apesar da amostra reduzida, não se confirmou maior gravidade nem aumento da mortalidade.