As tecnologias de informação e comunicação na educação : diagnósticos, reflexões e uma experiência com o e-mail numa escola de 3º ciclo

Abstract

O presente trabalho é uma investigação – reflexão – acção que partiu dos dados de dois estudos de âmbito nacional sobre a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) por professores e alunos dos ensinos básico e secundário em Portugal. A análise desses dados aponta para sentimentos híbridos, entusiasmo e eficácia, por um lado, e por outro, constrangimentos e realização aquém do esperado na utilização das TIC, especialmente pelos professores portugueses. Tendo assim como ponto de partida um diagnóstico horizontal e generalista partimos para uma investigação vertical e local, que envolveu três turmas do 3º ciclo do ensino básico de uma escola do perímetro urbano de Coimbra. Foram experimentadas com alguma intensidade, durante dois anos, estratégias conducentes a uma maior utilização das TIC na comunidade escolar, particularmente com alunos, encarregados de educação e professores (em particular o Director de Turma). Do ponto de vista da tecnologia digital utilizada os desafios não foram muito sofisticados, pois usámos principalmente o e-mail, através de uma plataforma, disponível na Internet, de natureza fechada, mas configurada para o efeito. O Projecto tomou o nome de “E-mail na Comunidade Escolar”, EmailCE. Tentámos apurar os principais obstáculos, as vantagens e os problemas pedagógicos associados a uma utilização das TIC mais diversificada e intensa na turma e respectivo meio. O projecto não seguiu uma linha recta pois alguns imponderáveis e reacções específicas (ou falta de reacções…) dos agentes participantes levaram-nos a sucessivas modificações da estratégia de investigação-acção que começaram desde logo com o momento da realização do projecto e com a forma minimalista de participação dos professores, que se resumiu quase ao Director de Turma. Em pano de fundo, existiu a pretensão de desenhar estratégias incentivadoras de um uso efectivo e “afectivo” das tecnologias, capaz de promover recursos de inteligência emocional e práticas de “negociação”, na perspectiva de Thomas Gordon. A este nível verificaram-se muitas dificuldades. O sistema escola-professores-pais revelou-se difícil e algo reactivo à inovação, confirmando-se as ideias da complexidade deste tipo de processos. Em particular, revelou-se importante um pensamento sistémico, muito atento ao todo, mais do que às partes, como desenvolve Peter Senge, autor central na sustentação teórica deste trabalho. Os resultados foram minimamente encorajadores. Inovar, usando as modernas tecnologias, não é um processo simples, muito menos na educação. Revelou-se um exercício contínuo repleto de subjectividades individuais e sociais. A tecnologia pode ser elemento alavancador do progresso educativo, mas não é central, nem é o fulcro da reactividade do sistema. Talvez a variável tempo se tenha revelado uma das mais importantes, apontando para uma conclusão simultaneamente modesta e prospectiva: para inovar com as TIC de forma sustentada, na educação, será preciso ousadia, criatividade, insistência, novidade mas, talvez e principalmente, muita paciência!

This work is a research – reflection – starts in the data from two national studies on the use of Information and Communication Technologies (ICT) by teachers and students in basic and secondary schools in Portugal. The data analysis indicates on one hand enthusiastic and efficient feelings, but on the other hand constraints and execution below the expected level of ICT use, especially by Portuguese teachers. Having a horizontal and generalist diagnostic as a starting point we set out to a vertical and local research that involved three classes from the 3rd cycle of basic education in a school placed in the urban boundary of Coimbra. Strategies contributing to a greater use of ICT in the school community were intensively experimented, especially with students, parents and teachers (particularly the class tutor). From the point of view of the technology the challenges were not very sophisticated, as we have mainly used the e-mail, through a closed platform, available in the Internet, and appropriately configured. The project got the name “EmailCE” (EmailSC – Email on the School Community). We tried to find out what are the main obstacles, the advantages and the pedagogical problems associated to a more available, diversified and intense use of the ICT in the group as well as in its environment. The project was not straightforward as some unpredictable and specific reactions (or not reactions…) of the participant agents led us to consecutive changes in the research-action strategy that started immediately not only with the moment of project implementation but also with a more minimal teachers’ participation (almost only the class tutor). As a background, we intended to design stimulating strategies of an efficient and “affective” use of technologies, able to promote more emotional intelligence resources and “negotiating” practices, in Gordon’s perspective. At this level some difficulties were felt. The school – teachers – parents system was difficult and reactive to innovation, confirming the ideas of complexity of all these processes and, in particular, the importance of a systemic thought, very attentive to the whole rather than to the parts, as Peter Senge, an author whose ideas are central to this work, developed. Results were encouraging enough. Innovate using new technologies is not a simple process, especially in education. It was a continuous exercise full of individual and social subjectivities. Technology may be a lever element in educational progress, but it is not central, it is not the hinge of the system’s reactivity. Perhaps the time variable became the most important, pointing out to a conclusion simultaneously modest and prospective: it is necessary to be assertive, creative, persistent, but, most important of all, be very patient to innovate in educational ICT in a sustained way.

Ce travail est une recherche - réflexion - action qui a commencé à partir de deux études nationales sur l'utilisation des Technologies d'Information et Communication (TIC) par professeurs et étudiants, dans les écoles d’enseignement obligatoire et secondaires au Portugal. Les études indiquent d'une part des sentiments enthousiastes, mais, d'autre part, des contraintes et problèmes dans l'utilisation des TIC, particulièrement par les professeurs portugais. Ayant un diagnostic horizontal et généraliste comme point de départ nous avons visé à une recherche verticale et locale, qui a impliqué trois classes du 3ème cycle de l'éducation obligatoire d’une école de la frontière urbaine de Coimbra, Portugal. Des stratégies contribuant à une plus grande utilisation des TIC dans la communauté scolaire ont été intensivement expérimentées, particulièrement avec des étudiants, des parents et des professeurs (en particulier le professeur principal de la classe). Du point de vue de la technologie numérique les défis n'étaient pas très sophistiqués. Nous avons surtout employé le courrier électronique « E-mail », dans une plateforme fermée, disponible dans l'Internet, et convenablement configurée. Le projet a reçu le nom "EmailCE" (EmailCS - email dans la Communauté Scolaire). Nous avons essayé de découvrir les obstacles les plus importants, les avantages et les problèmes pédagogiques associés à une utilisation plus diversifiée et intense des TIC en classe aussi bien que dans son environnement. Le projet a dû savoir intégrer quelques réactions imprévisibles et spécifiques (ou absence de réactions...) des agents participants. Cela a entraîné des changements consécutifs de la stratégie de recherche-action, qui ont commencé non seulement par le moment de la mise en route du projet, mais également par une participation minimale des professeurs (presque seulement le professeur principal de la classe). Nous avons eu l'intention de concevoir des stratégies stimulantes d'une utilisation efficace et "affective" des technologies, capable de favoriser des ressources d'intelligence émotionnelle et des pratiques de « négociation », dans la perspective de Thomas Gordon. Beaucoup de difficultés ont surgi à ce niveau. Le système école - professeurs - parents s’est avéré difficile et réactif à l'innovation, réaffirmant la complexité de tous ces processus et, en particulier, l'importance d'une pensée systémique, très attentive au tout plutôt qu'aux pièces, point de vue proposé par Peter Senge, auteur fondamental à l’encadrement théorique de ce travail. Les résultats ont été minimement encourageants. Innover, utilisant les modernes technologies, n'est pas un processus simple, notamment dans le domaine de l'éducation, et il s'est révélé un exercice continu plein de subjectivités individuelles et sociales. La technologie peut déclencher le progrès éducatif, bien qu’elle ne soit ni son élément principal ni le point d'appui de la réactivité du système. La variable temps s’est révélé probablement l’une des plus importantes, indiquant une conclusion simultanément modeste et prospective : pour innover avec les TIC de forme soutenue, dans l'éducation, il faudra de l’audace, de la créativité, de l’insistance, de la nouveauté mais, peut-être et tout d’abord, de la patience!