DSpace Collection:https://hdl.handle.net/10316/200802024-03-28T15:48:14Z2024-03-28T15:48:14ZResting in peace or in pieces? Tomb I and death management in the 3rd millennium BC at the Perdigões Enclosure (Reguengos de Monsaraz, Portugal)Evangelista, Lucy Elizabeth Shawhttps://hdl.handle.net/10316/812042019-10-08T16:45:41Z2018-05-18T00:00:00ZTitle: Resting in peace or in pieces? Tomb I and death management in the 3rd millennium BC at the Perdigões Enclosure (Reguengos de Monsaraz, Portugal)
Authors: Evangelista, Lucy Elizabeth Shaw
Abstract: For this study, the human bone sample recovered from Tomb I was analysed from a bioarchaeological perspective with the aim of contributing towards a better understanding of the Late Neolithic/Chalcolithic individuals that used the Perdigões prehistoric enclosures (Reguengos de Monsaraz, Portugal) as a burial site, and their attitudes towards death.
To achieve this, four main research objectives were defined:
(I) the analysis of the human remains exhumed from Tomb I, in order to characterize demographic, morphologic and pathological aspects of the population(II) based on physical anthropological analysis and the archaeological register, identification of funerary rules and attitudes, relating them to mental constructions towards death through a study of: the conception and form of deposition of human remains; the organization of the internal space of the tomb; evidence of ritualization; signs of management of the funerary space (III) to understand how the specific mortuary practices identified in Tomb I fit into the global funerary practices already known for the rest of the important archaeological site of Perdigões (IV) Tomb I was also understood within the context the history of the use of other tholoi type structures in the territory that is now referred to as South Portugal.
Tomb I is a tholos type structure from Perdigões Archaeological Complex, dated from the first half of the 3rd millennium BC and excavated between 1997 and 2001.The sample was in poor state of conservation and highly fragmented, and skeletonized elements were found completely disarticulated. Anthropic and natural taphonomic alterations were limiting factors of the study.
A two-fold approach was applied to the study of the skeletal sample from this funerary structure. First, it was studied according to the archaeological phases defined after field work, which sought to understand possible differentiated uses of the tomb through time. The skeletal sample was then studied as a whole, regardless of phases of use. The data obtained through this latter anthropological study were utilized for the paleodemographic reconstruction and for the identification of potential patterns in mortuary practices and for further comparison of this monument with other funerary structures inside and outside Perdigões Archaeological Complex. Both approaches mirror the same reality: the collective, commingled use of this tomb for deposition of human remains from both sexes and individuals of all ages.
A total of 61926 bone fragments and 1579 teeth were studied. The paleodemographic approach estimated an MNI of 103 individuals for this structure: 55 adults and 48 non-adults (below 15 years of age at death). Results showed both sexes were represented, while non-metric trait data, highly limited by the conditions of the sample, delivered few results.
Calculus was identified on 20,6% of the analysed teeth (289/1399) and linear enamel hypoplasia on 10,4% (143/1369) of the tooth sample, making them the most frequently represented dental pathologies for permanent teeth. Average tooth wear in this sample was low: 1,9 (n=1428) very close to the level of wear obtained for deciduous dentition: 1,8 (n=84). Cariogenic lesions were found on only 0,5% of the 1406 permanent teeth analysed and antemortem tooth loss was identified in 5,3% (n=29/539) of the observable alveoli. Skeletal pathological changes related mostly to joint disease, found mainly on upper and lower limb bones and the spine. The presence of enthesopathies were most commonly found on the lower limb and foot bones. Some evidence other diseases, such as infectious, congenital, metabolic and traumatic conditions, was found, but in low frequencies. However, the rarity of some of these pathologies for prehistoric contexts must be highlighted, as the probable case of Hyperostosis Frontalis Interna identified on an individual from Phase 2C.
The analysis of the use of the chamber for funerary depositions throughout the different phases revealed that different physical areas were used for the depositions of human remains and artefacts. In terms of Funerary Anthropology, Tomb I constitutes a burial site where an obvious and intense manipulation of the skeletal remains took place. No anatomical connections were identified and evidence suggests the secondary use of this funerary structure, although the possible presence of primary depositions at some point of its life cannot be overruled.
Comparison with other tholos/tholoi type structures made it possible to record differences in demographic, morphological and pathological features between coeval populations.; Neste trabalho, os ossos humanos recuperados do Sepulcro I, foram analisados numa perspectiva bio-arqueológica com o objectivo de contribuir para uma melhor compreensão dos indivíduos do Neolítico Final / Calcolítico, que usaram o Complexo Arqueológico dos Perdigões (Reguengos de Monsaraz, Portugal) como local de enterramento e suas atitudes em relação à morte.
Para atingir este objectivo, 4 linhas de investigação foram definidas: (I) a análise dos restos humanos exumados do Sepulcro I, a fim de caracterizar os aspectos demográficos, morfológicos e patológicos dos indivíduos exumados (II) com base nos dados de antropológica biológica e do registo arqueológico, identificar regras e atitudes funerárias através de um estudo da concepção e forma de deposição de restos humanos, da organização do espaço interno do túmulo, das evidências de ritualização e dos sinais de gestão do próprio espaço funerário (III) compreender de que forma as práticas mortuárias específicas identificadas no Sepulcro I se encaixam nas práticas funerárias conhecidas para o sítio arqueológico dos Perdigões (IV) e compreender como o Sepulcro I se enquadra no contexto da utilização de outros monumentos funerários tipo-tholos conhecidos para o sul de Portugal.
O Sepulcro I é uma estrutura funerário tipo-tholos do Complexo Arqueológico de Perdigões, datada da primeira metade do 3º milénio AC e escavada entre 1997 e 2001. A amostra encontrava-se em mau estado de conservação e muito fragmentada, e os elementos esqueléticos foram encontrados completamente desarticulados. Alterações tafonómicas de origem antrópica e natural foram factores limitantes do estudo.
Foi aplicada uma dupla abordagem ao estudo da amostra esquelética da Perdigões. Primeiro, o monumento foi estudado de acordo com as fases arqueológicas definidas após o trabalho de campo, que procuravam compreender possíveis usos diferenciados do túmulo ao longo do tempo. A amostra esquelética foi depois estudada como um todo, independentemente das fases de uso. Os dados obtidos através desta última abordagem foram utilizados para o estudo subsequente. Este incluiu a caracterização antropológica e a identificação de potenciais padrões nas práticas mortuárias da amostra esquelética e para posterior comparação do Sepulcro I com outras estruturas funerárias dentro e fora do Complexo Arqueológico dos Perdigões. Ambas as abordagens refletem a mesma realidade: o uso coletivo deste túmulo para a deposição de restos humanos de indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades.
Um total de 61926 fragmentos de osso e 1579 dentes foram estudados para o Sepulcro I. A abordagem paleodemográfica estimou um NMI de 103 para esta estrutura: 55 adultos e 48 não adultos (menos de 15 anos de idade). Os resultados mostraram que ambos os sexos se encontravam representados. A análise dos dados paleomorfológicos, muito limitada pelas condições da amostra, apresentou poucos resultados.
As patologias orais mais frequentemente representadas para dentes permanentes são o tártaro, identificado em 20,6% dos dentes analisados (289/1399) e as hipoplasias do esmalte dentário, observadas em 10,4% (143/1369) da amostra dentária. O desgaste médio dos dentes era baixo: 1,9 (n=1428) muito próximo do nível de desgaste obtido para a dentição decidual: 1,8 (n = 84). As lesões cariogénicas foram identificadas em apenas em 0,5% dos 1406 dentes permanentes observados e a perda de dentes antemortem foi identificada em 5,3% (n = 29/539) dos alvéolos observáveis. Alterações patológicas do esqueleto estavam principalmente relacionadas com a doença articular, encontradas sobretudo nos ossos dos membros superiores e inferiores e na coluna vertebral. A presença de entesopatias foi mais comumente encontrada nos membros inferiores e nos ossos dos pés.
Foram identificadas algumas evidências de outras doenças infecciosas, congénitas, metabólicas e traumáticas, mas em baixas frequências. No entanto, a raridade de algumas destas patologias para contextos pré-históricos deve ser destacada, como o provável caso de Hiperostosis Frontalis Interna identificado num indivíduo da Fase 2C.
A análise do uso da câmara para deposições funerárias ao longo das diferentes fases revelou que diferentes áreas físicas foram usadas para deposições de restos humanos e artefactos. Em termos de Antropologia Funerária, o Sepulcro I constitui-se como um local de enterramento onde ocorreu uma intensa manipulação dos restos humanos. Não foram identificadas conexões anatómicas e as evidências sugerem o uso secundário desta estrutura funerária, embora a possível presença de deposições primárias, em alguma fase da sua utilização, não possa ser rejeitada.
A comparação com outras estruturas do tipo tholos permitiu registar diferenças demográficas, morfológicas e patológicas entre populações contemporâneas e esclarecer a presença potencial de rituais funerários diferenciados ocorrendo ao mesmo tempo em diferentes regiões.
Description: Thesis presented to the Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra in order to obtain the
degree of Doctor In Biological Anthropology2018-05-18T00:00:00ZO diagnóstico retrospectivo da lepra: complementaridade clínica e paleopatológica no arquivo médico do Hospital-Colónia Rovisco Pais (século XX, Tocha, Portugal) e na colecção de esqueletos da leprosaria medieval de St. Jorgen's (Odense, Dinamarca)Matos, Vítor Miguel Jacinto dehttps://hdl.handle.net/10316/200782020-05-25T11:44:53Z2010-03-22T00:00:00ZTitle: O diagnóstico retrospectivo da lepra: complementaridade clínica e paleopatológica no arquivo médico do Hospital-Colónia Rovisco Pais (século XX, Tocha, Portugal) e na colecção de esqueletos da leprosaria medieval de St. Jorgen's (Odense, Dinamarca)
Authors: Matos, Vítor Miguel Jacinto de
Abstract: Uma das lacunas relativamente ao passado da lepra reside na escassez de casos paleopatológicos, incongruente com a abundância de registos históricos que revelam que esta doença era comum, sobretudo durante o período medieval. O objectivo central da investigação efectuada visou contribuir para o debate em torno do diagnóstico retrospectivo da lepra, recorrendo ao cruzamento de dados clínicos e paleopatológicos. Para o efeito, constituíram-se duas amostras: (a) 300 processos clínicos, 150 de cada um dos tipos de lepra – lepromatosa (LL) e tuberculóide (LT) – e 150 de cada sexo, do arquivo médico do Hospital-Colónia Rovisco Pais (HCRP), Tocha, Portugal, que representam doentes rastreados entre 1947 e 1985 com idades entre os 4 e os 93 anos; (b) 191 esqueletos, 148 adultos e 43 não-adultos, de ambos os sexos, pertencentes ao acervo exumado do cemitério da leprosaria medieval (séculos XIII-XVI/XVII) de St. Jørgen’s de Odense, Dinamarca, que foram observados macroscopicamente. As lesões ósseas manifestaram-se em 13,0% (39/300) dos doentes do HCRP, e distribuíram-se do seguinte modo: destruições nasais em 1,7% (5/295) dos casos e mutilações ósseas nas mãos em 10,4% (31/299) e nos pés em 3,4% (10/296). A maioria dos doentes com alterações ósseas eram do tipo tuberculóide (84,6% [33/39]). Estes apresentaram, ainda, um risco 6,8 vezes superior de desenvolver danos esqueléticos relativamente aos lepromatosos. Na amostra de Odense aferiu-se uma prevalência mínima de casos de lepra em 32,5% (62/191) dos esqueletos, quando se combinaram as propostas de Andersen e Manchester (1992) e Ortner (2003), e máxima em 42,9% (82/191), adicionando a estes critérios os enunciados por Møller-Christensen (1967). As alterações rinomaxilares afectavam 72,8% (139/191) dos esqueletos, e as lesões destrutivas apendiculares compatíveis com uma etiologia leprosa – a remodelação destrutiva e a acroosteólise – observaram-se em 6,9% (11/159) dos indivíduos no caso dos ossos das mãos e em 26,1% (35/134) no dos pés. A distribuição das lesões dermatológicas na cabeça dos doentes do HCRP suscitou a pesquisa de lesões no frontal, malar e maxilar que pudessem ter resultado da estreita relação anatómica entre a pele lesada e infectada e as faces cutâneas daqueles ossos. As prevalências aduzidas foram: 14,5% (frontal), 0,6% (maxilar) e 3,8% (malar). Espera-se que estas lesões sejam alvo de futuros estudos que esclareçam o seu papel no diagnóstico da lepra. A comparação do padrão de distribuição das lesões ósseas nas duas amostras demonstrou a viabilidade da distinção entre a LT e a LL com base no esqueleto. A possibilidade de um diagnóstico de LT deverá ser considerada nas seguintes circunstâncias: um esqueleto adulto, sem alterações rinomaxilares e com presença de acroosteólise e remodelação destrutiva nos ossos das mão e/ou dos pés. Nos casos em que estas últimas se apresentem em concomitância com as lesões rinomaxilares – e após considerado o diagnóstico diferencial destas – deverá ser analisada a hipótese de se tratarem de casos com LL, independentemente de se tratar de adultos ou não-adultos. A possibilidade de detectar casos de LT em contextos arqueológicos traz novos desafios à paleopatologia e à futura compreensão do passado da lepra.; According to historical sources, leprosy was a common and widespread disease during medieval times, nevertheless the palaeopathological testimonies are not acquiescent with the historical depiction, since there is a notorious scarcity of human skeletal remains with evidences of this socially stigmatized and dreadful infectious disease. The present research aimed to contribute with new insights to the debate gravitating around the retrospective diagnosis of leprosy, through the correlation of both clinical and paleopathological data. In order to accomplish this purpose, two samples were analyzed: (a) 300 clinical files, 150 from each type of leprosy – lepromatous (LL) and tuberculoid (TT) – and 150 from each sex, collected from the medical archives of the Hospital-Colónia Rovisco Pais (HCRP), Tocha, Portugal, from leprosy patients screened between the years of 1947 and 1985, and presenting an age range from 4 to 93 years old; (b) 191 skeletons, 148 adults and 43 non adults, from both sexes, that were exhumed from the medieval leprosarium (13th-16th /17th centuries) of St. Jørgen’s, Odense, Denmark, were macroscopically evaluated. The main results depicted from the investigation performed on the HCRP archives, revealed osseous lesions in 13,0% (39/300) of the patients, distributed as follows: nasal destruction in 1,7% (5/295) of the cases and bone destruction of hand and feet, 10,4% (31/299) and 3,4% (10/296), respectively. The majority of individuals affected by bone alterations were diagnosed with tuberculoid leprosy (84,6% [33/39]), and their risk of developing skeletal changes was found to be 6,8 higher when compared to lepromatous patients. The anthropological survey of the human remains from the Odense sample, pointed out to a 32,5% (62/191) minimum prevalence of leprosy, when considered the criteria of Andersen and Manchester (1992) and Ortner (2003), and a maximum prevalence of 42,9% (82/191) was attained when the criteria proposed by Møller-Christensen (1967) were added to the formers. The rhinomaxillary bony changes were found in 72,8% (139/191) of the skeletons. The appendicular destructive lesions compatible with leprosy - destructive remodelling and acroosteolysis – were noticed in the hand bones of 6,9% (11/159) of the individuals, whereas a higher percentage (26,1% [35/134]) exhibited feet lesions. The dermatological manifestations on the head from the HCRP patients, compelled to a deeper scrutiny of the frontal, malar and maxillary bone sequels, supposedly existent due to the close anatomical connection between the altered and infected skin and the bone surfaces. The reported prevalences were: 14,5% (frontal), 0,6% (maxillar) e 3,8% (malar). Future researches on these lesions are suggested in order to clarify their possible role on the diagnosis of leprosy in past populations. The comparison between the patterns of lesions distribution on both samples demonstrated the viability of distinguishing LL from TT in human skeletal remains. A TT diagnosis should be considered when in the presence of an adult skeleton without rhinomaxillary lesions, and presence of acroosteolysis and destructive remodeling of hand and/or feet bones. When these lesions at the extremities are found to be present with rhinomaxillary changes then a possible diagnosis of LL should be investigated. The possibility of identification of TT on the archaeological record brings new challenges to palaeopathology as well as to an enhanced understanding of leprosy in the past.
Description: Tese de Doutoramento em Antropologia, especialidade de Antropologia Biológica, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra2010-03-22T00:00:00ZViver a morte em Portugal : o potencial informativo dos relatórios antropológicos de campo (1994-2007)Cruz, Cristina Barroso Silva dahttps://hdl.handle.net/10316/184902021-07-26T11:30:59Z2011-01-01T00:00:00ZTitle: Viver a morte em Portugal : o potencial informativo dos relatórios antropológicos de campo (1994-2007)
Authors: Cruz, Cristina Barroso Silva da
Abstract: Conhecer o passado e o modo de vida das populações pretéritas constitui uma empresa demasiado grandiosa para poder ser alcançada sem o recurso a diferentes estratégias teóricas e metodológicas. Partindo do enquadramento oferecido pela perspectiva interdisciplinar da Bioarqueologia e da abordagem abrangente ao trabalho de campo, proposto pela Antropologia de terreno, será possível maximizar o potencial
informativo associados aos remanescentes humanos. A contribuição dada por estes
vestígios para o conhecimento das Antropologia das populações do passado é fundamental, tornando-se por isso relevante avaliar o tipo e qualidade de informação que resulta destas intervenções antropo-arqueológicas. Nesse sentido foram analisados os registos de 464 indivíduos, encontrados em inumação primária, a partir dos dados contidos num conjunto relatórios antropológicos de campo produzidos entre 1994 e
2007, em depósito no Laboratório de Paleodemografia e Paleopatologia do
Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra. A partir dos registos
eleitos foram recolhidos os dados referentes aos aspectos relacionados com o estado de
conservação, a Antropologia funerária, paleodemografia e paleopatologia para os
indivíduos arrolados nestes registos. A recolha de dados foi norteada por um sistema de
classificação criado de modo a representar de forma clara os conteúdos relatados. Os
resultados indicam que apesar de haver alguma consistência no registo no que diz respeito ao enquadramento geográfico, paleodemografia e conservação, este padrão altera-se quando são tidos em consideração os elementos referentes à tafonomia, Antropologia funerária e a caracterização específica das variáveis paleopatológicas. Os resultados revelaram ainda uma assimetria a favor dos indivíduos adultos e do sexo masculino. Ao nível cultural existe uma forte prevalência das práticas funerárias de índole
cristã. As evidências paleopatológicas mais referidas para os sujeitos com boa conservação são de carácter degenerativo articular e não articular. Pretende-se com este trabalho dar a conhecer a realidade pretérita que se encontra contida nos vestígios osteológicos do passado e, com base na análise crítica à informação recolhida, propôr uma abordagem sistemática à recolha de dados em campo que se deverá estender aos relatórios antropológicos de campo.; Supported by the bioarchaeological theoretical approach and field anthropology
(Anthropologie de terrain) methodology, it is possible to take full advantage of the
information held in funerary contexts and archaeological human remains.
Anthropological field reports contain unique information regarding past behaviours and
in that sense they represent important scientific tools. Information regarding 464
individuals found in primary inhumation were analysed, from anthropological field
reports produced from 1994 to 2007 archived at the Paleodemography and
Paleopathology Laboratory (Life Sciences Department; University of Coimbra). A
register system was created to gather the information contained in the analysed
documents, regarding conservation status, funerary anthropology, paleodemography and
paleopathology. Results showed that, although geographic, paleodemographic and
conservation data were consistently reported, evidences concerning taphonomy, funerary
anthroplogy and paleopathology were not as frequent. The sample analysed consisted
mainly of adult males, and showed cultural evidences of Christian funerary practices.
Pathological evidences from well preserved subjects were mainly found in the joints and
entheses. With this work, we aim to uncover some of the biological and cultural aspects
of the past. In addition, through the evidences analysed, we further propose a sistematic
method to gather field data and to report such information, with the ultimate goal of producing robust and consistent scientific documents.
Description: Tese de doutoramento em Antropologia Biológica, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra2011-01-01T00:00:00ZCremains. The Value of Qantitative Analysis for the Bioanthropological Research of Burned Human Skeletal RemainsGonçalves, David Miguel da Silveirahttps://hdl.handle.net/10316/182132021-11-04T10:00:25Z2012-01-24T00:00:00ZTitle: Cremains. The Value of Qantitative Analysis for the Bioanthropological Research of Burned Human Skeletal Remains
Authors: Gonçalves, David Miguel da Silveira
Abstract: The analysis of burned bone stumbles on the problems raised by the heatinduced changes that seriously interfere with the methods adopted by biological
anthropologists. These changes especially affect the structure of bone leading to fragmentation, dimensional modification, warping and fracturing. As a result, quantitative analysis based on measurements and weighing are usually overlooked due to uncertainties regarding their ability to correctly process burned skeletal remains.
Although some pioneering research on this issue has been carried out in the Past,
this remained sporadic and with little application from bioanthropologists. In addition, a
significant part of that research was either developed on rather small samples of human
bones or on samples of faunal bones. Also, some other investigation was carried out by
extrapolating from the results obtained on unburned skeletons, which is an inadequate
indirect approach. The present research tackled these problems by analysing present-day
cremations on a modern crematorium in order to investigate three distinct issues. The
first one regarded the relevance of heat-induced warping and thumbnail fracturing for
the determination of the pre-cremation condition of the human remains. Secondly, the
implication of heat-related dimensional change on sexual dimorphism and consequent
sex determination from calcined bones was addressed. Finally, the value of postcremation
skeletal weights for bioarchaeological interpretation of funerary contexts was
also investigated. This was done by examining human skeletons both prior and after
cremation on two different cremation samples: one composed of recently dead cadavers
submitted to cremation; and another one composed of dry skeletons recently exhumed.
The research demonstrated that, although heat-induced warping and thumbnail
fracturing is much more typical of cremations on fleshed cadavers, these features are
also present on the burned remains of defleshed skeletons. Therefore, the occurrence of
these features is probably related to the preservation of collagen-apatite bonds which
play an important role on the mechanical strength of bone. As for sexual dimorphism,
the results revealed that it is not significantly affected by heat and that such differences
between females and males can be useful to classify unknown individuals according to
sex based on the univariate metric analysis of calcined bones. Therefore, sex
determination of this kind of material needs not to rely exclusively on the examination
of morphological traits which requires a multivariate approach. At last, logistic
regression coefficients that are able to estimate the expected proportion of the specific skeletal regions present on funerary assemblages were developed. This was carried out
in order to assist on the interpretation of the course of action adopted during the
recovery of the skeletal remains from the pyre and their consequent deposition in the
grave. Such method was proven to be more dependable than previous ones based on
weight references from unburned skeletons.
This research demonstrated that, although heat-induced bone changes can indeed
be very extensive, their analytical potential is not completely wiped out. Nonetheless,
such analysis needs to be based on references that are specific to burned bone to allow
for reliable insights. As a result, additional research is needed to better equip bioanthropologists with new analytical techniques more suitable for the investigation of burned human skeletal remains.; A análise de ossos queimados é seriamente dificultada pelas alterações térmicoinduzidas
que interferem com a fiabilidade das metodologias adoptadas pelos
antropólogos biológicos. Essas alterações afectam particularmente a estrutura do osso
resultando em fragmentação, modificações ao nível das suas dimensões, deformação e
fractura. Por essa razão, a sua análise quantitativa baseada em medições métricas e
pesagens não é prática corrente porque subsistem dúvidas relacionadas com a
fiabilidade desta abordagem.
Apesar de alguns trabalhos pioneiros, a investigação nesta área permaneceu
esporádica e com reduzida expressão ao nível da sua aplicação por parte dos
bioantropólogos. Além disso, uma parte significativa dessa investigação foi
desenvolvida a partir de amostras pequenas de ossos humanos ou a partir de restos
faunísticos. Outro tipo de abordagem baseou-se na extrapolação dos resultados obtidos
a partir de ossos não queimados para ossos queimados. Este é um procedimento
indirecto e inadequado. Esta investigação procurou fazer face a estes problemas a partir
da análise de cremações contemporâneas com o objectivo de estudar três questões
distintas. A primeira delas estava relacionada com a utilidade da deformação e das
fracturas thumbnail térmico-induzidas para a determinação da condição pré-cremação
de restos humanos. A segunda questão dizia respeito às implicações das alterações
térmico-induzidas relativas à dimensão do osso no dimorfismo sexual e subsequente
determinação do sexo em restos humanos calcinados. Finalmente, foi também abordado
o valor do peso do esqueleto após a cremação para a interpretação bioarqueológica de
contextos funerários. O estudo baseou-se na análise pré- e pós-cremação de duas
amostras de esqueletos distintas: uma composta por cremações de cadáveres
recentemente falecidos e outra composta por cremações de esqueletos previamente
inumados.
Apesar da ocorrência da deformação e das fracturas thumbnail térmico-induzidas
serem consideravelmente mais frequentes em cremações de cadáveres com tecidos
moles, este evento está também presente nos restos cremados de esqueletos sem tecidos
moles. Assim sendo, a sua ocorrência está provavelmente relacionada com a
preservação das ligações entre o colagénio e a apatite que assumem um importante
papel na força e resistência mecânicas do osso. Em relação ao dimorfismo sexual, os
resultados revelaram que este não é significativamente afectado por elevadas temperaturas e que as diferenças métricas entre mulheres e homens podem ser úteis para
a classificação sexual de indivíduos desconhecidos a partir da análise univariada dos
seus restos ósseos calcinados. Com efeito, a determinação do sexo deste tipo de material
não precisa de basear-se exclusivamente no exame multivariado de traços morfológicos.
Finalmente, coeficientes de regressão logística foram desenvolvidos de forma a
estimarem as proporções esperadas das regiões anatómicas do esqueleto em conjuntos
funerários. Estas ferramentas permitem ajudar o bioantropólogo a reconstituir o gesto
funerário relacionado com a recolha dos ossos da pira e sua subsequente deposição na sepultura. Foi demonstrada a maior fiabilidade desta técnica em relação a outras previamente adoptadas em estudos bioarqueológicos e baseadas em referências de peso
desenvolvidas a partir de esqueletos não queimados.
A investigação demonstrou que, embora as alterações térmico-induzidas no osso possam ser vastas, o potencial de análise associado a este material não é completamente eliminado. No entanto, tal análise deve ter como suporte referências que sejam específicas a ossos queimados de forma a permitir inferências fiáveis. Assim sendo, é necessária investigação adicional de forma a dotar os bioantropólogos de novas técnicas de análise mais adaptadas ao estudo de restos ósseos humanos queimados.
Description: Tese de doutoramento em Antropologia, na especialidade de Antropologia Biológica, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra2012-01-24T00:00:00Z