A Real Mesa Censória e o Colégio Real dos Nobres da Corte: revisão e censura de um projeto civil, literário e educativo

Abstract

A Real Mesa Censória passou a tutelar e a administrar o Colégio Real dos Nobres e todas as escolas menores do reino e domínios ultramarinos, em 1771. O Colégio Real dos Nobres, apesar das dificuldades que enfrentou no início da década de setenta, iniciou um vasto e ambicioso programa de formação de jovens nascidos na aristocracia e nas melhores famílias da capital. Os estatutos do colégio (1761) contemplavam a instalação de uma “livraria própria”. A acomodação da biblioteca, cujo espólio contava com livros de diversa proveniência, foi confiada a Nicolau Pagliarini. O modelo de ensino científico e experimental ensaiado no Colégio Real dos Nobres precedeu a reforma da Universidade de 1772 e a criação das Faculdades de Filosofia e Matemática. Sob a égide de Frei Manuel do Cenáculo, presidente da Real Mesa Censória, foram reformados três pilares organizativos do primitivo modelo colegial: a autonomia de gestão, o regime de clausura civil imposto a alunos, professores e a outros servidores e o alcance cultural e científico do currículo escolar oferecido pelo Colégio Real dos Nobres.

The Real Mesa Censória was in charge of administering the Royal College of Nobles and all the secondary schools of the kingdom and of the overseas domains, in the year of 1771. Despite the difficulties it faced in early seventies, the Royal College of Nobles launched a vast and ambitious program of training for young boys born in aristocracy and best families of the capital. The college’s statutes (1761) provided for the installation of a “library of its own”. The accommodation of the library, which had books of various origins, had been entrusted to Nicolau Pagliarini. The model of scientific and experimental teaching rehearsed the reform of the University of 1772 and the creation of the Faculties of Philosophy and Mathematics. Under the authority of Fr. Manuel do Cenáculo, president of the Real Mesa Censória, three organizational pillars of the early collegial model were reformed: the autonomy of management, the regime of civil enclosure imposed on students, teachers and other servants and the cultural and scientific scope of the school curriculum offered by the Royal College of Nobles.